Revista Keyboard Brasil, edição 30 - Janeiro de 2016 -
Sintetizadores nas Nuvens do Japão com ISAO TOMITA
PREMIADO TECLADISTA JAPONÊS NASCIDO EM TÓQUIO ISAO TOMITA, 83 ANOS, É CONSIDERADO UM DOS PIONEIROS DA MÚSICA ELETRÔNICA.
* Por Amyr Cantusio Jr.
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https://www.youtube.com/user/legatus1000
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Isao Tomita
nasceu em Tóquio, capital do Japão, em 1932. Teve aulas particulares de
composição, orquestração e teoria ao mesmo tempo que compunha para orquestras
locais. Ao se formar, em 1955, embarcou em uma carreira como compositor para
cinema, televisão e teatro. Um de seus primeiros trabalhos, “Wind Mills” foi
aceito pela Japan Federation of Choral Organizations como a canção a ser
utilizada para todos os participantes na competição nacional de coral, além de
escrever a música tema para a equipe de ginástica olímpica japonesa em 1956,
para os Jogos Olímpicos de Melbourne, na Austrália. Ao longo dos quinze anos
seguintes, Tomita consolidou sua reputação no Japão realizando trabalhos para a
NHK, rede nacional de televisão
japonesa, se interessou por sintetizadores e construiu seu estúdio caseiro.
Tornou-se conhecido internacionalmente e até hoje mantém-se na ativa.
A descoberta dos
sintetizadores....
Isao
Tomita viu um sintetizador pela primeira vez na contra-capa de um disco sobre
Bach. Dessa maneira, descobriu que o sintetizador era um instrumento musical, e
não só uma máquina obscura usada por professores em laboratórios para criar
aqueles sons robóticos esquisitos. O ano
era 1977 e Tomita ficou impressionado após ouvir Wendy Carlos e seu seminal Switched
on Bach, registro este que trouxe a sensibilização do público para o
sintetizador no ano de 1968. Wendy Carlos pegou um sintetizador Moog, um instrumento
desconhecido até então, e reconstruiu eletronicamente os seis “Concertos de
Brandenburgo” de Johann Sebastian Bach. Ou seja, Wendy construiu sons líricos
que antes ninguém imaginaria que poderiam sair de um sintetizador digital. Como
resultado, Switched on Bach se transformou no primeiro álbum clássico a ganhar
um disco de platina, tornando-se um dos clássicos “eletrônicos” mais influentes
de todos os tempos, quebrando as fronteiras entre música clássica e a feita com
sintetizadores. A obra ganhou três Grammys e sentindo-se claramente
impressionado com os detalhes e musicalidade daquele virtuoso instrumento, Tomita converteu-se
definitivamente à música eletrônica, deu início à construção de seu estúdio
caseiro e adquiriu um Moog III.
“Wendy Carlos construiu sons líricos que antes
ninguém imaginaria que poderiam sair de um sintetizador digital com o álbum Switched on Bach”, disse Robert Moog em
uma entrevista no ano de 1985.
Seu
primeiro álbum eletrônico foi Switched on Rock (Electric Samurai),
lançado no Japão em 1972 e, nos Estados Unidos, em 1974. O álbum teve
destaque nos sons eletrônicos contemporâneos do rock e pop ,
enquanto utilizou a síntese de voz (voz
criada no sintetizador) em vez de uma voz humana. O músico passou a organizar
peças impressionistas e de Claude Debussy para sintetizador e, em 1974, o álbum
Snowflakes Are Dancing foi lançado; tornando-se um sucesso mundial,
sendo responsável por popularizar vários aspectos da programação do
instrumento. O conteúdo do álbum incluía
ambiente, simulações realistas de cordas; uma tentativa antecipada para
sintetizar o som de uma orquestra sinfônica; assobios, e abstratos, bem como
uma série de efeitos de processamento, incluindo reverberação, mudança de fase,
flanging e modulação em anel. Versões quadrafônicas do álbum
proporcionaram um efeito de áudio
espacial usando quatro alto-falantes.
Uma particularmente significativa conquista foi sua versão polifônica de
som, criada antes da era de sintetizadores polifônicos. Tomita criou a polifonia do álbum (como Wendy Carlos tinha
feito anteriormente) com o uso de gravação multitrack, registrando cada voz de
um pedaço de cada vez, em uma faixa de fita separada, e, em seguida, misturou o
resultado para estéreo ou quadrafônico. Demorou 14 meses para essa
produção. Com o LP Snowflakes are Dancing, Tomita recebeu o prêmio da National
Association of Record Merchandisers (NARM) como melhor gravação de música
clássica do ano.
Em
seus primeiros álbuns, Tomita também fez uso efetivo de sequenciadores analógicos de música, que usou
para repetidas experiências de campo, filtros ou efeitos alterados,
moduladores de sons , apitos humanos,
etc... copiados nos presets de instrumentos eletrônicos posteriores. Sua versão de “Arabesque nº. 1” foi usada
mais tarde como tema para a série de televisão Jack Horkheimer: Star Gazer (originalmente intitulado
Estrela Hustler) visto na maioria das estações radio-astronômicas; no Japão,
foram usadas partes de sua versão de “Rêverie” para a abertura e fechamento das
transmissões da Fuji TV; na Espanha, “Arabesque nº 1” foi também
utilizada para TV na introdução do infantil
Planeta Imaginário.
Após
o sucesso do LP Snowflakes Are Dancing, Tomita lançou uma série de álbuns
“classicamente” temáticos, incluindo arranjos de Igor Stravinsky em The Firebird, Modest Mussorgsky em Quadros de uma Exposição, e Gustav Holst
em The Planets. Neste último,
introduziu uma ficção científica no
“tema do espaço” causando polêmica em
seu lançamento com o fato de Imogen Holst, filha de Gustav Holst, recusar a
permissão para o trabalho de seu pai ser interpretado dessa maneira. Com isso,
o álbum foi retirado de circulação e é, por conseguinte, raro em sua forma
original do vinil.
Enquanto
trabalhava em seus álbuns de sintetizadores clássicos, Tomita também compôs
numerosas partituras para a televisão japonesa e filmes, incluindo séries de
televisão. As performances e
misturas com sintetizador de
pop-rock e instrumentos de orquestra foram largamente utilizadas.
Da esquerda para a direita: O maestro Sachio Fujioka, o compositor
contemporâneo de música clássica Takashi Yoshimatsu, Isao Tomita
e Keith Emerson.
As
produções de Tomita na década de 1970 envolvem muitas tarefas de criação e
transformação do som. As partituras dos grandes compositores foram analisadas e
as possibilidades de utilização dos sintetizadores para a criação das versões
eletrônicas foram cuidadosamente estudadas. O músico adaptou partituras
orquestrais para o sintetizador e desenvolveu técnicas de obtenção de sons
eletrônicos para serem empregados no lugar dos sons dos instrumentos acústicos.
O
álbum Daphnis et Chloé – The Ravel Album
(1979), também lançado com o título de Bolero, é o preferido de Tomita e, sem
dúvida, um de seus trabalhos mais expressivos. Uma versão eletrônica magnífica
para a obra de Ravel demonstrando toda a genialidade do músico. Em Bermuda Triangle, também indicado ao
Grammy de 1979, Tomita realizou versões para obras de Prokofiev, John Willians
e Ravel.
Tomita
tem apresentado concertos denominados
“Nuvens Sonoras“ com um sistema de alto-falantes em torno do público
para projetar os sons eletrônicos de diferentes pontos. Um grande concerto foi
realizado em 1984 no festival anual de música contemporânea Ars Electronica, em Linz, Áustria. O
músico executou suas gravações numa pirâmide de vidro suspensa sobre uma
audiência de oitenta mil pessoas.
Meu
álbum predileto é Pictures at an
Exhibition (M. Mussorgsky)
(executado aqui por Tomita com uma preciosidade incrível e variada de
sintetizadores)! Imperdível obra de requinte. Porém, recomendo toda sua obra!!
Obras...
Albums
de estúdio
• Switched on Rock (as Electric Samurai,
1972)
• Snowflakes Are Dancing (1974)
• Pictures at an Exhibition (1975)
• Firebird (1976)
• The Planets (1976)
• The Bermuda Triangle (1978)
• Kosmos (1978)
• Daphnis et Chloé (1979)
• Bolero (1980)
• Grand Canyon (1982)
• Dawn Chorus (1984)
• Space Walk - Impressions of an Astronaut
(1984)
• Misty Kid of Wind (1989)
• Storm from the East (1992)
• Shin Nihon Kikou (1994)
• Nasca Fantasy (supporting Kodo, 1994)
• Bach Fantasy (1996)
• 21 seiki e no densetsushi Shigeo
Nagashima (2000)
• The Planets 2003 (2003)
• Planet Zero (2011)
• Symphony Ihatov (2013)
• Space Fantasy (2015)
Albums
ao vivo
• The Mind of the Universe - Live at Linz
(1985)
• Back to the Earth - Live in New York
(1988)
• Hansel und Gretel (live VHS, LD, 1993)
• The Tale of Genji (1999)
Albums
coletâneas
• Sound Creature (1977)
• Greatest Hits (1979)
• A Voyage Through His Greatest Hits,
Vol. 2 (1981)
• Best of Tomita (1984)
• Tomita on NHK (2003)
Trilhas
sonoras
• Jungle Emperor Symphonic Poem (1966)
• Prophecies of Nostradamus (1974)
• School (1993)
• First Emperor (as musical supervisor,
1994)
• Gakko II (1996)
• Jungle Emperor Leo (1997)
• Sennen no Koi Story of Genji (2001)
• Tokyo Disney Sea Aquasphere Theme Music
(2002)
• The Twilight Samurai (2002)
• The Hidden Blade (2004)
• Black Jack: The Two Doctors of Darkness
(2005)
• Love and Honor (2006)
• Kabei: Our Mother (2008)
________________________
*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
Amyr Cantusio Jr.
Show de Bola, vcs estão cada vez melhores parabéns a toda Equipe Da Revista Keyboard Brasil e em especial a minha esposa, e companheira Heloísa.
ResponderExcluirMaestro Marcelo Fagundes