sexta-feira, 28 de abril de 2017

PIANISTA SUÍÇA LUÍSA SPLETT E A TURNÊ PELO BRASIL

TALENTO DA MÚSICA ERUDITA INTERNACIONAL, LUÍSA SPLETT APRESENTOU UMA SÉRIE DE RECITAIS EM QUATRO CAPITAIS BRASILEIRAS.

*Texto: Virtuosi Produções
* Entrevista: Heloísa Godoy Fagundes


Recentemente, o Brasil recebeu um dos grandes talentos do piano internacional, a suíça Luísa Splett. A pianista se apresentou em turnê por Porto Alegre, Belo Horizonte, Curitiba e Vitória.

Internacionalmente reconhecida por seu talento, Splett já se apresentou em diversos países da Europa, América do Sul e Estados Unidos, inclusive no Carnegie Hall de Nova York. Possui uma sólida formação, tendo estudado no Conservatório de São Petersburgo (Rússia), Universidade Maior (Chile) e no Conservatório de Zurique (Suíça).

O repertório escolhido trouxe peças de Schubert, Mendelssohn e Mussorgsky, mas também do suíço Emil Frey, que é ainda pouco conhecido no Brasil. Nascido em Baden, o compositor estudou na Rússia, França e Bélgica e, ao longo de sua carreira, dividiu-se entre a composição e o ensino, lecionando durante seus últimos anos de vida na Universidade de Artes de Zurique. Na turnê, a pianista interpretou as “Variações sobre um tema hebreu. Op. 1”.
O programa ainda apresentou o Improviso em Dó Menor Op. 90 No 1 de Schubert e a Fantasia Op. 28 de Mendelssohn, escrita a partir de impressões de viagem do compositor à Escócia. Para terminar este programa de peso, Luísa apresentou “Quadros de uma exposição” do russo Modest Mussorgsky. Composta em junho de 1874, a peça é inspirada na exposição do pintor Viktor Hartmann, um amigo do compositor que havia falecido precocemente. Como homenagem, Mussorgsky representou em música os quadros de Hartmann, que abordavam os mais variados temas do cotidiano e imaginário universais, como gnomos, castelos medievais, mercados e bruxas. Embora tenha obtido pouco sucesso durante sua estreia, a peça exerceu um profundo impacto em compositores do início do século XX, como Debussy e Ravel, e hoje é presença constante nas salas de concerto.

SOBRE A PIANISTA...
Luísa Splett é uma das mais destacadas pianistas da Suíça. Pós-graduada pelo Conservatório de São Petersburgo (Rússia), seu mestrado foi concluído pela Universidad Mayor de Santiago (Chile) e seu bacharelado pelo Conservatório de Zurich (Suíça).

Nascida em Winterthur e proveniente de uma família de músicos, seu interesse pela música surgiu ainda na infância, quando iniciou seus estudos aos 5 anos de idade. Aos 14, integrava o trio “Da Capo”, com o qual conquistou o primeiro prêmio no Jecklin Festival e realizou seu debut na Tonhalle de Zurique. Em 2004, foi premiada no Concurso Internacional Claudio Arrau no Chile e entre seus professores estão Silvia Näsbom-Thellung e Karl-Andreas Kolly (Suíça), Yelena Scherbakova (Rússia/ Chile) e Oleg Malov (Rússia). 

Em 2011 fez a sua estreia no Carnegie Hall de Nova York, apresentando-se no Weil Hall. Em 2014, lançou o seu primeiro cd, “Wie im Fluge”, com obras dos compositores russos Rimsky-Korsakov e Prokofiev, do alemão Hermann Goetz e dos suíços Martin Wendel e Alfred Felder. Seu segundo cd foi lançado em 2016 e é o primeiro volume da obra completa para piano do compositor suíço Emil Frey.

Desde outubro de 2012 a pianista, que é fluente em seis idiomas, mora em Berlim, onde trabalha também como professora. 

ENTREVISTA...
Revista Keyboard Brasil – Seus estudos de piano iniciaram-se aos 5 anos de idade. Conte-nos como surgiu esse interesse pelas teclas.
Luísa Splett – Eu nasci em uma família de músicos, então o piano que tínhamos em casa  sempre foi um brinquedo para mim. Comecei a ter aulas regulares aos 5 anos e foi mesmo brincando que eu descobri o mundo das teclas.

Revista Keyboard Brasil – Quais são suas referências musicais?
Luísa Splett – Como pianista, uma grande referência é o Grigory Sokolov, meu pianista preferido. Admiro muito a Martha Argerich e também outros pianistas, mas as minhas referências musicais não são só pianistas. Eu adoro o violinista Gidon Kremer, as ideias musicais dele e sua concepção musical. Também o Daniel Barenboim em seu papel de músico completo: pianista, regente, gestor, quase filósofo e também por estar envolvido em temas mundiais, tratando de trazer paz com a música. Acho que hoje, como artistas, temos o dever de nos envolver em acontecimentos do mundo atual.

Revista Keyboard Brasil – Você nasceu em um país de brilhantes pianistas como Edwin Fischer. Conhece alguns de nossos pianistas brasileiros? 
Luísa Splett – Eu conheço pianistas brasileiros – sobretudo gosto muito de Nelson Freire. Também acho muito bom o que o Ricardo Castro está fazendo com o projeto Neojibá, na Bahia. 

Revista Keyboard Brasil – É sua primeira vez em turnê pelo Brasil?
Luísa Splett – Não, acho que é a quarta vez! Eu gosto muito do Brasil e espero voltar mais vezes aqui!

Revista Keyboard Brasil – Como se deu a escolha desse repertório apresentado em sua turnê?
Luísa Splett – Eu queria fazer uma combinação de coisas conhecidas e outras nem tanto. A primeira parte foi escolhida, porque este ano a Suíça assumiu a presidência do IHRC (International Holocaust Remembrance Commitee) e a Embaixada da Suíça na Argentina me convidou para apresentar um programa de compositores judeus. Por isso, incluí a Fantasia de Mendelssohn e as Variações de Emil Frey. Estou escrevendo uma dissertação sobre a vida e a obra de Frey e queria incluir uma musica dele no programa. Faz muitos anos que toco os “Quadros de uma Exposição” de Mussorgsky e eu tinha muita vontade de tocá-los de novo. Acho que é uma obra maravilhosa, que também pode ser utilizada facilmente para concertos didáticos para crianças, que também tenho feito nesta viagem.

Revista Keyboard Brasil – O que pode nos dizer sobre a receptividade dos brasileiros?
Luísa Splett – Eu adoro o público brasileiro, eles são muito entusiastas e sempre interessados em toda a música. Eles ao mesmo tempo são respeitosos e eu me senti muito bem-vinda. Eu sempre falo nos concertos sobre o compositor, a história da obra, enfim, e achei que o público gostou muito de ter essas informações adicionais.

Revista Keyboard Brasil – Você é apontada como uma brilhante pianista de uma promissora carreira. Como é sua rotina de estudos?
Luísa Splett – Eu tento sempre estudar o máximo possível, mas ao longo dos anos eu reparei que é melhor estudar concentrada por poucas horas do que sem objetivo por muitas horas. Agora eu tenho muitas atividades diferentes, pois dou aulas, trabalho na ópera estatal na parte de pedagogia e também estou fazendo um doutorado na universidade, então preciso estar sempre muito concentrada para conseguir estudar um repertório novo em pouco tempo.

Revista Keyboard Brasil – Soubemos que você é fluente em seis idiomas. Quais?
Luísa Splett – Alemão, francês, inglês, espanhol, russo e português. 

Revista Keyboard Brasil – Você faz parte do time de talentos da Virtuosi Produções Artísticas. Fale sobre essa parceria. 
Luísa Splett – É a primeira vez que trabalho com eles e estou muito contente com a turnê que eles me organizaram. Como artista independente, é quase impossível fazer toda a organização profissional de uma turnê. Eu fiz por muitos anos tudo sozinha, mas não quero fazer mais. Então, gosto de trabalhar com a Virtuosi como representante no Brasil e no futuro também da toda a América do Sul.

Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada e sucesso!!
Luísa Splett – Muito obrigada pela oportunidade em falar com vocês e até uma outra vez.

SAIBA MAIS SOBRE LUÍZA SPLETT:
________________________
VIRTUOSI PRODUÇÕES –  Comandada por Ederson Urias, a Virtuosi situa-se em Belo Horizonte e é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. Clique no ícone ao lado para o site www.virtuosi.mus.br


* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil.




Nenhum comentário:

Postar um comentário