terça-feira, 25 de abril de 2017

RADAMÉS VENÂNCIO – Uma história particular com a música

RESPEITADO, ADMIRADO E GANHADOR DE PRÊMIOS BASTANTE EXPRESSIVOS COMO O GRAMMY LATINO, O MÚSICO, MAESTRO, ARRANJADOR E PRODUTOR RADAMÉS VENÂNCIO CONSEGUE MOSTRAR - COM UMA SIMPLICIDADE SINGULAR - QUE TALENTO É O QUE NÃO LHE FALTA. 


* Rafael Sanit

*Heloísa Godoy Fagundes - publisher

É através da música que ele se comunica. Radamés Venâncio nasceu em Arcoverde, interior de Pernambuco, e ainda criança começou a ter contato com instrumentos musicais. A sua primeira descoberta foi o saxofone, que chegou a ser o seu companheiro de palco durante alguns anos, quando tocava em uma banda de baile. Mas foi no teclado que  identificou a sua verdadeira paixão. Aos 16 anos veio para Salvador estudar no Conservatório de Música da Católica e logo começaram a surgir propostas de trabalho.

O instrumentista, que costuma ouvir Tom Jobim, Stevie Wonder e Michael Jackson, fez parte da banda de Armandinho, Dodô & Osmar, do cantor Ricardo Chaves e há 17 anos dirige a carreira musical de Ivete Sangalo. Além de tocar teclado e piano na banda da cantora, Radamés é o seu diretor musical.

Antes de integrar a banda do Bem, banda de Ivete, ele também atuou como arranjador durante 10 anos no disputado Estúdio WR, localizado na capital baiana, e fez arranjos para artistas como Zezé di Camargo & Luciano, Xuxa, Fafá de Belém e Carlinhos Brown. Em 1999, já à frente da Banda do Bem, Radamés assumiu toda a parte musical da artista, que dava início à sua carreira solo.

Seu talento e dedicação renderam a Radamés Venâncio o título de melhor instrumentista, em 2008, pelo Prêmio Multishow. Ao lado de Ivete, o músico vem tendo a oportunidade de tocar nos principais eventos do Brasil e do mundo, e deixar registrado o seu nome em grandes produções musicais, que são fortemente divulgadas. O "Multishow Ao Vivo - Ivete Sangalo 20 anos", gravado em dezembro de 2013 na Arena Fonte Nova e que ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro, teve Radamés à frente da produção, direção e dos arranjos das canções. O conceituado prêmio também o destacou como melhor produtor musical pelo trabalho realizado nesse álbum. Recentemente, repetiu a dose na preparação do mais novo disco da cantora, gravado, ao vivo, em Trancoso – Bahia.

O respeitado e admirado músico consegue mostrar em todas as suas apresentações, com uma simplicidade singular, que talento é o que não lhe falta. Por isso, recentemente, Radamés tornou-se endorser da Roland.

Leia, a seguir, a entrevista exclusiva.

Revista Keyboard Brasil –  Como a música surgiu na sua vida?
Radamés – Meu pai é músico saxofonista e tinha uma banda de baile, cresci vendo ensaios na garagem da minha casa. Quando acabavam, ficava brincando com os instrumentos. Então, meu pai começou a me ensinar saxofone aos 8 anos de idade e, aos 9, já estava tocando com ele nos bailes. Daí não parei mais. Quando tinha uns 11 anos, o tecladista da banda saiu, e meu pai disse: “filho, você que vai ficar no lugar dele”, e eu tive um mês para aprender e tirar as músicas em um órgão Saema e um piano Gianinni. E, até hoje, não larguei as teclas.

Revista Keyboard Brasil –  Quando iniciou seus estudos musicais? Fale um pouco sobre isso...
Radamés – Quando comecei a tocar na banda de baile do meu pai, aprendi tudo de ouvido, tirava as músicas sozinho e meu pai me colocou em uma escola de música para aprender harmonia. Isso em Arcoverde, Pernambuco, onde nasci. Me ajudou muito quando comecei a saber as notas e o acordes porque minha cabeça abriu muito rápido. Meu pai dizia que tínhamos de ir embora da cidade porque  lá não tinha futuro para a música. Meu pai foi um louco! Vendeu tudo e falou: “vamos embora, você não tem futuro aqui”. Eu tinha uns 12, 13 anos. Fui levado por ele em uma D20 com os instrumentos que sobraram: um DX7 e um Juno 106. Depois, quando cheguei em Salvador, estudei no Conservatório de Música da Universidade Católica do Salvador. 

Revista Keyboard Brasil –  Quais suas referências musicais? 
Radamés – Como comecei a tocar em bailes no anos 80, tocava-se tudo que era sucesso dessa época, do rock ao forro, do bolero às baladas internacionais. Não  tinha muita informação de outros estilos na época. Quando cheguei a Salvador, comecei a conhecer coisas novas. Foi aí que descobri o jazz elétrico de Chick Corea e Herbie Hancock, e os discos de Tom Jobim Matita Perê e Stone  Flower, eles mudaram minha vida... Assim como, Miles Davis, Cesar Camargo Mariano, Stevie Wonder e tantos outros.

Revista Keyboard Brasil –  Seu primeiro instrumento musical foi o saxofone. Por que se interessou pelas teclas?
Radamés – Quando meu pai falou “você vai ter que tocar”, porque o tecladista dele foi embora, aquilo me deu um susto. Mas quando comecei a descobrir o teclado e o piano, me apaixonei pelos timbres e, a cada dia me apaixono mais.

Revista Keyboard Brasil – Qual foi seu primeiro teclado?
Radamés – Comecei a tocar em um órgão Saema e um piano Gianinni mas o meu primeiro teclado mesmo foi um JUNO -106 da ROLAND.

Revista Keyboard Brasil – Pensou alguma vez em desistir da carreira de músico? 
Radamés – Nunca, jamais.

Revista Keyboard Brasil – Atualmente você é o comandante da Banda do Bem, banda que acompanha Ivete Sangalo. Como surgiu a oportunidade de fazer parte da banda?
Radamés – Recebi o convite em 1999. Naquela época, tocava com o Ricardo Chaves e trabalhava em estúdios. Quando recebi o convite dela para ser tecladista na carreira solo, foi uma surpresa porque eu não esperava. Então, pensei e aceitei.

Revista Keyboard Brasil – Conte-nos um pouco sobre seu trabalho anterior como arranjador no disputado Estúdio WR da Bahia, onde você fez arranjos para artistas como Zezé di Camargo & Luciano, Xuxa, Fafá de Belém e Carlinhos Brown.
Radamés – A WR é muito importante na minha vida como produtor e arranjador. Lá comecei a fazer todo tipo de gravação  arranjos, jingles, trilhas, discos. Durante uns 7 anos estava lá todos os dias, dia e noite. O Rangel me incentivou e acreditou muito em mim. Tenho muito orgulho de ter passado por lá. Conheci Carlinhos Brown na WR gravei os primeiros discos da Timbalada. Depois gravei alguns discos do Brown solo, e  fiz alguns shows com ele. Foi lá que conheci Michael Sullivan que me chamou para fazer arranjos para as produções dele como, Xuxa, Fafá de Belém e tantos outros. E, através do amigo produtor Cesar Augusto veio a dupla Zezé de Camargo e Luciano, para quem fiz alguns arranjos.

Revista Keyboard Brasil – Em todos esses anos de carreira, quais cantores e bandas já acompanhou?
Radamés – Armadinho, Dodo e Osmar, Daniela Mercury, Carlinhos Brown, Saul Barbosa, Margareth Menezes, Orquestra Neojiba, Ivete, Gil e Caetano. 

Revista Keyboard Brasil – Sobre o Grammy Latino, na categoria de Melhor Álbum de Pop Contemporâneo Brasileiro, você esteve à frente da produção, direção e dos arranjos das canções do álbum "Multishow Ao Vivo - Ivete Sangalo 20 anos". Foi uma surpresa? O que pode nos dizer sobre esse trabalho e sobre esse prêmio?
Radamés – Ivete é muito exigente e passamos um ano produzindo, mudando arranjos, escolhendo músicas inéditas e regravações para esse projeto. Acho que foi o projeto dela que deu mais trabalho. Muitas músicas! Por isso saiu um DVD Duplo. Quando soube que ela estava concorrendo, achei que seria só como cantora. Só me dei conta quando vi meu nome! Aí foi um susto. Lembro que no dia estávamos fazendo um show voz e piano. Um prêmio muito importante para nossa música, que deveria ser mais reconhecida mundialmente. Esse ano de 2017 estamos na expectativa de sermos indicados novamente ao Grammy Latino por nosso último projeto acústico ao vivo em Trancoso, produzido em parceria com Paul Ralphes, da Universal Music.

Revista Keyboard Brasil – Além do seu trabalho ao lado de Ivete Sangalo, a musa do axé, você também se dedica a outros artistas, seja para tocar, fazer arranjos de canções ou como produtor. Quais artistas fizeram e fazem parte da sua lista?
Radamés – Carlinhos Brown, Timbalada, Saul Barbosa, Zezé de Camargo e Luciano, Xuxa, Fafá de Belém, Margareth Meneses, Luiz Caldas, Chiclete com Banana, Ricardo Chaves, Cheiro de Amor, Netinho e muitos outros.

Revista Keyboard Brasil – Qual seu set atual utilizado nos shows e em estúdio?
Radamés – Atualmente estou iniciando parceira com a Roland Brasil e usando 
RD-800, JV-XA, SYSTEM-8, Organ C2 e Minimoog Voyager.

Revista Keyboard Brasil – O foco da Revista Keyboard Brasil é o mundo das teclas - pioneira no mercado digital brasileiro. Poderia nos dar sua opinião a respeito de nosso trabalho? 
Radamés – Sempre fui fã da Keyboard americana. Sempre que saía uma revista olhava a e as novidades dos teclados a cada mês. Tenho uma coleção guardada. Fico feliz em existir uma revista assim no Brasil. Antes só se via artistas internacionais nas edições americanas. O Brasil precisa de uma revista assim voltada também para o músico brasileiro mesmo com a internet tomando conta de tudo.
Revista Keyboard Brasil – Tem em vista projetos futuros?
Radamés – A música não pode parar nunca. A gente para, mas ela segue. O futuro está aí. Cada dia é uma novidade, um arranjo, um timbre novo, um teclado mais avançado. Cada dia evolui rápido demais. Tenho projetos futuros com a Ivete e sozinho também. Espero poder mostrar em breve aqui.

Revista Keyboard Brasil – Muito obrigada pela entrevista!
Radamés – Eu quem agradeço a vocês da Revista Keyboard Brasil e ao Rafael, por me convidar. Obrigado a todos e um forte abraço.
SAIBA MAIS SOBRE RADAMÉS VENÂNCIO:
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* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorser das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, Land Audio e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil.


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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e 
aos instrumentos de teclas.
 



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