O TECLADISTA E A BUSCA DE SUA IDENTIDADE MUSICAL
NO
PAPO DE TECLADISTA DESTE MÊS VAMOS ABORDAR SOBRE UM TEMA RECORRENTE E IMPORTANTÍSSIMO
NO MUNDO DO MÚSICO DAS TECLAS: O CAMINHO TRAÇADO PELO TECLADISTA ATÉ CRIAR A
SUA IDENTIDADE MUSICAL, A SUA ORIGINALIDADE.
* Bruno de Freitas
Não
é a toa que constantemente voltamos à história da arte da música, considerando
que é a partir do que percebemos na “evolução” da música, aos poucos a nossa
compreensão do fazer artístico musical se crie, e começamos a entender toda a
mistura que somos, a influência que recebemos, mesmo que sem perceber, vá
gerando a nossa identidade como tecladista.
E,
falando em história da música, jamais poderemos esquecer os mentores
verdadeiros dos tecladistas: o órgão e o piano. Não vamos abordar aqui a
história de cada um, deixaremos para uma próxima, entretanto aproveito para
convidar você, caro leitor, para dar uma passada nas últimas edições da Revista
Keyboard Brasil, e ler a história do piano – “Piano, o Rei dos Instrumentos” –
por Luiz Carlos Uhlik – matéria ímpar.

Mas
por que estou entrando nesse assunto? Simples! A resposta é: técnica, estudo!
Quer ser um baita tecladista? Estude piano! Quer ser um baita tecladista com
independência em todos os membros, raciocínio rápido, reflexo etc? Estude órgão
ou “encoste” em um professor organista! Sei que hoje é raro, entretanto é
possível. O estudo sistemático e a passagem por repertório erudito, por
exemplo, prepara incrivelmente o músico das teclas. Exagero aqui inclusive em
comparar com o método científico: estudar piano passa por aí.
Houve
uma crescente incrível na técnica pianística, se considerarmos do final do
período Barroco até pouco antes do século XX. No meu ponto de vista, foi no
Romantismo que a técnica e a beleza artística se entrelaçaram e atingiram
juntas seu auge. É claro, não vamos aqui esquecer que Shumann, por exemplo,
estudou seus antecessores Bach, Mozart e assim por diante. Como na natureza, a
música não é diferente, nada se cria, tudo se transforma.
Nós, tecladistas, somos um emaranhado de junções, percepções, concepções e
entendimento particular e compartilhado de música. Uma audição em um teatro, um
concerto, um show, um comercial de TV, o rádio ligado no carro, a observação do
toque do colega... está tudo entrando na nossa “cachola”. Tudo isso junto forma
o nosso eu musical.
Além
disso, temos à disposição a tecnologia. Tablets, PCs, Notebooks,
sintetizadores, Instrumentos virtuais, tudo à disposição. Isso realmente é
incrível. Antigamente precisávamos (exclusiva-mente) dar aulas e tocar aqui e
ali para vivermos da música. Hoje, graças ao desenvolvimento tecnológico,
podemos ter a nossa própria renda sem sair de casa, vendendo a nossa própria
composição pela internet. Demais!
Sigamos
conscientes do inacabado, da necessidade da influência do estudo sistemático, e
sobretudo da humildade de quem quer aprender sempre mais, seja com o grande
compositor ou com o músico de rua, da praça quinze.
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* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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