KEITH EMERSON - As teclas bombásticas do Rock Progressivo
O FALECIMENTO DE KEITH EMERSON ESTE MÊS ABALOU O MUNDO DA MÚSICA. SUICÍDIO OU NÃO O CERTO É QUE O MÚSICO ALÉM DE TRANSFORMAR SEU EL&P EM UM DOS PRIMEIROS SUPER GRUPOS DE ROCK, AJUDOU A POPULARIZAR O ÓRGÃO HAMMOND E O SINTETIZADOR MOOG, MISTURANDO A MÚSICA CLÁSSICA, O JAZZ E O ROCK DE MANEIRA ÚNICA NA HISTÓRIA DA MÚSICA.
* Por Amyr Cantusio Jr.
Acima: Considerado um dos melhores tecladistas do Rock, Keith Emerson tornou-se uma lenda. Conhecido por ser um virtuoso e por suas teatrais apresentações ao vivo, em que “fritava” teclas específicas de seu órgão Hammond durante seus solos, tocando-o de cabeça para baixo enquanto o instrumento ficava em cima dele ou fazendo com que seu piano ficasse girando enquanto o tocava. Juntamente com seus contemporâneos Richard Wright, do Pink Floyd, Tony Banks, do Genesis, e Rick Wakeman, do Yes é amplamente considerado um dos melhores tecladistas do Rock, dono de uma técnica muito apurada. Inclusive o estilo agressivo de tocar piano lhe rendeu uma série de complicações em seus punhos. Uma característica marcante das músicas de Keith Emerson são seus arranjos de Rock para composições eruditas, de autores que iam desde Bach e Modest Mussorgsky até compositores do século XX como Béla Bartók, Aaron Copland e Alberto Ginastera.
Keith Emerson nasceu na Inglaterra em 2 de novembro de 1944. Teve formação clássica em piano. Depois partiu para o órgão Hammond. Além disto, teve aulas de harmonia com o famoso tecladista JON LORD (Deep Purple). Influenciado pelo jazz americano e pela música clássica europeia, aprendida na infância, o músico ganhou notoriedade na década de 1960, liderando o grupo The Nice, após passar por vários conjuntos locais. Com os músicos Greg Lake (ex-King Crimson) e Carl Palmer (ex-Atomic Rooster), fundou a lendária EL&P.
The Nice foi a primeira banda do virtuose (R.I.P.) Keith Emerson. Bombástica, com músicos extremamente treinados e eruditos, tinha tudo para acontecer no final dos idos de 60... mas não aconteceu. Keith Emerson foi estourar nos anos 70, criando a lendária EL&P. A diferença básica dos 2 projetos é que THE NICE utilizava órgão e piano. Com EL&P, Keith já incluía arp strings, mellotron, sintetizadores (principalmente a inauguração do protótipo MOOG no palco ao vivo!!)Sua aparição na Ilha de Wight (Festival 1970) foi destruidora. Daí para frente o EL&P foi a banda mais complexa e virtuose dos anos 70, na história do Rock Progressivo.
(1) The Nice.
(2) O estilo agressivo nas teclas: sua marca registrada.
(3) Emerson, Lake & Palmer
The Nice
Acima, A banda The Nice: Keith Emerson - órgão e piano, Keith Lee Jackson - baixo, guitarra e vocal, Brian ‘‘Blinky’’ Davison - bateria e percussão e David O'List - guitarra, trompete e vocal de 1967-1968.
A banda The Nice foi formada em maio de 1967 para servir de apoio à cantora de soul P.P. Arnold. Após algumas apresentações com Arnold durante meados do mesmo ano, o The Nice acabou ganhando reputação própria. Em agosto, Davison substituiu o baterista original, Ian Hague. O primeiro álbum do The Nice foi gravado ainda no mesmo ano. Trabalhos iniciais tendiam a um som psicodélico, mas logo elementos mais ambiciosos vieram à tona. As influências clássicas e do jazz manifestaram-se em citações musicais a Carl Philipp Emanuel Bach e Dave Brubeck.
Em seu segundo single criaram um arranjo para America de Leonard Bernstein, que Emerson descreveu como a primeira música instrumental de protesto. A obra não só usa a peça de Bernstein como também inclui fragmentos de da Sinfonia nº 9 de Antonín Dvorák.
O'List deixou o grupo durante a gravação do segundo álbum. Participou brevemente do Jethro Tull após a saída de Mick Abrahams e em uma formação antiga do Roxy Music antes de juntar-se ao Jet, em 1973. A banda considerou substitutos, sendo um deles ninguém menos que Steve Howe antes de entrar para o Yes, mas decidiu posteriormente manter-se como um trio.
O controle de Emerson sobre a direção musical se tornou ainda maior, resultando em trabalhos mais complexos. A ausência de uma guitarra na banda e a liderança do teclado de Emerson no rock tornou o The Nice uma banda bastante distinta de suas contemporâneas.
Os primeiros trabalhos do pianista francês Jacques Loussier e do quarteto de Charles Lloyd também podem ser vistos como influência da banda. Loussier criava arranjos de jazz a partir de obras clássicas, especialmente de Bach.
O The Nice apresentou duas peças do repertório de Lloyd, Sombrero Sam e Sorcery. Parte do trabalho da banda era a transferência de invasões dos artistas de jazz em um som mais elétrico, o que também influenciou bandas como The Who, Jimi Hendrix, The Beatles. Outra influência foi Bob Dylan, cujas canções eram bastante famosas na época.
O segundo LP Ars Longa Vita Brevis apresentava arranjos da suíte Karelia, de Jean Sibelius, e o outro lado era um suíte com arranjos de um movimento de Johann Sebastian Bach. O grupo usou uma orquestra pela primeira vez em algumas partes da suíte.
As apresentações ao vivo da banda eram marcantes, principalmente por Emerson. Com seu órgão Hammond, realizava movimentos inspirados por Jimi Hendrix, Don Shin e Jerry Lee Lewis.
Durante uma longa e popular turnê que seguiu o lançamento do segundo álbum, o grupo chamou atenção do público com Emerson queimando uma bandeira dos Estados Unidos no palco durante uma apresentação de America.
O terceiro álbum apresentava em um dos lados gravações da turnê pelos Estados Unidos e outro lado de materiais de estúdio. Por volta de 1969, Emerson não via mais nos seus colegas alguma possibilidade de atingir maior grau técnico para alavancar a carreira do grupo, que ainda tinha sucesso modesto.
Durante a turnê americana que acontecia simultaneamente com a banda King Crimson, Emerson teve um encontro com o baixista Greg Lake nos bastidores de um show e conversaram sobre trabalhar juntos em outro projeto, o que culminou no fim do The Nice, abrindo caminho para a formação do Emerson, Lake & Palmer.
Um lançamento póstumo intitulado Elegy incluiu uma versão do trio para a Sinfonia Patética de Tchaikovsky e My Back Pages de Bob Dylan, ambas gravadas em estúdio, além de apresentações ao vivo de Hang on to a Dream e America durante a turnê de 1969 pelos Estados Unidos.
Após o fim da banda Lee Jackson formou o Jackson Heights, que lançou cinco álbuns entre 1970 e 1973. Brian Davison formou o Every Which Way, que lançou um álbum em 1970. Tanto Jackson quanto Davison formaram o Refugee com o tecladista suíço Patrick Moraz em 1974, mas se desapontaram novamente quando Moraz foi convidado a se juntar ao Yes, substituindo Rick Wakeman.
EL&P
Acima, a banda Emerson, Lake & Palmer: Keith Emerson (sintetizadores - principalmente a inauguração do protótipo Moog no palco ao vivo, grand piano e Órgão Hammond), Greg Lake (baixo, guitarra e vocais) e Carl Palmer (bateria e percussão).
Com o EL&P, Keith Emerson abriria um vasto leque na mistura complexa de sintetizadores Moog, Hammond organ, grand piano com flertes profundos misturando a música clássica, o jazz e o rock de maneira única na história do rock.
Os discos mais marcantes seriam: – O primeiro LP de 1970 (chamado “LP da Pomba” já que não possui título, somente EL&P) trazia já o que seria a combinação dinamite do power trio; – Quadros de Uma Exposição (baseado na obra de M. Mussorgsky séc. XIX). Uma magnífica explosão ao vivo no álbum homônimo de 1971; – Trilogy é uma obra especial com capa dupla que traz os rostos dos três integrantes. Um dos melhores álbuns dos anos 70; – Tarkus é a bomba H e EL&P com longas suítes destruidoras e extremamente difíceis de se executar com é o caso da faixa “Eruption”; – Depois vem Welcome Back My Friends (ao vivo, um álbum triplo destruidor e o melhor deles já gravado no auge de sua carreira); – Ainda vem o Duplo Works Capa Preta - com hinos inesquecíveis como a balada Cest La Vie. Neste disco, cada músico ocupa solitário um lado da bolacha, mostrando suas qualidades técnicas, e um lado todos juntos. E o Works Capa Branca - uma obra prima para estudantes do experimental aliada ao ragtime de Scott Joplin, à quem o álbum é dedicado. Obra imperdível; – Mas a BOMBA que mostra EL&P no TOPO dos anos 70 é o álbum a seguir denominado Brain Salad Surgery, onde há uma melhor descrição da complexidade da pesquisa do grupo.
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Brain Salad Surgery
Quarto álbum de estúdio da banda britânica de rock progressivo Emerson, Lake & Palmer, lançado em 1973 e o primeiro pela gravadora Manticore Records. A faixa mais conhecida de Brain Salad Surgery é ‘‘Jerusalém’’, um Hino muito belo composto por Hubert Parry com letra de WILLIAM BLAKE. Depois vem ‘‘Karn Evil 9 - 1st Impression, Part 2’’ (famosa pelo bordão Welcome back my friends to the show that never ends...). ‘‘Karn Evil 9’’ como um todo teve que ser originalmente dividida nos lados A e B do álbum.
O álbum continha o que de mais avançado existia em instrumentos musicais eletrônicos até então. Keith Emerson foi o primeiro e único músico a utilizar o protótipo Moog Constellation desenvolvido pela Moog Music Inc, apresentando pela primeira vez um sintetizador polifônico. Nos créditos do álbum, o aparato é descrito como Moog polyphonic ensemble, e pode ser mais claramente ouvido nas faixas ‘‘Benny The Bouncer’’ e ‘‘Karn Evil 9: 3rd Impression’’. O protótipo foi entregue por Emerson de volta à Moog Music após o final das turnês deste álbum, e não foram produzidas outras unidades.
Na faixa instrumental ‘‘Toccata’’, baseada no primeiro concerto para piano de Alberto Ginastera (pianista e compositor virtuose), efeitos especiais de sintetizador foram produzidos não por Keith Emerson mas por Carl Palmer, usando a técnica recém desenvolvida de sintetizadores de bateria. Ginastera aparentemente não ligou para a utilização de sua obra pela banda, nem cobrou seus direitos autorais. Pelo contrário, o compositor gostou da nova versão.
Para finalizar, as letras foram co-escritas por Greg Lake e seu companheiro e ex-membro do King Crimson Peter Sinfield; e a capa do álbum foi desenhada por H. R. Giger, que também criou a arte do filme Alien.
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Acima: Emerson, Lake & Palmer não estão no Rock and Roll Hall of Fame, mesmo tendo sido um grupo de Rock Progressivo incrivelmente famoso por suas grandiosas orquestrações e bombástico em suas apresentações. Influente e admirado por muitos músicos e bandas, EL&P vendeu mais de quarenta milhões de álbuns e encabeçou grandes shows em estádios.
Enfim a banda EL&P lança um dos últimos álbuns dos anos 70 , o famigerado LOVE BEACH em que realmente não se salva muito coisa, exceto a bela faixa “Canário”. Aqui o EL&P já apontava para seu fim infelizmente.
Keith Emerson foi responsável pela trilha sonora de vários filmes a partir de 1980, como Inferno e World of Horror, de Dario Argento, e os filmes de 1981 Nighthawks, Genma Taisen e Godzilla: Final Wars. Ele também foi o compositor da curta série de televisão Iron Man, de 1994.
Acima: Keith Emerson com Robert Moog, engenheiro norte-americano
que projetou o Moog.
Em 2004, Emerson publicou sua aclamada autobiografia, intitulada “Pictures of an Exhibitionist” (uma referência ao disco “Pictures At An Exhibition” do EL&P), que perpassa toda a sua carreira, enfocando especialmente o começo, com o The Nice, e a cirurgia de enxerto nervoso na mão direita que quase acabou com ela, em 1993 – essa era a causa de sua depressão: uma doença degenerativa nos nervos das mãos que o impediam de tocar. A depressão foi a causa mais provável para a sua morte. Agora é descansar Keith!
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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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