segunda-feira, 28 de agosto de 2017

 PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS
- Segunda Parte - 

EM NOSSA PRIMEIRA PARTE, VOCÊ REPAROU A HISTÓRIA ESPETACULAR DO PIANO! AS CURIOSIDADES, ENTÃO, IMPRESSIONANTES! IMAGINE VOCÊ, UM INSTRUMENTO MUSICAL QUE TENHA ENTRE 4 MIL E 7 MIL E QUINHENTAS PEÇAS! DÁ PARA IMAGINAR A COMPLEXIDADE DO FUNCIONAMENTO DISSO TUDO? VAMOS, ENTÃO, COMEÇAR MAIS UM ELENCO DE CURIOSIDADES SOBRE O REI DOS INSTRUMENTOS.

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

A primeira grande curiosidade é exatamente esta: um bom piano de cauda tem entre 4 mil e 7 mil e quinhentas peças. O mais interessante disso tudo é que a resistência deste instrumento é ímpar. Se você esmurrar as teclas, bater com força, nada vai acontecer.

Essa história de fechar o piano com chaves para que as pessoas, principalmente crianças, não "estraguem" o piano é fantasia. Dificilmente alguém vai conseguir quebrar o mecanismo do piano, a não ser que use um objeto contundente. O máximo que pode acontecer é a chateação de alguém fazendo do som delicado do piano um barulho infernal! Portanto, apesar de tantas peças e tantos detalhes, o piano é extremamente resistente às "porradas", no bom sentido.

Esta curiosidade é fantástica, e complementa o item anterior: um piano tem entre 210 e 230 cordas. Isso mesmo! É um instrumento percussivo, porque a ação de percussão do martelo é que gera o som; mas, também, é um instrumento de corda. E agora, José? O piano é um Instrumento de Percussão ou de Corda?

 Mais de dois milhões de pessoas, anualmente, começam a aprender música com o piano.
O Piano mais famoso do mundo foi desenvolvido por Engelhard Steinweg. Engelhard americanizou o seu nome para Henry E. Steinway em 1853. Claro! Bem mais fácil de influenciar o povo americano com um nome americanizado!

Retornando à cronologia, iniciamos o século XIX:
Veja que interessante: em 1801, Edward Riley obtém a patente para o “Transposing Piano”, um mecanismo que movimentava o teclado, lateralmente, para tocar notas em outros tons. E você achando que apertar o botão TRANSPOSE do seu Teclado, ou EP, é coisa atual, tecnologia recente...

Erard Brothers, junto com Silberman, eram os grandes fabricantes de pianos da época. Erard, disparado, o melhor piano. Tanto que, em 1803, Beethoven ganhou um de seus modelos de presente. Se transformou numa espécie de “Endorser” da marca, já que ele tinha muitos alunos importantes da sociedade! Os pianos Erard se caracterizavam pela “qualidade” sonora e pelos avanços tecnológicos implementados nos seus modelos.

Em 1808, a Erard patenteia o Agraffe; em 1809, desenvolve uma espécie de “bucha” para firmar as cravelhas e manter a afinação por um período maior. Também introduz o "Roller Double Escapement" nas partes da Ação dos Pianos, permitindo maior firmeza e velocidade nas notas repetidas. Os tecladistas ficavam loucos com estes avanços.  Podiam, dia após dia, desenvolver técnicas mais apuradas de sonoridade e interpretação!

Só em 1807 é que surge o fabricante francês de piano mais famoso do mundo: a Pleyel.

Em 1810 aparecem os primeiros “Giraffes”, pianos de cauda na posição vertical. Isso, mesmo: eram pianos de cauda em que a cauda não ficava na posição horizontal mas, sim, na vertical! O objetivo, claro, era permitir que as famílias tivessem um piano de boa sonoridade em espaços menores.

Só em 1820 é que a revolução da sonoridade do piano começa: Thom and Allen, de Londres, desenvolvem o primeiro Frame de Metal para os Grands. Isso significa que, antes desta data, os “frames” eram de madeira, o que não permitia uma boa sonoridade, tampouco, afinação. A introdução do “Agraffe”, em 1808, e o frame de metal, transformaram, verdadeiramente, a sonoridade do piano. Mas, ainda assim, o som era estranho e pouco atraente para os compositores da época. Mas, era o que tinha; e os fantásticos compositores do período transformaram a música no espetáculo que conhecemos hoje, principalmente os Concertos de Piano e Orquestra!

A revolução das 88 teclas começa somente em 1822, quando foi introduzida as 7 oitavas nos pianos Erard. Repare que Erard era sinônimo de avanço e qualidade sonora.

Lembra dos “Square Pianos”, século XVIII? Pois bem, só em 1825 Alpheus Babcock patenteia o “first single-piece metal frame” para os “Square Pianos”, em Boston. Prestou atenção? Boston! Nem na Europa os “Square Pianos” conseguiam sustentar a afinação. Teve que aparecer um americano para melhorar o desempenho desses modelos. E o Brasil só começava a sua Independência com o Imperador D. Pedro I.

Guarde bem este ano: 1826. Somente em 1826 os pianos começaram a ter a sonoridade aveludada, mais sutil, menos metálica, em função da patente de Henri Pape, que passa a utilizar feltro para recobrir os martelos. Então, é exatamente neste ano que começa a revolução do som do piano; em 1826 os pianos passam a ter a sonoridade típica dos pianos atuais. Entretanto, vou reforçar: o som ainda era fraquinho, se comparado com os pianos que temos a disposição hoje, para comprar e vender!

O mesmo Henri Pape, em 1828, passa a utilizar as cordas cruzadas nos seus modelos Uprights.

Olha que fantástico! Em 1848, Alexander Bain patenteia o primeiro piano automático, utilizando um rolo de papel perfurado. Na verdade, ele aperfeiçoou a ideia de Claude-Felix Seytre que em 1842 já havia projetado este tipo de mecanismo.

A primeira grande Feira de Pianos somente aconteceu em 1851, em Londres, onde a grande vedete era, sem sombra de dúvidas, a Erard, sinônimo de qualidade na fabricação de Pianos. Reparou? Passaram-se, praticamente, 150 anos para que o Piano se transformasse num verdadeiro produto de consumo e um grande negócio.

As mãos habilidosas de Henry Steinway, Jr. produzem os primeiros Grands com as 'cordas cruzadas'. O sucesso de Henri Pape, nos Uprights, passou a integrar a revolução das cordas cruzadas nos pianos de cauda!


A partir de 1860 os “Square Pianos” sofrem um declínio considerável nas vendas. As novas tecnologias empregadas nos Uprights e Grands agradam o público  e passam a ser o alvo dos ávidos consumidores de Pianos Acústicos da época.

A Escala Dupla, que proporciona maior brilhantismo aos sons médios e agudos, foi desenvolvida e patenteada por Theodore Steinway, em 1872. Repare: martelos recobertos com feltro, Frame de metal e Escala Dupla começam a transformar a qualidade do som do piano.

Mais uma vez a Família Steinway revoluciona a fabricação dos pianos com a patente do Pedal Sostenuto. Albert Steinway amplia o potencial de interpretação pianística com mais esta implementação!

Os japoneses entram pela porta da frente na fabricação de Pianos. Em 1878, na Paris Exhibition, surge o primeiro modelo japonês de um “Square Piano”. Os orientais chegaram tarde; mas chegaram. Os modelos Square já estavam em declínio; entretanto, a perseverança dos orientais passa a influenciar a Europa e os Estados Unidos.

Se você pensa que a Wurlitzer só fabricou pianos elétricos, está totalmente enganado. A empresa se estabelece como fabricante de Pianos Acústicos em 1880.

A Renner, mais famosa fabricante de componentes para pianos, estabelece a sua fábrica em 1882. A partir da Renner começa a segmentação do mercado de pianos, proporcionando terceirização na produção de peças e componentes.

Em 1899, Torakusu Yamaha inicia a produção de pianos em Hamamatsu.  Este é o início da história do maior fabricante de Instrumentos Musicais do Mundo. 

Vamos, então, para um pequeno resumo do que aconteceu no século XIX: 

O Piano começa, no século XIX, ter a tão sonhada qualidade sonora idealizada pelos compositores e intérpretes.
A introdução do feltro nos martelos, Frame de metal, cordas cruzadas, agraffe, escala dupla, pedais, começa a transformar o som do piano na maravilha que conhecemos hoje.

Tanto que as grandes e famosas marcas de pianos, do mundo, começaram as suas atividades neste século: Pleyel, Bösendorfer, Grotrian, Knabe, Seiler, Steinway, Blüthner, Bechstein, Mason & Hamlin, Wurlitzer, George Steck, August Foster, Feurich, Aeolian, Baldwin, Petrof, Schimmel, Estonia, Story & Clarck, Kohler & Campbell e Yamaha.

Entretanto, o mais importante foi que a especialização e exigência na qualidade do mecanismo foi tanta, que houve a necessidade de desenvolver companhias específicas para a produção de peças e componentes para o Piano, como foi o caso da Renner. Interessante, não?

Na próxima Edição, a última parte da História Fantástica do Piano!
______________________
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado (  http://musicaemercado.org/ ).

 foto de Maurício Jelê 




Nenhum comentário:

Postar um comentário