segunda-feira, 25 de julho de 2016

GRAVAÇÕES & EFEITOS OCULTOS DA ABBEY ROAD

- A ODISSEIA THE BEATLES -

DE ANTEMÃO JÁ DEIXO CLARO AOS MÚSICOS, FÃS, LEITORES E APRECIADORES QUE FIZ ESTE ARTIGO BASEADO EM MINHAS PESQUISAS PESSOAIS DE 30 ANOS, EM MINHA VISÃO, AUDIÇÃO E EXPERIÊNCIA COMO MÚSICO, OUVINTE E APRECIADOR. O OBJETIVO É UM SÓ: DAR UMA IDEIA DO QUE SE PODE CRIAR DE EFEITOS E ATMOSFERAS DENTRO DE UM ESTÚDIO E GERAR UMA MÚSICA MAIS PROFUNDA E RICA PARA A POSTERIDADE.  

* Por Amyr Cantusio Jr.


Tudo realmente começou no álbum RUBBER SOUL em 1965, (música “Norwegian Wood (This Bird Has Flown”) com a entrada de George Harrison com a música indiana (sitars e tablas) e vai se estender para todos os outros discos posteriores (Revolver, Álbum Branco, Magycal Mystery Tour, Sgt.Peppers, Yellow Submarine, Abbey Road e Let It Be).

Para detalhes, trago neste artigo, o LINK de “Norwegian Wood” no Youtube - composição de Lennon e instrumentação de sitars hindus pela primeira vez na história do rock por George Harrison.


Ouça The Beatles - Norwegian Wood,
em rara versão (take 2).

O LP Rubber Soul, além da influência indiana, traz também os primeiros LPS com camadas de “reverber” e “ecos” pincelados para dar mais brilho e diferenciar sua música das de outras bandas. Toque de gênios.

Não vou me estender amplamente pois o assunto é complexo. Mas focarei no alvo principal, que descobri ser o produto final “psíquico” que eles utilizaram em 90% das composições pós 1965. E isto fez com que a música metafisicamente “grudasse” em quem quer que fosse o ouvinte! Eu mesmo gravei e comprovei estes efeitos nos meus trabalhos desde 1974.

Fui aprimorar nos Estudios Americanos da Juratel, em Campinas, suntuoso e hiper equipado com telas defletoras de som, piano de cauda e um conjunto primoroso de GRAVADORES FOSTEX/AMPEX e REVOX (incluindo de uma polegada). Gravei 7 LPS do ALPHA III ali e mais uns 5 de outras bandas. 






Ao lado: Os gravadores de rolo possuem um PITCH afinador de altura musical mais rápido, lento ou ondulante) o qual foi utilizado amplamente pelos BEATLES e George Martin, com certeza absoluta.



Então o foco seria os GRAVADORES DE ROLO. Estes possuem um PITCH (afinador de altura musical mais rápido, lento ou ondulante) o qual foi utilizado amplamente pelos BEATLES e George Martin, com certeza absoluta.


A “oscilação meio desafinada” ouvida principalmente no Álbum Branco (“Long Long Long”, por exemplo) é uma constante em todos os álbuns... Algo parecido com um “Leslie ou Phaser com defasagem ondulatória lenta contínua”.

Esse efeito provoca no ser humano, de maneira geral, uma “angústia” ou uma certa “tristeza”, algo melancólico e onírico. A certeza absoluta é que veio do contato de Harrison e Lennon com a música indiana, que é microtonal e cheia de glissandos e legatos, dando este efeito natural na sitar e nas ragas com instrumentos folclóricos de arco indiano. Inclui-se, também, o “shenai” sopros oscilantes e flautas. E, ainda, as TABLAS que tem esta mesma oscilação. O outro foi o “loop” de guitarras de Harrison (cortar a fita do solo gravado e inverter de trás para frente) em “I'm only Sleeping” (LP Revolver). Ouça com atenção. Depois, isso vira uma constante e vai se desenvolver em guitarristas do progressivo, principalmente em Robert Fripp e Eno. De forma que ao aplicarem a sitar e estes “loops” dentro da música tradicional “reta” europeia, tiveram que “desafinar”seus instrumentos para poder encaixá-la.

Ouça The Beatles - Long, Long, Long,

(Álbum Branco).

Eis aí o produto principal da música dos Beatles ser “diferente”: tanto a música quanto a metafísica hindu modificaram para sempre os rumos do rock, indo parar na psicodelia e inserção dos movimentos “beatniks”, literatura oculta e filosofia oriental no mesmo. De 1970 para frente, quase todas as bandas utilizariam em maior ou menor grau estes efeitos.

Lógico que este foi o efeito “supremo” usado em todos os discos deles. Mas existiram os experimentais como assistidos no filme Let It Be e Get Back. Trilhos de trem, copos cheios de água com sabão assoprados por canudos, pedaços de metal, serras, campainhas, apitos, vozes alteradas, ruídos gerais.

Além disto, incluíram orquestrações com instrumentos medievais e barrocos... alaúdes, cravos, harpsichords, órgão e, finalmente, orquestrações provindas da música erudita de vanguarda como em Sgt. Peppers (“A Day in The Life”) que contém atonalismo e arritmia, além de dissonâncias extremas. E, por fim, inseriram o Mini Moog recém criado (além do mellotron) em Abbey Road, a suprema obra prima do grupo.

George Harrison faria um disco só voltado para o Mini-Mog chamado Electronic Sounds (1969). Harrison foi um dos grandes “experimentadores” do grupo, apesar de ser ofuscado pelo brilho de Lennon e Mc Cartney.

Enfim, fica aqui o registro a todos os interessados em ouvir agora com “novos ouvidos” a música genial deste que foi o maior grupo de rock do século XX !!

(1) A banda inseriu o Mini Moog recém criado (além do mellotron) em Abbey Road, a suprema obra prima do grupo.

(2) Contendo atonalismo e arritmia, além de dissonâncias extremas, no disco Sgt. Peppers (“A Day in The Life”) o grupo utilizou orquestrações provindas da música erudita de vanguarda. 

(3) Electronic Sounds (1969), de George Harrison foi um disco voltado para o Mini-Mog. Harrison foi um dos grandes “experimentadores” do grupo, apesar de ser ofuscado pelo brilho de Lennon e Mc Cartney.

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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.



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