sexta-feira, 30 de junho de 2017

Alpha III e &  Black  Sabbath - Um estranha Similaridade

O NÚMERO SETE É, COM CERTEZA, O MAIS PRESENTE EM TODA FILOSOFIA E LITERATURA SAGRADA DESDE OS TEMPOS IMEMORIAIS ATÉ OS NOSSOS DIAS. O NÚMERO SETE É SAGRADO, PERFEITO E PODEROSO, AFIRMOU PITÁGORAS, MATEMÁTICO E PAI DA NUMEROLOGIA E REPRESENTA A TOTALIDADE, A PERFEIÇÃO, A CONSCIÊNCIA, A INTUIÇÃO, A ESPIRITUALIDADE E A VONTADE. É TAMBÉM CONSIDERADO UM NÚMERO MÁGICO E MÍSTICO, POR EXCELÊNCIA. INDICA O PROCESSO DE PASSAGEM DO CONHECIDO PARA O DESCONHECIDO. E 7 SÃO AS COISAS EM COMUM ENTRE O ALPHA III E O BLACK SABBATH.


Creio que tive muita coisa em comum com o Black Sabbath, desde o início do ALPHA III (que em 1971 ainda era chamado SPECTRO).

Lendo a autobiografia do Sabbath, me deparei como num espelho, com minha própria jornada no meio da música, em especial, no rock. O que tínhamos e temos em comum?

1- A dificuldade de gravar um disco nos anos 70. Eu consegui somente registrar num gravador de rolo nossas primeiras composições. Já o Sabbath conseguiu depois de muito trabalho, gravar o LP em 1970.

2- As gravações do Sabbath duraram 2 dias no primeiro LP, 3 dias no segundo e 7 dias no terceiro álbum. No Spectro, gravamos as primeiras 5 músicas e mixamos tudo também em 2 dias. O LP Mar de Cristal (1983) - primeiro do ALPHA III, foi gravado em 3 dias!

3-Temos em comum, até hoje,  entrar no estúdio e gravar tudo ao VIVO, com alguns “overdubs”.

4- A temática ocultista, triste, pesada era a mesma do SPECTRO e ALPHA III. Letras poético/góticas, som denso, baseado em quintas diminutas e terças menores. Exceto que o ALPHA III é calcado nos teclados  e synths (não tem guitarras, sendo  esporádicas, a partir do segundo LP) e o Sabbath nas guitarras (utilizaram teclados depois do terceiro LP). Eu, assim como  fez  Tony Iommi em suas guitarras, criei o som inicial do Spectro com teclados “alterados” para um som mais volumoso e pesado. E o ALPHA III ao vivo era um Power Trio. Quem assistiu sentia a porrada da massa sonora. Pessoal na época ficava temeroso em conversar com a gente nos locais, nos acusavam de bruxos, magia negra, etc... Em partes porque vivíamos mergulhados em livros e temas de ocultismo e filosofia oriental. E o som do Spectro (além do nome do grupo e da capinha da fita cassete que é a mesma do CD, desenho criado por mim, chapado, em 1974) era temido, mas apreciado por uma legião de fãs que nos seguiam (de 1972 a 1979) em todos locais onde tocávamos. Grande época.

5- O produtor do Sabbath bateu em 14 gravadoras e mais outra dezena, sendo recusado com um “não” antes de conseguir um contrato com a Vertigo. Eles disseram que “os idiotas ouviam no máximo, sem muita atenção 3 ou 4 minutos de uma música e diziam adeus”. Idem  o que aconteceu com o ALPHA III. Batemos na RCA, Continental e Eldorado, sendo ouvidos raros 3 ou 4 minutos, sem interesse algum pelas gravadoras. Quando quase fechamos em 1976 com a WEA (no Rio de Janeiro pessoalmente) o produtor que iria bancar nosso álbum morreu num acidente de carro. Só me lembro o primeiro nome dele: Gustavo.

6- Só consegui gravar em 1983 como ALPHA III o primeiro LP, tendo 1 música que não gravamos no SPECTRO de 1976 Andrômeda. A letra foi feita (Liberdade para os robôs) pelo falecido guitarrista Clayton em 1972, onde a tocamos num Festival na região de São Paulo e ganhamos uma grana com o primeiro lugar. Depois refiz a música e gravei no Mar De Cristal. Interessante que o LP foi prensado no Rio mesmo, pela WEA/Polygram.

7- Enfim, depois de anos, recebi o rótulo de “sinistro”, bizarro, estranho e fui parar com o ALPHA III no “circuito” das bandas amaldiçoadas, entre elas King Crimson,Universo Zero, Black Sabbath e Van Der Graaf Generator. E isto saiu em revistas especializadas na Europa e Japão!

O Brasil nunca foi um país “rockeiro” e ficamos até hoje no “underground” como uma “lenda”. Mas me sinto muito feliz em ser incluído no circuito dos “malditos” entre estas bandas, pois são as que mais admiro. E feliz por ter conseguido gravar quase 50 álbuns até o momento, sem ajuda, subsídio e com muito preconceito, vindo de pessoas obtusas e acéfalas à nossa música!
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*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.







Um comentário:

  1. Great loss for the music world
    I really liked their initial musical period

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