sexta-feira, 23 de junho de 2017

QUANDO A  DOR SUPERA A ARTE

A MÚSICA É, PARA O OUVINTE, UMA EXPRESSÃO DE ARTE RELACIONADA AO PRAZER, RELAXAMENTO E LAZER. A PLATEIA SE FASCINA COM A HARMONIA CONSEQUENTE DO RESULTADO DE PALCO, ENTRETANTO, A MAIORIA DO PÚBLICO DIFICILMENTE ESTÁ CONSCIENTE DAS EXIGÊNCIAS QUE ESTA ATIVIDADE IMPÕE ÀQUELES QUE A ELA SE DEDICAM. UMA INTENSA ATIVIDADE QUE PODE LEVAR O MÚSICO A DESENVOLVER LESÕES COMPROMETENDO SUA PROFISSÃO. PORÉM, UMA TÉCNICA QUE VEM SENDO UTILIZADA PARA AMENIZAR DORES É A VENTOSA DE BAMBU.

* Por Heloísa Godoy Fagundes

A performance musical implica que o músico tenha uma grande habilidade, velocidade, precisão e resistência e, também implica em um controle, muitas vezes máximo, neuromuscular. Este esforço físico e mental a que o músico é exposto para tocar um instrumento dependerá do tipo do instrumento, da duração da execução, da complexidade da obra executada, das condições psicológicas e da resistência muscular individual durante a atividade.

Essa intensa atividade exercida pelo músico pode levar a desenvolver lesões que comprometem significativa-mente sua atividade profissional. Estas lesões podem ser causadas por diversos fatores agrupados em três categorias: as afecções músculo-esqueléticas, as síndromes compressivas dos nervos periféricos e as distonias focais.

Afecções Músculo-esqueléticas: Síndrome do Uso Excessivo (SUE)
A síndrome do uso excessivo (SUE) ou superuso pode ser definida como sinais e sintomas associados a uma aparente lesão ocasionada pela exposição de estruturas a uma carga que excede seu limite fisiológico.

Vários são os termos para denominar estas desordens, dentre eles destacam-se: síndrome do uso excessivo (SUE); tendinites; tenossinovites; lesões por trauma cumulativo (LTC) e lesões por esforços repetitivos (LER).

Quanto ao local, esta pode atingir mão, punho e antebraço, cotovelo, ombro e pescoço ou ser difuso pelo braço. A localização está associada em parte pela demanda física de cada instrumento.         

Pode ser encontrada entre os instrumentistas como pianistas, tecladistas, guitarristas, instrumentistas de cordas, entretanto cada instrumento pode ser responsável por lesões em específicas na unidade músculo-tendão.

Alguns aspectos como a má postura, o tipo e a sustentação do instrumento; a força usada para tocá-lo; e/ou despreparo muscular adicionados ao tempo de treinamento diário; o tamanho e peso do instrumento; e a relação antropométrica para cada tipo de instrumento poderia também influenciar o surgimento de síndromes por uso excessivo.

Síndromes Compressivas dos Nervos Periféricos
As síndromes compressivas dos nervos periféricos constituem um complexo de sintomas relacionados à compressão dos nervos periféricos em seus respectivos trajetos. Esta compressão é considerada como uma forma de SUE e uma das causas seria o uso excessivo pela hipertrofia muscular ou tendinite.

As causas da pressão podem estar associadas aos movimentos repetitivos que podem ocasionar hipertrofia muscular local e irritação dos tecidos e assim, ser relacionada à SUE.

As síndromes compressivas são observadas entre 10% e 30% dos instrumentistas especialmente flautistas, pianistas, guitarristas, violinistas e dentre outros instrumentistas de corda, possivelmente em função de estes instrumentos solicitarem a manutenção de posições sustentadas por longo período de hiperflexão do cotovelo ou hiperflexão e desvio de punhos.

Distonia Focal
Distonia focal é um termo usado para denominar as desordens do controle motor que se caracterizam por atingir grupos musculares restritos e que aparecem somente em determinadas ações, ela não está relacionada exclusivamente a profissão, porém, quando a distonia ocorre em função da atividade profissional é denominada distonia ocupacional.

A distonia ocupacional caracteriza-se por movimentos e posturas distônicas que ocorrem em função de uma ação específica. Os instrumentistas mais afetados são os tecladistas seguidos dos instrumentistas de cordas, porém também pode acometer instrumentistas de sopro.

Os movimentos distônicos são definidos como contrações prolongadas que têm tipicamente a natureza de uma torção e geralmente aumentam no decorrer da atividade. As posturas distônicas são definidas por alterações posturais bizarras provenientes da estabilização do segmento em uma postura imóvel podendo permanecer por período prolongado.

As principais queixas relacionadas às distonias são: rigidez dos dedos ou redução da velocidade de execução do instrumento; dificuldade em realizar os movimentos de forma harmônica; e incoordenação na execução da atividade com o instrumento com movimentos de extensão ou de flexão involuntária dos dedos naquelas passagens que requerem movimentação rápida e vigorosa. Geralmente culmina em abandono da carreira.

Uma técnica que pode ser utilizada para pessoas com dores agudas ou crônicas causadas por entorses, fraturas, contraturas, entre outros problemas musculares, como a intensa atividade exercida pelos músicos é a ventosa de bambu.

Ventosa de bambu
A ventosa de bambu é um tratamento indolor, recomendado para pessoas com dores agudas ou crônicas causadas por entorses, fraturas, contraturas, entre outros problemas musculares, que consiste em limpar todo sangue que se encontra parado no local lesionado. Este sangue sem movimento causa uma paralisação na circulação do Qi (energia vital interna), o que provoca dores e inflamações.

O procedimento é simples. Colocam-se pequenos pedaços de bambu para ferver, juntamente com um conjunto de ervas, que seguem princípios fitoterápicos. Faz se uma sangria em pontos específicos da região lesionada (pontos que seguem os mesmos princípios da acupuntura). Aplica-se o bambu sobre a pele e por meio do resfriamento provocado pelo ar do ambiente (sucção por vácuo), o bambu suga o sangue concentrado no local lesionado. A retirada do sangue parado por sucção traz uma sensação de alívio imediato ao paciente.

* Winne Chue Wei Li dedica-se às terapias manuais. Especializou-se em massoterapia chinesa clássica e quiropraxia. Formada em acupuntura, aperfeiçoou-se nas principais técnicas da Medicina Tradicional Chinesa. Também se especializou em técnicas como a Ventosa de Bambu, Fitoterapia Chinesa e Chi Kung Terapêutico. É Bacharel em Teologia, Direito e Fisioterapia.
Mais informações no link: https://drawinneli.wordpress.com/


SAIBA SOBRE O MÚSICO MATEUS SCHANOSKI:

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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas.







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