PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS - PRIMEIRA PARTE
CURIOSIDADES SOBRE O INSTRUMENTO QUE ME ENCANTA
PRINCIPALMENTE POR SUAS IMPERFEIÇÕES!
* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik
Adoro
piano. Sou apaixonado pelo piano! Desde que descobri a sonoridade ímpar e
espetacular do piano, este instrumento me encanta. O mais interessante é que o
encantamento vem em função, principalmente, das imperfeições que ainda permeiam
o Rei dos Instrumentos Musicais.
Repare:
se um piano estiver perfeitamente afinado, o som fica ruim, fica muito
certinho, perde a graça... O piano precisa de “tempero”. Por isso é
interessante reconhecer a qualidade de um bom afinador que saiba
"temperar" o som do piano de forma que as imperfeições criem a magia
do som que ele tem! Melodia e Harmonia se complementam, maravilhosamente,
nestas imperfeições.
Vamos
elencar, então, algumas curiosidades com relação a ele? A primeira grande
curiosidade sobre o piano é que exatamente hoje o piano está no seu máximo.
Esqueça esta conversa fiada de pianos que foram tocados por Beethoven, Listz,
Shumman e que tinham uma sonoridade incrível.
Os
primeiros pianos eram sofríveis em termos de sonoridade! Os pianos do século
XIX eram fracos. Os pianos do começo do século XX não tinham, ainda, a boa
qualidade que temos hoje nos pianos acústicos. Pianos da era Mozart, Beethoven,
Bach, Handel não seguravam afinação, tinham que ser afinados constantemente.
Nessa
época, a marca mais vibrante de “pianoforte” era o Silberman. Hoje, o piano está
com a sua melhor sonoridade, com o seu melhor desempenho, com a melhor
tecnologia.
A
segunda curiosidade e a mais impressionante é que, de cada 100 pianistas
concertistas, 200 entendem “patavinas” sobre o piano, sobre a sua sonoridade,
sobre a sua construção.
Muito
pouca gente sabe diferenciar um bom piano, mas um bom piano mesmo, de um piano
com sonoridade normal. As pessoas ainda se influenciam pelas letrinhas escritas
em frente às teclas. Lamentável!
Terceira
curiosidade bastante interessante é que o “inventor” do Piano, Bartolomeo
Cristofori di Francesco, não vendeu nenhum piano. Desenvolveu o produto mas não
houve interesse nele não. Aliás, chamou o novo instrumento de “Arpicembalo”!
Somente
uns trinta anos mais tarde é que o sistema de “martelar” as cordas, “col piano
e forte”, ou seja, com expressão, é que passou a fazer algum sentido para os
“tecladistas” da época.
Quarta
curiosidade, o Piano Acústico tem prazo de validade! Isso mesmo, prazo de
validade. Portanto, não me venha com aquela conversa de que o piano da sua avó
é fantástico porque é da década de trinta. Veja: piano de concerto dura uns 15
anos; piano residencial, entre 30 e 40 anos. Depois disso, precisa ser trocado
por um novo, porque a sonoridade do piano perdeu a sua energia e vibração.
Quinta
curiosidade, a peça funda mental para a afinação do piano, o
diapasão, foi desenvolvido e projetado por John Shaw em 1711.
Sexta
curiosidade, Johannes Zumpe 'inventa' o primeiro Square Piano em 1766. Este
modelo tinha como objetivo ampliar o comércio do instrumento, já que poderia
ser adquirido pela burguesia normal das cidades Europeias e Americanas.
Sétima
e fantástica curiosidade! Só em 1768 é que o piano foi apresentado numa sala de
concerto. Antes desta data, somente os Reis e a turma da corte é que tinham o
privilégio de ter um “piano-forte” nas suas salas de recitais!
Oitava
curiosidade, o pedal “Una Corda” é introduzido nos pianos, por John Joseph
Merlin, em 1774.
Nona
curiosidade, o grande fabricante de pianos do final do século XVIII e início do
século XIX era o Erard. Os Pianos Playel só ficaram famosos em função do
Marketing de Chopin e Listz. Mas, não chegavam aos pés do Erard.
Décima
curiosidade, só em 1783 é que aparece o tal do pedal de sustain. O fabricante
Broadwood é quem introduziu esta tecnologia ao piano. Antes, o sustain era
feito pelo joelho. Você colocava uma “caixinha” nos pés para que os joelhos
encostassem no piano. Quando você precisava do sustain, empurrava os joelhos
para cima... Emocionante!
E,
olha que incrível: só em 1795 é que o “piano” ganha seis, eu disse seis,
oitavas!
Conclusão
sobre a evolução do Piano no Século XVIII: o piano não nasceu bem, não!
Cristofori desenvolveu um produto que não gerou interesse naqueles tempos. E
olha que ele era um dos mais renomados fabricantes de “cravo e canela” da
época! (Pelo amor de Deus, amigos: “cravo e canela” é uma brincadeira, tá?)
Apesar
de toda tecnologia, conhecimento de madeira e marcenaria, os pianos eram
lindos, mas tinham um som muito, mas muito ruim. Os modelos “Square” tinha 4/5
oitavas e desafinavam sempre, além de parecer que você estava tocando numa
harpa martelada.
Como
o “escapement” ainda estava engatinhando em termos de know how e tecnologia,
muitos pianos não tinham velocidade na repetição das notas e, a mais das vezes,
o som ficava “zuado” com a aproximação constante do martelo nas cordas.
O
“harpsichord” e o “clavichord” estavam no seu auge em termos de sonoridade e
musicalidade; as cordas beliscadas ainda “beliscavam” o interesse dos
“tecladistas”. Nenhum artista da época queria perder um beliscão!
Prepare-se,
porque quando chegarmos ao século XIX e XX, as curiosidades vão ficar cada vez
mais interessantes. Teve até uma fogueira de pianos nos Estados Unidos para
encerrar as atividades de um modelo de piano.
Aguarde!
Avante!
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*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado ( http://musicaemercado.org/ ).
foto de Maurício Jelê
Excelente matéria!
ResponderExcluirObrigada por seu comentário Márcio. Luiz é um mestre fenomenal! Abraço!!
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