terça-feira, 27 de junho de 2017


PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS - PRIMEIRA PARTE

CURIOSIDADES SOBRE O INSTRUMENTO QUE ME ENCANTA PRINCIPALMENTE POR SUAS IMPERFEIÇÕES!
 * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

Adoro piano. Sou apaixonado pelo piano! Desde que descobri a sonoridade ímpar e espetacular do piano, este instrumento me encanta. O mais interessante é que o encantamento vem em função, principalmente, das imperfeições que ainda permeiam o Rei dos Instrumentos Musicais.

Repare: se um piano estiver perfeitamente afinado, o som fica ruim, fica muito certinho, perde a graça... O piano precisa de “tempero”. Por isso é interessante reconhecer a qualidade de um bom afinador que saiba "temperar" o som do piano de forma que as imperfeições criem a magia do som que ele tem! Melodia e Harmonia se complementam, maravilhosamente, nestas imperfeições.

Vamos elencar, então, algumas curiosidades com relação a ele? A primeira grande curiosidade sobre o piano é que exatamente hoje o piano está no seu máximo. Esqueça esta conversa fiada de pianos que foram tocados por Beethoven, Listz, Shumman e que tinham uma sonoridade incrível.

Os primeiros pianos eram sofríveis em termos de sonoridade! Os pianos do século XIX eram fracos. Os pianos do começo do século XX não tinham, ainda, a boa qualidade que temos hoje nos pianos acústicos. Pianos da era Mozart, Beethoven, Bach, Handel não seguravam afinação, tinham que ser afinados constantemente.

Nessa época, a marca mais vibrante de “pianoforte” era o Silberman. Hoje, o piano está com a sua melhor sonoridade, com o seu melhor desempenho, com a melhor tecnologia.

A segunda curiosidade e a mais impressionante é que, de cada 100 pianistas concertistas, 200 entendem “patavinas” sobre o piano, sobre a sua sonoridade, sobre a sua construção.

Muito pouca gente sabe diferenciar um bom piano, mas um bom piano mesmo, de um piano com sonoridade normal. As pessoas ainda se influenciam pelas letrinhas escritas em frente às teclas. Lamentável!

Terceira curiosidade bastante interessante é que o “inventor” do Piano, Bartolomeo Cristofori di Francesco, não vendeu nenhum piano. Desenvolveu o produto mas não houve interesse nele não. Aliás, chamou o novo instrumento de “Arpicembalo”!

Somente uns trinta anos mais tarde é que o sistema de “martelar” as cordas, “col piano e forte”, ou seja, com expressão, é que passou a fazer algum sentido para os “tecladistas” da época.

Quarta curiosidade, o Piano Acústico tem prazo de validade! Isso mesmo, prazo de validade. Portanto, não me venha com aquela conversa de que o piano da sua avó é fantástico porque é da década de trinta. Veja: piano de concerto dura uns 15 anos; piano residencial, entre 30 e 40 anos. Depois disso, precisa ser trocado por um novo, porque a sonoridade do piano perdeu a sua energia e vibração.

Quinta curiosidade, a peça funda mental para a afinação do piano, o diapasão, foi desenvolvido e projetado por John Shaw em 1711.

Sexta curiosidade, Johannes Zumpe 'inventa' o primeiro Square Piano em 1766. Este modelo tinha como objetivo ampliar o comércio do instrumento, já que poderia ser adquirido pela burguesia normal das cidades Europeias e Americanas.

Sétima e fantástica curiosidade! Só em 1768 é que o piano foi apresentado numa sala de concerto. Antes desta data, somente os Reis e a turma da corte é que tinham o privilégio de ter um “piano-forte” nas suas salas de recitais!

Oitava curiosidade, o pedal “Una Corda” é introduzido nos pianos, por John Joseph Merlin, em 1774.

Nona curiosidade, o grande fabricante de pianos do final do século XVIII e início do século XIX era o Erard. Os Pianos Playel só ficaram famosos em função do Marketing de Chopin e Listz. Mas, não chegavam aos pés do Erard.

Décima curiosidade, só em 1783 é que aparece o tal do pedal de sustain. O fabricante Broadwood é quem introduziu esta tecnologia ao piano. Antes, o sustain era feito pelo joelho. Você colocava uma “caixinha” nos pés para que os joelhos encostassem no piano. Quando você precisava do sustain, empurrava os joelhos para cima... Emocionante!

E, olha que incrível: só em 1795 é que o “piano” ganha seis, eu disse seis, oitavas!

Conclusão sobre a evolução do Piano no Século XVIII: o piano não nasceu bem, não! Cristofori desenvolveu um produto que não gerou interesse naqueles tempos. E olha que ele era um dos mais renomados fabricantes de “cravo e canela” da época! (Pelo amor de Deus, amigos: “cravo e canela” é uma brincadeira, tá?)

Apesar de toda tecnologia, conhecimento de madeira e marcenaria, os pianos eram lindos, mas tinham um som muito, mas muito ruim. Os modelos “Square” tinha 4/5 oitavas e desafinavam sempre, além de parecer que você estava tocando numa harpa martelada.

Como o “escapement” ainda estava engatinhando em termos de know how e tecnologia, muitos pianos não tinham velocidade na repetição das notas e, a mais das vezes, o som ficava “zuado” com a aproximação constante do martelo nas cordas.

O “harpsichord” e o “clavichord” estavam no seu auge em termos de sonoridade e musicalidade; as cordas beliscadas ainda “beliscavam” o interesse dos “tecladistas”. Nenhum artista da época queria perder um beliscão!

Prepare-se, porque quando chegarmos ao século XIX e XX, as curiosidades vão ficar cada vez mais interessantes. Teve até uma fogueira de pianos nos Estados Unidos para encerrar as atividades de um modelo de piano.


Aguarde! Avante!
______________________
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado (  http://musicaemercado.org/ ).
 foto de Maurício Jelê 



2 comentários: