Luís Rabello - O embaixador da música brasileira
RADICADO NA EUROPA, O PREMIADO PIANISTA
CARIOCA LEVA REPERTÓRIO BRASILEIRÍSSIMO PARA O EXTERIOR.
* Por Heloísa Godoy Fagundes
Natural
do Rio de Janeiro e com uma carreira de sucesso no Brasil e no exterior, Luís Rabello – pertencente
a uma família composta por músicos de
renome – é considerado um dos grandes nomes do piano brasileiro.
Formado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pelos Conservatórios Tchaikovsky, de Moscow e de Rotterdan, o pianista brasileiro teve professores como Sônia Goulart, Mordehai Simoni e Myrian Dauelsberg – ex-alunos de mestres como Arturo Benedetti-Michelangeli e Stefan Askenase Vlado Perlemuter.
No
Conservatório Tchaikovsky em Moscou estudou com Andrei Pisarev e, em seu
mestrado, no Conservatório de Rotterdan teve como professor Aquiles Delle
Vigne, ex-aluno de Claudio Arrau e Gyorgy Cziffra. Em ambos os cursos, o pianista conquistou o máximo reconhecimento
acadêmico.
Vencedor
de vários prêmios no Brasil, Rabello foi considerado recentemente pela imprensa
espanhola como o “Embaixador
da Música Brasileira”. Esse apelido não é à toa, pois além da
sua contribuição como intérprete, Luís Rabello é pesquisador e um dos grandes
divulgadores da obra do compositor Radamés Gnatalli.
Segundo
o pianista, o interesse pela obra de Gnattali teve influência familiar. Seus
tios Luciana e Raphael Rabello foram amigos e parceiros musicais de Radamés e
desde que conheceu o sobrinho dele, Roberto Gnatalli, teve acesso a um rico
acervo, com manuscritos e gravações do próprio Radamés ao piano. “Em
pouco tempo percebi que estava diante de um tesouro que havia sido pouquíssimo
explorado.”
Toda
essa admiração e amizade pela família Gnatalli o fez lançar, em 2014, o CD
Radamés Gnattali – Piano Recital. Na obra, Rabello toca algumas peças do
compositor nunca antes gravadas, como a Sonata para Piano n.1. O álbum foi
lançado pela gravadora Acari Records e apresentado no De Doelen, em Rotterdan
para um público de holandeses e turistas brasileiros. Além
disso e, paralelamente, o pianista desenvolve um duo com a violonista holandesa
Floor Braam, com a qual apresenta obras para violino e piano de Radamés.
Recentemente,
Rabello retornou ao Brasil para nova turnê apresentando-se por todos os Estados
do Sudeste. Em Belo Horizonte e Vitória, o pianista se apresentou na Série
Concertos Virtuosi, produzida pela Virtuosi
Produções Artísticas, agência da qual faz parte do time de
talentos. Destaque também para as apresentações do artista no Rio
de Janeiro, onde se apresentou na Sala Cecília Meireles
em recital que integrou a
programação do Ciclo Prokofiev, homenagem ao compositor russo.
Para
finalizar a turnê em grande estilo, Rabello foi à Piracicaba para concerto
junto à Camerata de Cordas da Orquestra Filarmônica Jovem de Piracicaba, sob
regência do maestro Anderson de
Oliveira. Na ocasião, os músicos fizeram um concerto homenageando os grandes
compositores da música brasileira: Villa-Lobos, Ernst Mahle e Radamés Gnattali.
O repertório trouxe peças importantes de cada um dos compositores e fez
reverência a estes que foram alguns dos responsáveis por imprimir brasilidade
na música erudita.
Leia,
a seguir, a entrevista exclusiva para a Revista Keyboard Brasil.
Luis Rabello e sua irmã, a atriz Júlia
Rabello. Desde os 7 anos de idade já sabia que era músico.
Luis Rabello lançou, em 2014, o CD
Radamés Gnattali – Piano Recital.
ENTREVISTA...
Revista Keyboard Brasil – Primeiramente
gostaria de agradecer esse tempo que você disponibilizou para nos conceder essa
entrevista, pois sabemos que está realizando uma série de concertos na Europa!
Luis Rabello: Me
sinto muito feliz e honrado com a gentileza da Revista Keyboard Brasil em me
convidar para esta entrevista.
Revista Keyboard Brasil – Você nasceu em uma família de músicos. Fale
um pouco sobre isso.
Luis Rabello:
Cresci num ambiente muito rico culturalmente, minha família é composta de
muitos músicos importantes. Mas além da música, a literatura, o teatro e a
dança também eram outras formas de arte muito presentes no meu ambiente familiar. A leitura sempre foi uma
coisa incentivada dentro de casa. Isso
sem dúvida me influenciou, mais até do que eu podia perceber quando era
criança.
Revista Keyboard Brasil – Quais suas lembranças musicais mais antigas?
O que se ouvia?
Luis Rabello:
Minha lembrança mais remota sobre meus primeiros passos na música remontam dos
meus quatro ou cinco anos de idade. Lembro-me de estar no escritório do meu pai
e colocar na vitrola um LP da quinta sinfonia de Beethoven e reger uma
orquestra imaginária ao som da gravação. Nesta altura ainda não havia começado
a estudar piano, mas já tinha muito interesse sobre o assunto música. Lembro
também dos encontros musicais na casa da minha avó Amélia onde escutei gente
como Paco de Lucia, Tom Jobim e meu tio Raphael tocarem em pessoa.
Revista Keyboard Brasil – Podemos afirmar que o ambiente familiar foi
fundamental para a escolha da sua profissão. Mas pensou em seguir outra
carreira?
Luis Rabello:
Desde os sete anos de idade, quando comecei com o piano, as pessoas me
perguntavam “o que você quer ser quando
crescer?”. Eu tinha sempre a resposta pronta na ponta da língua “quando eu crescer não, eu já sou músico!” Minha
identidade como músico sempre esteve muito clara na minha cabeça, desde aquela
época.
Revista Keyboard Brasil – Por que
escolheu o piano como instrumento?
Luis Rabello: Na
verdade, uma vez observando o interesse que eu tinha pela música, minha família
optou pelo piano como porta de entrada para a música. E foi paixão imediata.
Revista Keyboard Brasil – Por que decidiu trilhar o caminho clássico e
não o popular como todo o restante da sua família?
Luis Rabello: É
uma pergunta que me é feita com bastante frequência e a melhor resposta que
posso dar é que desde muito cedo minha identidade como pianista clássico foi
muito clara. Meu interesse por escutar Beethoven, Chopin, Mozart, de comprar e
ler as suas obras (que muitas vezes ainda não estava preparado para tocar, mas
lia mesmo assim) sempre foi muito forte. Sempre tive tremendo respeito e
admiração pelos músicos da minha família, que fazem música popular da mais alta
qualidade. Da mesma forma a família nunca interferiu ou tentou influenciar para
que eu apontasse para uma direção musical diferente. Pelo contrário, sempre
tiveram muito orgulho do meu caminho, e sou muito grato a eles por isso.
Revista Keyboard Brasil – Conte-nos sobre sua formação e como surgiu o
convite para estudar no Conservatório Tchaikovsky em Moscou.
Luis Rabello:
Comecei a estudar piano aos sete anos de idade em Niterói, com a professora
Lilian Teixeira. Passados alguns meses a Lilian casou foi morar em Juiz de
Fora. Comecei a ter aulas com a professora Rosângela Azevedo. A partir de um
determinado momento, foi-se percebendo um potencial grande e minha família
tentou um passo mais importante, tentar que eu tivesse aulas com um professor
importante. Buscamos então contato com a Sônia Goulart, que era e ainda é uma
grande pianista. Nessa altura eu tinha uns dez anos de idade. A Sônia era
professora da UFRJ na graduação e no mestrado. Tinha uma classe fortíssima e
uma super reputação como pianista. A estória que vou contar agora é bem
interessante. Fizemos contato com ela ao longo de um ano e ela sempre nos dizia
que estava sem horário e que não poderia ainda me escutar. Ao cabo de vários meses,
ela finalmente nos sugeriu visitar uma reunião de alunos dela na Escola
Nacional de Música da UFRJ, na reunião ela poderia me escutar mas que ainda
assim a sua agenda seguia cheia para aulas. Finalmente na reunião pude tocar
pela primeira vez para Sônia que ficou muito impressionada comigo. Virou-se
para a minha mãe e disse “o seu filho
realmente tem muitíssimo talento, me interessaria muito mesmo dar aulas para
ele mas infelizmente meus horários estão todos tomados”. Havia mais uns cinco alunos presentes na
reunião, um deles era uma moça que estava grávida de uns seis meses, não me
lembro do nome dela, que vergonha! O fato é que ela virou-se para Sônia e disse
que ela, Sônia, tinha de qualquer maneira dar aula para aquele menino, que um
talento como aquele não podia ir para mão de qualquer um, tinha que ser ela.
Então a moça grávida disse que havia conversado com os outros colegas e que
eles decidiram abrir mão, cada um, de dez minutos de suas próprias aulas para
que eu pudesse ser encaixado no grupo. A partir disso, e de uma maneira
improvisada que não se saberia por quanto tempo poderia ser sustentada, eu
comecei a ter aulas com a Sônia Goulart, graças àquela moça grávida.
Tragicamente alguns meses depois essa moça faleceu em seu trabalho de parto,
acabei ficando com a sua vaga. Devo muito da minha formação de base à Sônia
Goulart e ao Mordehai Simoni. A ida para Moscou, estudar no Conservatório
Tchaikovsky, surgiu em 1996, quando toquei um recital no Teatro Nacional, em
Brasília. Estava presente na plateia o adido cultural da embaixada russa em
Brasília, que ficou muito impressionado com a apresentação e me procurou após o
recital. Disse, então, que meu recital o havia tocado muito e se eu não teria
interesse de estudar no Conservatório Tchaikovsky, em Moscou, que se eu
estivesse de acordo que ele se empenharia para que isso acontecesse. Um ano
depois eu chegaria em Moscou. Alí fiquei por dois anos, tive aulas com um
grandíssimo pianista, Andrei Pisarev, e pude respirar e vivenciar o ambiente
onde se toca melhor o piano no mundo. Após a Rússia voltei ao Brasil e concluí
minha graduação na UFRJ. Na sequência da UFRJ, veio um capítulo também
importantíssimo da minha trajetória que foi o período que estudei com a Myrian
Dauelsberg. A Myrian foi uma grande incentivadora que me abriu os horizontes
profissionais e com quem também aprendi tremendamente sobre música. Sou
imensamente grato à Myrian por tudo que ela fez e ainda faz por mim.
Revista Keyboard Brasil – Você fez seu
mestrado no Conservatório de Rotterdam, na Holanda. Alguma passagem
interessante que você gostaria de nos contar?
Luis Rabello: Em
2006 estava passando uma temporada de alguns meses na Europa, tocando alguns
concertos na Itália e na França. Conheci o Aquiles Delle Vigne, que foi meu
professor aqui em Rotterdam e, em Trani, na Itália. Ambos estávamos nos
apresentando num Festival nesta cidade. Delle Vigne gostou muito do meu recital
e tivemos um bom primeiro contato. Passados alguns dias eu fui a Florença
visitar um amigo e por coincidência Delle Vigne estava dando um masterclass lá.
Fiz o masterclass com ele e daí surgiu o convite para fazer o mestrado em
Rotterdam na sua classe. Me formei com nota máxima, 10 summa cum laude e, como minha tese de mestrado tinha a ver com
música brasileira (escrevi umas variações sobre um tema de Paganini em estilo
de Choro), o departamento de Latin music do Conservatório me convidou para dar
aulas de técnica pianística e repertório clássico para os pianistas alunos
desse departamento.
Revista Keyboard Brasil – Quais foram os
pianistas que mais te influenciaram em sua maneira de tocar piano?
Luis Rabello:
Muitos pianistas me influenciaram e muitos continuam influenciando. Para citar
alguns de cujas gravações me acompanham desde a mais tenra infância: Vladimir
Horowitz, Arthur Rubinstein, Claudio Arrau, Arturo Benedetti-Michelangeli e
Gyorgy Cziffra. Dos brasilei-ros: Sônia Goulart, Guiomar Novaes, Nelson Freire,
Arthur Moreira Lima, José Carlos Coccareli e Arnaldo Cohen. Dos atuais Arcadi
Volodos, Grigory Sokolov, Martha Argerich e Jorge Luis Prats.
Revista Keyboard Brasil – Você é reconhecido no Brasil e no exterior
por seu talento musical e foi apelidado pela imprensa espanhola de “embaixador
da música brasileira”. Então queremos saber: o que significa a música para
você?
Luis Rabello:
Música é a organização das emoções no tempo e espaço através do som.
Revista Keyboard Brasil – O Brasil é uma terra de excelentes pianistas.
Como você avalia nossa formação universitária?
Luis Rabello: O
Brasil realmente é um celeiro de grandes pianistas, talentos extraordinários
brotam da nossa terra. Infelizmente a maioria desses talentos ainda tem que
sair do Brasil para conquistar o mercado da música clássica na Europa ou nos
EUA. O Brasil tem grandes professores, gente de primeiríssimo time, mas o
mercado de música ainda é muito restrito. Um pianista para ter credibilidade no
mercado brasileiro tem que primeiro conquistar
respeitabilidade no exterior.
RKB –
Você decidiu pesquisar sobre a obra de Radamés Gnattali e até lançou um
brilhante trabalho pela aproximação das famílias Gnattali e Rabello. Fale sobre
isso.
LR: A família Rabello
teve sempre uma relação muito próxima com o Radamés. Meu tio Raphael e Radamés
gravaram alguns discos juntos. Gnattali escreveu algumas obras dedicadas a ele.
Outra pessoa da família que teve uma amizade muito grande com o Radamés foi
minha tia Luciana Rabello. Em 2005, conheci o Roberto Gnattali, compositor e
arranjador, sobrinho do Radamés. Através
do Roberto, tive acesso a gravações e também algumas partituras do Radamés,
alguns manuscritos de obras nunca publicadas e portanto nunca gravadas. Pouco a
pouco pude perceber que estava diante de um tesouro musical e que tinha que
deixar o registro disso para a posteridade. O lançamento do CD Radamés Gnattali
– Piano Recital é o resultado dessa impressão. No CD, o público pode escutar a
primeira gravação da Sonata para piano n.1 do Radamés. Me orgulho muito de ter
feito a estreia mundial de algumas obras do Radamés Gnattali, a Sonata para
piano é uma delas. Em maio deste ano fiz a estreia do Concertino n.1 para piano
e orquestra de cordas com flauta. Daqui a mais alguns dias farei a estreia do
seu Poema para violino e piano num recital aqui em Rotterdam, com a violinista
Floor Braam.
RKB – Sintetizando a simplicidade da sua personalidade e a sua relação com a
vida e a música, certa vez Radamés Gnatalli disse: - Para mim, só existe música
de duas espécies: a boa e a ruim. O que você pode nos dizer sobre essa
afirmação?
LR: Rotular a música de
clássica ou popular é um hábito que ao longo de muito tempo associava a música
clássica como uma música sofisticada, apreciada apenas por um público mais
instruído e a música popular com uma música mais simplória. Nada mais longe da
verdade. Se encontra e se faz boa e má música em todos os gêneros musicais
conhecidos.
RKB – Como é sua rotina de estudos? Pratica todos os dias?
LR: Eu estudo de 0 a 12
horas por dia. O ritmo de estudo hoje em dia depende muito da agenda. Já tive
ocasiões de ter um recital num sábado e meu último dia de estudo ser na
segunda-feira anterior. Desenvolvi também a capacidade de estudar sem
instrumento, só na cabeça, ajuda muitíssimo e procuro ensinar meus alunos a
fazer o mesmo.
RKB – Você faz parte do time de talentos da Virtuosi Produções Artísticas.
Fale sobre essa parceria.
LR: É uma parceria que
está se mostrando super promissora. A Virtuosi vem crescendo muito, grandes
artistas estão entrando para o time e para mim é uma grande alegria trabalhar
com eles.
RKB – Continue a frase: a música tem o poder de....
LR: Transformar e
melhorar a nós mesmos.
RKB –
Podemos dizer que Luis Rabello é um pianista realizado profissionalmente?
LR: Temos que estar
felizes o suficiente para ter o entusiasmo de seguir trabalhando e, de uma
certa forma também, um pouco de insatisfação é também um ingrediente importante
na receita, faz com que a gente siga batalhando para galgar espaços ainda mais
altos na carreira. A realização profissional vem de um equilíbrio entre a entusiasmo
e insatisfação.
RKB –
Tem em vista projetos futuros?
LR: Concertos aqui na
Europa neste primeiro semestre de 2017. Em agosto devo entrar em estúdio para
gravar a obra completa para violino e piano do Radamés Gnattali junto com uma
grande violinista holandesa, Floor Braam. Começamos um duo esse ano, a química
musical é super boa e é um grande prazer tocar com ela. A poucos dias recebemos
a notícia de que o projeto para gravar esta obra para piano e violino do
Radamés foi aprovado pelo Edital de Fomento da Secretaria de Cultura do Rio de
Janeiro, tendo recebido a nota mais alta na categoria música concorrendo com
milhares de outros projetos.
RKB – Gostaria de deixar uma mensagem
aos leitores da Revista Keyboard Brasil?
LR: Quero dizer aos
leitores da Revista Keyboard Brasil que esta é uma publicação de alta qualidade
e que sigam prestigiando o trabalho da revista. Outra coisa, escutem música
boa, não importa se clássica ou popular. A boa música faz bem para alma, apura
o nosso senso estético e, muitas vezes, também nos cura.
RKB –
Desejamos sucesso sempre e feliz Natal!
LR: Um feliz Natal e um
próspero ano novo a todos! Um feliz 2017 para todos nós!
Radamés Gnatalli...
Com talento, Radamés Gnatalli derrubou fronteira entre música erudita e popular, além de influenciar músicos como Tom Jobim, Wagner Tiso, Egberto Gismonti e César Camargo Mariano.
Considerado um dos grandes gênios da música brasileira do século XX, Radamés Gnattali (1906-1988) foi regente, pianista e arranjador e é reconhecido por sua atuação, tanto no erudito, quanto no popular.
Sua obra é extensa, mas grande parte dela ainda é desconhecida do público. Radamés era filho de Adélia Fossati, pianista gaúcha, e do italiano Alessandro Gnattali, que tocava piano, bandolim e contrabaixo. O casal Gnattali mostrou sua paixão pela ópera ao batizar os filhos com nomes de personagens de Verdi: Radamés, Ernani e Aída.
Radamés, aos seis anos, iniciou os estudos de piano e violino com sua mãe. Com apenas nove anos, foi premiado pelo cônsul da Itália em uma festa, depois de reger uma orquestra infantil, com arranjos feitos por ele. Aos 14 anos, ingressou no Conservatório para estudar piano, aprender violão e cavaquinho e aperfeiçoar-se no violino. Teve como professor e fiel incentivador Guilherme Fontainha.
Estudou para ser concertista e tocou no Cine Colombo, acompanhando filmes mudos. Além disso, tocou em bailes e deu aulas particulares de piano para ganhar algum dinheiro. Em 1924, Radamés apresentou-se como pianista no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro.
De volta a Porto Alegre, concorreu ao Prêmio Araújo Viana e ganhou a medalha de ouro. Mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro no início dos anos 1930. A partir de 1931, dedicou-se com afinco à composição.
Foi regente da orquestra da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e autor de seis mil arranjos, sendo considerado o melhor arranjador de música popular no Brasil. Para o programa "Um Milhão de Melodias", que ficou 13 anos no ar, chegava a criar nove arranjos por dia.
Em 1941, passou oito meses em Buenos Aires, contratado pela "Hora do Brasil", da Rádio Municipal, da capital Argentina. De 1963 a 1967, o compositor trabalhou na TV Excelsior. A partir de então e até 1986, foi arranjador e regente da TV Globo.
Entre suas composições figuram as dez "Brazilianas", quartetos e trios e 26 concertos - entre eles um concerto para piano e orquestra, concertos para harpa e clarineta e um Concerto para Harmônica de Boca, dedicado a Eduardo Nadruz (Edu da Gaita).
Em 1986, Radamés sofreu um derrame que o deixou com o lado direito do corpo paralisado. Dois anos depois, sofreu outro derrame, falecendo no dia 13 de fevereiro.
Tom Jobim dedicou-lhe o poema: "Alô Radamés, já comprei amendoim":
Sua obra é extensa, mas grande parte dela ainda é desconhecida do público. Radamés era filho de Adélia Fossati, pianista gaúcha, e do italiano Alessandro Gnattali, que tocava piano, bandolim e contrabaixo. O casal Gnattali mostrou sua paixão pela ópera ao batizar os filhos com nomes de personagens de Verdi: Radamés, Ernani e Aída.
Radamés, aos seis anos, iniciou os estudos de piano e violino com sua mãe. Com apenas nove anos, foi premiado pelo cônsul da Itália em uma festa, depois de reger uma orquestra infantil, com arranjos feitos por ele. Aos 14 anos, ingressou no Conservatório para estudar piano, aprender violão e cavaquinho e aperfeiçoar-se no violino. Teve como professor e fiel incentivador Guilherme Fontainha.
Estudou para ser concertista e tocou no Cine Colombo, acompanhando filmes mudos. Além disso, tocou em bailes e deu aulas particulares de piano para ganhar algum dinheiro. Em 1924, Radamés apresentou-se como pianista no Instituto Nacional de Música do Rio de Janeiro.
De volta a Porto Alegre, concorreu ao Prêmio Araújo Viana e ganhou a medalha de ouro. Mudou-se definitivamente para o Rio de Janeiro no início dos anos 1930. A partir de 1931, dedicou-se com afinco à composição.
Foi regente da orquestra da Rádio Nacional, do Rio de Janeiro, e autor de seis mil arranjos, sendo considerado o melhor arranjador de música popular no Brasil. Para o programa "Um Milhão de Melodias", que ficou 13 anos no ar, chegava a criar nove arranjos por dia.
Em 1941, passou oito meses em Buenos Aires, contratado pela "Hora do Brasil", da Rádio Municipal, da capital Argentina. De 1963 a 1967, o compositor trabalhou na TV Excelsior. A partir de então e até 1986, foi arranjador e regente da TV Globo.
Entre suas composições figuram as dez "Brazilianas", quartetos e trios e 26 concertos - entre eles um concerto para piano e orquestra, concertos para harpa e clarineta e um Concerto para Harmônica de Boca, dedicado a Eduardo Nadruz (Edu da Gaita).
Em 1986, Radamés sofreu um derrame que o deixou com o lado direito do corpo paralisado. Dois anos depois, sofreu outro derrame, falecendo no dia 13 de fevereiro.
Tom Jobim dedicou-lhe o poema: "Alô Radamés, já comprei amendoim":
"Meu amigo Radamés é coisa melhor que tem
É um dia de sol na floresta, é a graça de querer bem
Radamés é água alta, é fonte que nunca seca
É cachoeira de amor, é chorão, é rei da peteca
Deu sem saber que dava e deu muito mais que tinha
Multiplicaram-se os pães, multiplicou-se a sardinha
O Radar é concertista, compositor, pianista, orquestrador, maestrão
E, mais que tudo, é amigo, navega junto contigo
É constante doação
Ajudou a todo mundo, e mais ajudou a mim.
Alô Radamés, te ligo
Aqui fala o Tom Jobim
Vamos tomar um chope
Te apanho na mesma esquina
Já comprei o amendoim."
SAIBA MAIS SOBRE LUIS RABELLO:
http://www.lfrabello.com/
https://www.facebook.com/luisrabellopiano/?fref=ts
https://www.youtube.com/user/davilarabello
SAIBA MAIS SOBRE RAMADÉS GNATALLI
https://www.facebook.com/RadamesGnatalli/
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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil.
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