SÉRIE DOMINGOS CLÁSSICOS EM MINAS GERAIS ESTÁ DE VOLTA!!
A ESTREIA DO CONCERTINO Nº 1 DE RADAMÉS GNATTALI MARCA A VOLTA DA SÉRIE DOMINGOS CLÁSSICOS, UMA PARCERIA ENTRE O SESC PALLADIUM E A ORQUESTRA OURO PRETO, COM CURADORIA DE MARCOS SOUZA E RODRIGO TOFFOLO.
* Por Heloísa Godoy Fagundes
Na abertura da temporada 2016, a Série Domingos Clássicos – uma parceria entre o Sesc Palladium e a Orquestra Ouro Preto, com curadoria de Marcos Souza e Rodrigo Toffolo – realizou uma homenagem ao maestro e compositor brasileiro Radamés Gnatalli (1906 – 1988), com a estreia mundial de “Concertino para Piano, Orquestra de Cordas e Flauta”, obra escrita por Radamés em 1942.
Pianista e arranjador gaúcho, Radamés Gnatalli é considerado um dos grandes gênios da música brasileira do século XX. Sua obra transitou entre o erudito e o popular, tendo escrito uma série de composições para música sinfônica e de câmara, assim como um vasto trabalho dedicado à orquestração e arranjos de canções vinculadas a grandes artistas e cantores da música popular brasileira. Sua obra é extensa, mas grande parte dela ainda é desconhecida pelo público.
“Radamés Gnatalli foi um dos responsáveis pelos primeiros respiros de uma música nacional brasileira. Transitou muito bem entre a música de orquestra e a música popular, por exemplo levando elementos do chorinho para suas composições eruditas”, afirma o maestro Rodrigo Toffolo.
“Radamés Gnatalli foi um dos responsáveis pelos primeiros respiros de uma música nacional brasileira. Transitou muito bem entre a música de orquestra e a música popular, por exemplo levando elementos do chorinho para suas composições eruditas”, afirma o maestro Rodrigo Toffolo.
Radamés Gnattali (1906-1988): um dos maiores responsáveis pela diluição das fronteiras entre o “erudito” e o “popular” no Brasil. Pianista, compositor e arranjador, atuou em praticamente todos os terrenos: deixou larga obra sinfônica e camerística e foi um dos mais importantes arranjadores brasileiros, com pelo menos cinco décadas de atuação em música popular. Deixou obras ainda por serem descobertas.
Em “Concertino para Piano, Orquestra de Cordas e Flauta”, Radamés imprimi uma linguagem tipicamente brasileira – característica de toda sua obra –, dentro de uma escrita moderna da música de concerto. “A peça possui uma ousadia harmônica, com um ritmo bem demarcado. Melodicamente, possui temas que podem ser facilmente encontrados na música popular brasileira”, avalia o maestro Rodrigo Toffolo.
O concerto, sob regência do maestro Rodrigo Toffolo, teve a participação especial do pianista brasileiro, radicado na Holanda, Luís Rabello. Com berço em uma família de músicos, o sobrinho do violonista Raphael Rabello é reconhecido pela imprensa europeia como “Embaixador da Música Brasileira”.
Segundo Rabello, o Concertino n.1 é uma peça interessante para o pianista, a orquestra e, principalmente, para o público: “A obra apresenta uma textura bastante transparente onde o pianismo é explorado de maneira que remonta ao classicismo. Ritmos brasileiros, politonalismo e muitos elementos jazzisticos fazem parte da receita desta deliciosa obra que, com muito orgulho, estreei”, destaca.
Para o maestro Toffolo, “a presença de um pianista de carreira internacional junto à Orquestra Ouro Preto, comprova a importância crescente de nosso grupo na esfera internacional da música de concerto, assim como a importância do projeto Domingos Clássicos e do Sesc Palladium na democratização do acesso à música de concerto”, e finaliza dizendo: “o pianista Luís Rabello é um grande instrumentista, que tem ligação forte com a obra e até com a família de Radamés. Uma figura que traz a oportunidade de entender mais o universo desse compositor”, completa Rodrigo Toffolo.
O concerto contou com outras três obras. Na primeira parte, “Suíte St. Paul”, do inglês Gustav Holst (1874-1934), e “Sonata Op.27, No. 2 – Ao Luar”, do alemão Ludwig Van Beethoven (1770-1827), que também contou com a participação de Luís Rabello. Já na segunda etapa do concerto, além da peça de Gnatalli, foi executada a obra de outro brasileiro: “Mini Concerto para Cordas”, do manauara Cláudio Santoro (1919-1989).
“Foi um programa bem eclético, que trouxe dois compositores estrangeiros e dois brasileiros”, comenta Rodrigo Toffolo, ressaltando que a vocação da Orquestra Ouro Preto é valorizar a música sinfônica brasileira. “Temos como obrigação difundir a música de orquestra brasileira. E é importante, também, que o público saiba valorizar essa nossa produção, que é tão vasta”, finaliza o maestro.
Luís Rabello
O brasileiro radicado na Holanda Luís Rabello é sobrinho do violonista Raphael Rabello (1962 -1995) e reconhecido pela imprensa europeia como “Embaixador da Música Brasileira”.
Detalhe da capa do álbum Tributo a Garoto (1982) com o maestro Radamés Gnattali e seu tio, o violonista Raphael Rabello.
Natural do Rio de Janeiro, o pianista brasileiro e artista da Virtuosi Produções¹, Luís Rabello, radicado na Holanda vem de uma família de músicos de renome. Estudou na UFRJ, no Conservatório Tchaikovsky em Moscow e concluiu seu mestrado na Holanda, no Conservatório de Rotterdan. Teve como professores Sônia Goulart, Moderhai Simone, Myrian Dauelsberg, Andrei Pisarev e Aquiles Delle Vigne.
Vencedor de vários prêmios no Brasil, atualmente Luís Rabello se dedica à pesquisa de toda obra para piano de Radamés Gnatalli, já tendo lançado um CD com algumas de suas peças para piano solo. Segundo o pianista, o interesse pela obra teve influência familiar. Seus tios Luciana e Raphael Rabello foram amigos e parceiros musicais de Radamés e desde que conheceu o sobrinho dele, Roberto Gnatalli, Rabello teve acesso a um rico acervo, com manuscritos e gravações do próprio Radamés ao piano. “Em pouco tempo percebi que estava diante de um tesouro que havia sido pouquíssimo explorado”, conclui Rabello.
O pianista tem realizado concertos na Europa em países como Alemanha, Bélgica, França, Espanha, Itália e Portugal. No Brasil, tem se apresentado nas principais salas de concerto, seja em concertos a solo ou com as mais importantes orquestras brasileiras.
ORQUESTRA OURO PRETO
A concepção de novos trabalhos no campo da música experimental rende, ao grupo, aclamação de público e crítica ao propor o
diálogo entre os universos erudito e popular. De seu legado, registra-se o Prêmio da Música Brasileira, como melhor álbum de MPB de 2014 por Valencianas – músicas de Alceu Valença acompanhadas pela Orquestra Ouro Preto.
Buscando reviver a histórica vocação musical da cidade de Ouro Preto (Minas Gerais), Rufo Herrera e Ronaldo Toffolo, associados a um grupo de instrumentistas que integravam o grupo Trilos e o Quarteto Ouro Preto, criaram, no ano de 2000, a Orquestra Experimental da UFOP, hoje Orquestra Ouro Preto.
Ao longo de 15 anos de trabalhos ininterruptos, a Orquestra Ouro Preto é formada por cerca de 20 músicos, aos quais se associam músicos convidados, em função do repertório a ser executado. Tem como Diretor Artístico e Regente Titular o Maestro Rodrigo Toffolo.
Do repertório dito padrão, comumente executado por orquestras de todo mundo, a projetos de caráter artístico-pedagógico, a Orquestra Ouro Preto vem se destacando como um grupo de câmara de excelência, ao dedicar especial atenção à efervescência cultural da América Latina, com foco na música brasileira de concerto e nas demais manifestações musicais de países vizinhos, assim como a pesquisa e difusão do repertório vinculado à Escola Mineira de Compositores do século XVII.
A concepção de novos trabalhos no campo da música experimental, rende ao grupo aclamação de público e crítica, ao propor o diálogo entre os universos erudito e popular, formando novos públicos e dinamizando o acesso à música de concerto. São importantes referências o trabalho dedicado à banda The Beatles, a parceria com Alceu Valença e com o multiartista Antônio Nóbrega.
Foto a esquerda: Disco Latinidade – indicado ao
Grammy Latino no ano de 2007.
Foto a direita: O erudito e o popular formando
novos públicos e dinamizando o acesso à
música de concerto. Aqui, a Orquestra Ouro
Preto e o trabalho dedicado à banda The Beatles.
Em sua circulação anual, por diversas cidades brasileiras e em países como Bolívia, Argentina, Inglaterra, Portugal e Espanha.De seu legado, registra-se o Prêmio da Música Brasileira, como melhor álbum de MPB de 2014 por Valencianas – Alceu Valença e Orquestra Ouro Preto; a Turnê Países e Comunidades de Língua Portuguesa, em parceria com a Missão do Brasil junto a CPLP, que teve como objetivo a divulgação da música latino-americana de concerto contemporânea; a gravação e lançamento do elogiado disco Latinidade – indicado ao Grammy Latino em 2007 e o documentário Compositores de Ontem e de Hoje, gravado para a TV France 5, com difusão na Europa e no Brasil, em 2005. Recentemente foram gravados o CD e o DVD Oito Estações – Vivaldi e Piazzolla e Concertos para Cordas – Antonio Vivaldi, ambos inéditos no Brasil.
MAESTRO RODRIGO TOFFOLO
Maestro Rodrigo Toffolo: Fundador e regente titular da Orquestra Ouro Preto.
Doutorando em Ciências Musicais na Universidade Nova de Lisboa, Mestre em Musicologia pelo Departamento de Pós-Graduação em Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rodrigo Toffolo estudou regência com o Maestro e Compositor Ernani Aguiar – um dos principais compositores brasileiros em atuação e também um dos grandes pesquisadores de música brasileira.
Nascido na cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, iniciou seus estudos acadêmicos em música no Instituto de Artes e Cultura da Universidade Federal de Ouro Preto, no ano de 1989, através do violino com o professor Moisés Guimarães. Em 1993 prosseguiu seus estudos na Escola de Formação de Instrumentistas de Cordas (EFIC/SESI), em Belo Horizonte, continuando o aperfeiçoamento no instrumento.
Em 1998, deu continuidade aos estudos de violino no Curso de Extensão da Universidade Federal de Minas Gerais, sob a orientação do Professor Edson Queiroz. Seguindo para o Rio de Janeiro, estudou com Mariana Salles e posteriormente com Ricardo Amado. Atuou durante anos como violinista do Quarteto Ouro Preto e do Grupo Trilos, este último com gravação de programas em rede nacional e internacional.
Integrante do grupo Bateia, formação camerística que tem como propósito a pesquisa e interpretação da música brasileira, por meio de conceitos interdisciplinares, abre o seu campo de pesquisa através da Música, História, Antropologia e Sociologia, em projetos que culminaram na criação do Instituto Ouro Preto, uma associação de artistas e pesquisadores, cuja finalidade é a difusão da cultura de Minas Gerais e do Brasil. Fundador da Orquestra Ouro Preto, é seu Diretor Artístico desde sua fundação, no ano de 2000, assumindo, em 2007, a Regência Titular do grupo.
VIRTUOSI PRODUÇÕES¹ – Situada em Belo Horizonte, é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior. Saiba mais clicando em: http://www.virtuosi.mus.br/
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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil.
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