Michel Huygen e o neuronium
CONSIDERADO UM DOS MELHORES COMPOSITORES DA EUROPA E NA ESTRADA HÁ QUASE 40 ANOS GARANTINDO A MESMA VERVE E VITALIDADE DE SEMPRE, O IDEALIZADOR DA BANDA PROGRESSIVA ELETRÔNICA NEURONIUN – DE GRANDE POPULARIDADE E PRESTÍGIO – MICHEL HUYGEN É O GRANDE PRESENTE DE NATAL DO COLABORADOR AMYR CANTUSIO JR. PARA OS LEITORES DA REVISTA KEYBOARD BRASIL !!!
* Por Amyr Cantusio Jr.
A história (1977-2015)
De origem belga mas que adotou a Espanha para viver há muitos anos, o músico e compositor MICHEL HUYGEN é o idealizador do termo psychotronic para definir a música que criou há quase 40 anos através de seu grupo progressivo eletrônico, o NEURONlUM (no ano de 1976) registrando, no ano seguinte, para o selo Inglês EMI, seu primeiro álbum, intitulado QUASAR 2C361, considerado também o primeiro disco de música cósmica já registrado na Espanha. O grupo então era formado por Michel Huygen, Carlos Guirao e Albert Jiménez.
Carlos Guirao, Michel Huygen
e Albert Jiménez.
Em 1978, Neuronium gravou seu segundo álbum VUELO QUIMlCO, com a participação extraordinária de NlCO, ex-vocalista da banda LOU REED's, THE VELVET UNDERGROUND. Em março de 1981, o grupo viajou pela primeira vez a Londres, a convite do VANGELlS, a fim de realizar juntos a música composta por Michel Huygen, para um show, filmado pela Televisão Espanhola para o seu programa Musical Express. O resultado foi realmente incrível! Uma simbiose total entre ambos os estilos e sons.
A linha musical básica do Neuronium nos anos 70 transitava entre o Rock Progressivo Experimental que o Aphrodite Child fazia e entre algo do Tangerine Dream e Kraut Rock.
Vangelis, Carlos Guirao e
Michel Huygen, no Nemo Studio.
Enquanto eram um grupo, soavam mais progressivos, com uma instrumentação mais variada calcada no rock experimental. A partir dos álbuns solos (vide Huygen Solos) o som ficou totalmente eletrônico, new agee cósmico. Focado em ampla gama de sintetizadores eletrônicos (incluindo grandes modulares) Huygen vai para o estilo similar ao Jean Michel Jarre, Tangerine Dream, Klaus Schulze, Kitaro, entre outros. Trabalhos complexos, místicos e densos, altamente indicado para pessoas com sensibilidade espiritual e psíquica.
No Brasil, a partir de 2000, foram lançados alguns CDS belos pela Azul Records (Hydro é um indicado), dentro daquela denominação “New Age” que é abominada por muitos músicos que fazem música com synths e teclados. Eu considero válido já que o termo vem de segmentação europeia do início do século XX, baseado nos trabalhos esotéricos do Mestre G.Gurdjieff. Daí a ampla gama de músicas viajantes, longas, hipnóticas (principalmente no Kraut Rock de Berlim) seguiram esta denominação que foi ponto alto nos anos 80 com Kitaro, Deuter, Aeolliah, Iesus, entre outros grandes músicos underground.
Michel Huygen em 2013 no Ambient Festival,
em Gorlice (Polônia).
Discografia oficial
(1977): Quasar 2C361 (Neuronium)
(1978): Vuelo Quimico (Neuronium)
(1980): Digital Dream (Neuronium)
(1981): The Visitor (Neuronium)
(1982): Chromium Echoes (Neuronium)
(1982): Absence of Reality (Huygen)
(1983): Invisible Views (Neuronium)
(1984): Heritage (Neuronium)
(1984): Capturing holograms (Huygen)
(1986): Barcelona 1992 (Huygen)
(1987): Supranatural (Neuronium)
(1988): From Madrid to Heaven (ao vivo) (Neuronium)
(1989): Elixir (Huygen)
(1990): Olim (Neuronium)
(1990): Numerica (Neuronium)
(1990): Intimo (Huygen)
(1991): Extrisimo (Neuronium, incluindo faixas de trabalhos solo de Huygen)
(1991): Sybaris (Neuronium)
(1992): En busca del misterio (Huygen)
(1993): Oniria (Neuronium)
(1994): Infinito (Huygen)
(1995): Música para la buena mesa (Huygen) (coleção de faixas de outros álbuns do Neuronium e de Michel Huygen)
(1995): Sonar (live) (Neuronium)
(1995): Astralia (Huygen)
(1997): Psykya (Neuronium)
(1999): Ultracosmos (Huygen)
(1999): Alienikon (Neuronium)
(2000): Directo al Corazón (Huygen)
(2001): Hydro (Neuronium)
(2002): Placebo (Huygen)
(2002): Azizi ( Neuronium)
(2005): Mystykatea (Neuronium)
(2006): Synapsia (Neuronium)
(2006): Angkor - Extreme Meditation. Vol.1 (Huygen)
(2007): Irawadi - Extreme Meditation. Vol.2 (Huygen)
(2008): Nihilophobia (Neuronium)
(2010): Etykagnostyka (Neuronium)
(2010): Hydro 2. The Deep End (Neuronium)
(2010): Krung Thep - Extreme Meditation Vol.3 (Huygen)
(2012): Exosomnia (Neuronium)
EXTRAS
(1987): Alma (Neuronium) (remixes)
(1993): A SEPARATE AFFAIR- In London (Neuronium); (gravado em 1981 com Vangelis)
(1998): Oniria Neuromance (CDR)
(2003): LSD (Cybernium) (em colaboração com Pascal Languirandd do Trans-X)
(2004): Sensorial (Huygen)
(2005): Chilled Drive
Entrevista
Revista Keyboard Brasil: Para ir direto ao ponto, quais são suas influências musicais, sua formação? Cite grupos, músicos, discos, seus estudos e preferências musicais.
Michel Huygen: Minhas influências reais começaram em 1974 com Tangerine Dream e seus álbuns Rubycon e Phaedra. Mas Timewind, de Klaus Schulze foi realmente o começo para mim. Eu estava compondo em minha casa muita música cósmica, ritualística e, então, eu ouvia esses três álbuns. Aí eu soube que minha música não era esquisita e eu decidi seguir em frente com o meu projeto que eu chamei Neuronium. Sobre meus estudos musicais, minha formação, eu comecei de maneira normal. Porém, dois anos depois, eu estava me sentindo absolutamente “congelado” pelo sistema clássico de 'ensino' e então, eu decidi continuar da minha própria maneira, como Vangelis e Kitaro fizeram, ambos meus amigos mais tarde. Com Vangelis tudo começou porque um programa de televisão espanhol estava fazendo um especial de duas horas sobre a música eletrônica cósmica através de minhas composições, e Vangelis me convidou para ir ao seu Estúdio Nemo, em Londres para tocarmos juntos e gravar um show especial para TV. Nós fizemos isso e, mais tarde, a música foi lançada em um álbum chamado In London. Voltei muitas vezes a Londres e, como amigos, tivemos muitas reuniões em sua casa e muitas refeições engraçadas também. Para o mesmo programa na TV espanhola, eu convidei Klaus Schulze pessoalmente e, assim, nos tornamos amigos também.
Revista Keyboard Brasil: Qual é a sua atual formação universitária?
Michel Huygen: Me formei em medicina pela Medicine Unversity of Barcelone. Tenho diploma de paramédico e trabalhei durante 11 anos no serviço de emergência de um hospital famoso em Barcelona. Contudo, já estava dando meus primeiros passos importantes na música. Então, deixei o campo da medicina em 1986 para me dedicar exclusivamente à minha jornada musical!
Revista Keyboard Brasil: Qual é a sua visão espiritual sobre a vida, a morte, em que você acredita? Vida após a morte? Seres alienígenas? Demônios e anjos? Deus existe?
Michel Huygen: Minha busca espiritual pessoal na vida é realmente baseado em fenômenos paranormais e nada baseado em religiões, que eu respeito profundamente, mas, pessoalmente, eu não acredito em qualquer tipo de Deus. Eu acho que é uma invenção pura da humanidade para tentar explicar o que não podemos explicar... Se não for através de contos de fadas. Por esta razão, eu lancei álbuns como MYSTYKATEA (você pode ser muito profundo em seus pensamentos e em seu estilo de vida, mas ateu) e, mais tarde, ETYKAGNOSTYKA (você pode ser ético na vida sem acreditar em qualquer tipo de ser superior ou Deus). Eu sou ateu e agnóstico também. Então, eu não acredito em qualquer tipo de deus e nem estou interessado em saber se existe um Deus ou não. Eu acredito em alienígenas e estes devem ser os verdadeiros deuses para mim se um dia eles realmente aparecerem na Terra em uma reunião oficial!
RKB: Cite 5 livros especiais e autores que fizeram e fazem a sua cabeça!!
MH: Eu estava realmente impressionado com um livro quando eu era jovem, FLASH era o título e foi a história, a história real de um homem que decidiu acabar com sua vida tentando todos os tipos de substâncias psicodélicas. Eu provei diferentes tipos de LSD em tempos distintos que abriram minha cabeça para uma atividade cerebral incrível. Isso aconteceu quando eu tinha 21-22 anos de idade e isso nunca mais aconteceu, uma vez que eu também nunca mais voltei a usar qualquer tipo de substância nem drogas. Nunca! Todos os outros livros foram escritos por Eric Von Däniken como, por exemplo, livros de investigações arqueológicas, porque é uma das minhas paixões também (conhecer o máximo possível sobre o nosso passado real, nossas civilizações passadas reais e criações).
RKB: Qual o equipamento usado para gravar? Teclados? Computador? Forma? Conteúdo? Que tipo de som que você prefere, independentemente do que gosta? Como escreve suas músicas?
MH: Eu tenho usado durante anos gravadores digitais, mas agora utilizo exclusivamente computadores , sintetizadores e o software X PRO LOGIC incrível, e centenas de plugins. Eu uso hardwares reais como Moog, Memotron, sequenciadores de diferentes marcas e possibilidades, mas eu gosto de criar meus próprios sons. Eu também usei a Coleção Arturia V extremamente poderosa e bem feita e a coleção completa da Native Instruments uma vez que ambos são incrivelmente grandiosos. Minha marca favorita de Reverber é, sem qualquer dúvida, Eventide mas, em termos de amostragem, o meu grande favorito é o software criado por Eduardo Tarilonte, como Cantus, Shevannai, Era II, Mystica, etc... Eduardo é o melhor criador de sofisticados softwares vocais. Graças a essa minha descoberta, também me tornei amigo de Eduardo desde que nos conhecemos na Califórnia, na convenção da NAMM. Eu também gosto do programa EastWest Symphonic coros. Você pode escrever as letras e os coros do seu teclado 'cantam' perfeitamente seu texto! Todas as músicas gravadas em meus 41 álbuns lançados são 100% composições minhas. Compus até agora, 487 peças diferentes de música, todas, obviamente, com os direitos autorais protegidos através da Sociedade Espanhola de compositores onde eu sou um membro, é claro. Atualmente, estou mixando meu álbum 42º chamado JAMAIS VU, recheado de sons e sequenciadores do Mellotron. Provavelmente, o mais cósmico do meu estilo excêntrico, o meu tão sonhado álbum em décadas e que deverá ser lançado em janeiro de 2016.
RKB: Quantos álbuns você tem gravado ao todo e quando (o ano) data o seu primeiro trabalho?
MH: Tenho lançados 42 álbuns (incluindo este novo trabalho), mas eu também lancei álbuns em parceria com outros músicos como Vangelis, Tangerine Dream, Mark Shreeve, Enya, Mike Oldfield, etc e etc... Meu primeiro álbum como Neuronium foi lançado em 1977: QUASAR 2C361, e foi lançado no mundo inteiro pelo selo Harvest, da Emi Music, o mesmo selo do Pink Floyd e do Deep Purple. Depois, o segundo, VUELO QUÍMICO foi lançado por este mesmo selo e teve a colaboração de NICO, famoso membro da banda Velvet Underground, de Lou Reed. DIGITAL DREAM, o terceiro álbum do Neuronium, foi lançado em 1979 pelo meu próprio selo o Neuronium Records. Agora, todos eles estão sob o domínio do meu selo. No Brasil, minha música foi lançada por um selo legal da cidade de São Paulo, chamado New Age Music, através da gravadora do Aurio Corra (Azul Records). Eu vim para o Brasil em turnê promocional no ano de 1998.
RKB: Finalizando, obrigado por ceder uns minutos de seu tempo para nossa entrevista e quais seus projetos futuros?
MH: Para 2016 vocês verão provavelmente a maior conquista da minha carreira, algo realmente muito grande, com um grande impacto para mim em termos de coisas positivas e, também, uma audiência enorme a nível mundial... Por enquanto, eu não posso 'revelar' essas notícias, mas fiquem atentos leitores da Revista keyboard Brasil, através de Amyr Cantusio Jr. para o próximo ano de 2016! Notícias acerca de dois diferentes e fantásticos projetos!!! Obrigado pela honra e pelo prazer da entrevista !!!
Saiba mais sobre Michel Huygen:
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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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