terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Tritono Blues - Fluindo no ritmo...


A BANDA TRITONO BLUES APRESENTA SEU TERCEIRO TRABALHO INTITULADO TRITONO BLUES PLAYS RAY CHARLES E FALA SOBRE A MISTURA DE SUCESSO ENTRE O BLUES E OUTROS ESTILOS.
* Por Heloísa Godoy Fagundes


Da esquerda para a direita:
ANDRÉ YOUSSEF (piano e voz) – pianista e organista, já trabalhou com grandes nomes do Blues nacional e internacional. Atualmente é também integrante da banda de Nasi (Ira!) com quem tem 3 álbuns gravados.
ANDRÉ CARLINI (gaita e voz) – gaitista de estilo inconfundível, com ênfase na parte rítmica e acentuação, líder da banda de funk-groove-jazz Lado Black e coordenador da pasta de harmônica na EM&T (Escola de Música e Tecnologia).
EDU MALTA (baixo) – atua com artistas dos mais variados estilos como Sérgio Hinds, Havana Brasil, Celso Pixinga, Tavito, Zé Rodrix, Mafalda Minnozzi, Adriana Peixoto, Zé Barbeiro e muitos outros. 
BRUNO SANT’ANNA (voz e percussão) – grande cantor e também um criativo percussionista. Líder da Bruno Santanna Band, ex-crooner da Big Band Kings de La Noche e também ex-integrante-fundador da banda de Blues Rock Blindog.


A mistura que faz uma ponte entre o Blues e outros estilos como o Soul, o Jazz, a música latina, o Rock, o Funk, o Country Blues, a Bossa e a MPB, está na estrada desde 2007 e atende pelo nome de Tritono Blues. A banda que, no início, era composta por um trio começou de um jeito despretensioso, reunindo-se para tocar num barzinho que queria um som acústico. O entrosamento foi tão grande que foram contratados para uma temporada de um ano e nunca mais pararam! Desde então, a banda realiza apresentações nas melhores casas de shows de São Paulo, hotéis, além do circuito SESC e eventos corporativos de várias empresas. Artistas como Wilson Simoninha, Leo Maia, Nasi e Kiko Zambianchi já dividiram o palco com o Tritono Blues. Com três CDs lançados: Groovin', gravado em 2008 que, devido ao grande sucesso, teve seu relançamento em 2013 pela gravadora Movieplay / Edições Musicais 2001; o autoral Mojito do Bom, em 2013, que contou com o requisitado e ganhador de vários Grammys Luis Paulo Serafim, engenheiro de som de nomes como Roberto Carlos, Daniela Mercury, Djavan, Cesar Camargo Mariano, entre outros; e o terceiro, lançado este ano, Tritono Blues Plays Ray Charles, que promete uma repercussão tão grande quanto os anteriores. A seguir, a entrevista exclusiva com a banda.

TRITONO Blues
André Carlini - Gaita e Voz
André Youssef - Piano e Voz
Bruno Sant'anna - Voz e Cajon
Eduardo Malta - Contrabaixo
 
ENTREVISTA...
Revista Keyboard Brasil – O Tritono Blues nasceu em 2007 reunindo três de vocês, André Carlini, André Youssef e Bruno Sant'anna. Atualmente, faz parte também o baixista Edu Malta. Como surgiu a parceria entre todos vocês?
Youssef: Eu conheci o Bruno em meados da década de 90. Ele fazia parte da Blind Dog e eu dos Osstreiros in Blues. Tocávamos nos mesmos lugares, mas não formamos banda nessa época. Já o Carlini eu conheci no final dos 90, quando fui convidado para tocar na sua banda Jolly Roger. Na sequência formamos uma banda de Blues, e já rolou uma sintonia bem legal!  
Bruno: Já na década de 2000, eu cantava numa banda de Blues em que o gaitista saiu e indicou o Carlini para substituí-lo. O Carlini trouxe o Youssef para essa banda que durou cerca de dois anos e acabou, o fim dessa banda foi o nascimento do Tritono Blues comigo, Carlini e Youssef.  O baixista e arranjador Eduardo Malta entrou 4 anos atrás também por indicação do Carlini.  

Revista Keyboard Brasil – O trabalho do Tritono faz uma ponte entre o Blues e vários estilos, como o Soul, o Jazz, a música latina, o Country Blues, o Rock, o Funk, a Bossa e a MPB. E essa mistura deu certo. Como chegaram até ela?
Bruno: Nós três temos o Blues, o Jazz e o Soul em comum desde o início. Com o passar dos anos (temos 9 anos de Tritono...) a amizade foi naturalmente aumentando, assim cada um foi trazendo as influências e sua história de vida para a banda. As músicas que ouvimos na vida, que foram e ainda são ‘baita’ sons na nossa opinião, trazemos para a forma de tocar do Tritono. Não sei definir bem a fórmula, mas acredito que a chave seja a flexibilidade, a forma do Youssef tocar o piano, por ele gostar de fazer o baixo na mão esquerda, do Carlini saber tocar linhas de metais com a gaita, saber solar de forma tão rápida e complexa quanto um guitarrista e a batida do Cajon que é simples, mas tem um “molho especial”, o Youssef chama de “a batida Tritono”. O Edu chegou depois e também trouxe sua contribuição, soube analisar os pontos fortes da banda com sabedoria para somar e usar seus talentos como baixista e arranjador sem descaracterizar a sonoridade, se encaixando perfeitamente na banda.

Revista Keyboard Brasil – Vocês são uma banda independente. Porém, o primeiro álbum lançado em 2008 “Groovin” fez tanto sucesso que a gravadora Movieplay relançou o disco em 2013. Estão no terceiro trabalho. Continuam independentes ou não?
Bruno: Fomos independentes até 2013, de lá para cá temos como parceiros a gravadora Movieplay, que lançou os nossos discos Groovin, Mojito do Bom e que também lança agora em 2016 o nosso novo trabalho Tritono Blues Plays Ray Charles. Este último associado com a Radar Records.
Youssef: É uma parceria muito legal. Nunca passou pela nossa cabeça fazer parte de uma gravadora, numa época de transição, em que as pessoas não compram mais CDs, ouvem música pela internet. Mas a Movieplay também entrou de cabeça nesse mundo digital e disponibilizou os nossos três CDs em todas as plataformas virtuais existentes.

Revista Keyboard Brasil – Já no segundo álbum “Mojito do Bom”, gravado em 2012 e lançado em 2013, as músicas eram todas autorais, misturando influências da música brasileira, latina, inglesa e norte-americana. Um disco que contou com o requisitado e ganhador de vários Grammys Luis Paulo Serafim, engenheiro de som de nomes como Roberto Carlos, Daniela Mercury, Djavan, Cesar Camargo Mariano, entre outros. Como foi o processo de criação desse álbum? Fale sobre as composições. Como foi essa parceria?
Bruno: Este disco tem nove composições dos três fundadores da banda, e duas de fora, ‘‘Candelabro Italiano’’ e ‘‘Mr. Blue’’, elas foram rearranjadas e trazidas para nossa interpretação. “Serra do Mar”, “Demorei Tanto”, “Tritono Theme”, “Meio da Arena”, “Musa do Bar”, “Rotina da Semana”, “Verdade Pura”, “Brasil Brasileiro”, “Olha a Pamonha”, são de nossa autoria. Eu e o Carlini tínhamos mais experiência em compor. O Carlini trouxe a música “Rotina da Semana” prontinha. Só fizemos algumas adaptações na parte instrumental. Ele trouxe também “Demorei Tanto”, nessa já mexemos bastante. O processo de composição foi bem democrático. Apesar dos longos anos na estrada da música, essa foi umas das primeiras experiências de composição do Youssef. Todos foram se evolvendo nos temas, eu mais nas letras e melodias e o Youssef e o Carlini nas harmonias, e fomos criando essas nove inéditas. Além disso, nós três tocamos no disco todo. O processo todo demorou três anos, entre composição, gravação e o lançamento. Como o Edu Malta tinha acabado de entrar na banda, ele acabou não participando dessa produção.

Revista Keyboard Brasil – Este ano, o Tritono está lançando o terceiro trabalho  intitulado Tritono Blues Plays Ray Charles. Podem nos dizer sobre ele?
Bruno: Este disco é a realização de um sonho, lançar um disco homenageando um artista da grandeza de Ray Charles é um imenso prazer e, uma grande responsabilidade. Neste disco todos opinaram na escolha das músicas e em parte dos arranjos, mas a produção e a direção musical foi do mais recente membro do Tritono:  Edu Malta. Não é um disco cover do Ray Charles, fizemos versões exclusivas que trazem clássicos desse ícone da música para a sonoridade da banda.
Youssef: Um destaque interessante neste disco é a versão de “I Can't Stop Loving You”. Além do piano, toquei acordeon numa pegada zydeco. A batida do Cajon e a linha de baixo lembrando uma tuba deram uma cara New Orleans para a música.
Malta: Foi um motivo de muito orgulho para nós, receber essa incumbência da gravadora Movieplay de gravar um disco com o repertório do gigante Ray Charles! Fui graciosamente escolhido para produzir o disco e já na primeira conversa que tivemos sobre o trabalho, o Youssef me contou sobre a ideia do naipe de metais com a gaita, a cozinha misturando o cajon com bateria, arranjos diferenciados  adaptados para a linguagem do Tritono, nesse momento já comecei a visualizar e ouvir a sonoridade toda na minha cabeça! O que me deixou muito empolgado, pois percebi na hora que isso daria muito pé! Gostamos muito do resultado e eu pessoalmente acho que o trabalho tem muita consistência! O Tritono toca Blues com propriedade e acho que conseguimos um equilíbrio bom, frescor e inovação sem perder a reverência ao estilo, linguagem musical e ao próprio Ray.

Sobre o atual trabalho, “Tritono 
Plays Ray Charles”(à esquerda), 
Bruno diz: “Não é um disco cover 
do Ray Charles, fizemos versões 
exclusivas que trazem clássicos 
desse ícone da música para a 
sonoridade da banda.” 

À direita acima:“Groovin”,primeiro
álbum lançado em 2008 e relançado 
em 2013. Abaixo, o segundo álbum 
“Mojito do Bom”, gravado em 2012 
e lançado em 2013. 


Revista Keyboard Brasil – Cada um de vocês tem projetos paralelos ao Tritono. Compõem, produzem, são professores, fazem shows, enfim. Duas perguntas: Como conseguem conciliar? Existe uma rotina de estudo diário do instrumento de vocês?
Youssef: Fico muito feliz de fazer parte da família Tritono. É a minha banda, é o meu trabalho. É onde eu me realizo musicalmente, profissionalmente, empresarialmente, artisticamente, enfim... Mas sempre sinto a necessidade de tocar com outras pessoas, compartilhar e absorver conhecimento, experiências, histórias etc. Tocar com artistas de mais renome exige outras responsabilidades. O meu instrumento me possibilita ser sideman de outros artistas e bandas. É uma função bem diferente de ter uma banda, e mais diferente ainda de cantar e ser frontman, como estou começando a me aventurar agora. A parte mais difícil é justamente conciliar todas essas atividades com o Tritono. Inúmeras vezes fico numa encruzilhada quando aparecem dois  shows importantes no mesmo dia, e na mesma hora, eu tenho que decidir qual vou fazer. O meu jeito organizado de ser me ajuda muito em fazer a agenda, para não encavalar compromissos. Já aconteceu de eu fazer três shows no mesmo dia. Ainda bem que existem os subs (risos)... Com relação ao estudo, a música na minha vida é um eterno aprendizado. Confesso que não me debruço horas por dia no meu instrumento executando escalas, etc... Mas todos os dias tenho que aprender novas músicas para os trabalhos que estou envolvido. Atualmente o meu estudo está direcionado a cantar e aumentar o meu repertório de músicas. 
Bruno: Exceto minha família, minha prioridade é o Tritono Blues. Os outros compromissos estão sujeitos ao tempo que sobra em minha vida. Estudo quando tem músicas novas para aprender, novidades que precisam de dedicação. Então estudo muitas vezes o arranjo antes dos ensaios. É muito importante chegar nos ensaios sabendo muito bem as músicas e sua parte nelas, isso é respeito à música e aos seus companheiros de banda.
Malta: A conciliação é complicada, depende de uma organização pessoal bem elaborada, mas sempre damos nossos jeitos. Quanto a estudar, eu há muitos anos não consigo mais ter uma rotina de estudo para o instrumento, escrevo e produzo muito, além dos ensaios e shows do dia a dia. Mas de vez em quando vem aquela vontade de sentar com o baixo e ficar algumas horas tentando subir mais um “degrauzinho”  dessa escada infinita que a gente resolveu encarar! 
Carlini: Eu sempre dei aula. Não somente pelo dinheiro. Como eu desenvolvi um estilo bem diferente, me sinto na obrigação de divulgar esse novo jeito de tocar, ‘‘O que não se passa se perde...’’. Porém, nos últimos anos reduzi a quantidade de alunos por causa da agenda de shows do Tritono. Quanto a minha rotina de estudo eu tento estudar uma média de 3 horas diárias.

Revista Keyboard Brasil – Gostariam de falar sobre seus projetos em andamento? Projetos futuros? Muito obrigada pela entrevista e sucesso sempre!
Youssef: Com o Tritono pretendemos levar este show do Ray Charles para todos os cantos do Brasil. Já algum tempo estou focando na minha carreira solo, praticando o canto, pesquisando repertório, fazendo shows, etc. Essa experiência acabo trazendo para o Tritono, e vice versa, o Tritono me ajuda muito, abrindo espaço  para eu cantar alguns números, eles me incentivam, me orientam, etc.. Quero agradecer a Heloisa e toda equipe da Editora Keyboard pela oportunidade. Obrigado!
Bruno: Temos um outro disco do Tritono Blues praticamente pronto, estamos na captação de recursos para ele e para um DVD ao vivo. Fora do Tritono estou no processo de lançamento de uma nova banda a Rock Weeding. Agradeço muito a Revista Keyboard Brasil pelo espaço de divulgação do nosso trabalho. Parabéns Youssef!
Malta: Tenho um projeto muito bonito em andamento que é o Quinteto do Zé, todas composições maravilhosas e encrencadas do Zé Barbeiro numa formação de quinteto de Jazz/Choro. Ele no violão de 7 cordas, eu no baixo, Giba Favery na bateria, Cesar Roversi no sax e a pianista é a Makiko Yoneda, moça que largou o Japão para vir aprender e tocar choro no Brasil! 

Performance do trio de músicos 
paulistanos Tritono Blues.
 
Saiba mais sobre a banda Tritono Blues...

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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 


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