terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

MÚSICA CLÁSSICA x MÚSICA POP - Essa briga é covardia! 


CADA ESTILO TEM SEU PROPÓSITO. A MÚSICA CLÁSSICA NÃO É CHATA SÓ PORQUE NÃO FOI FEITA PARA SE DANÇAR. E, PARA NÃO GOSTAR DE UMA CANÇÃO COMO 'BOOGIE WONDERLAND' SÓ SENDO RUIM DA CABEÇA OU DOENTE DO PÉ. VOCÊ CONCORDA OU NÃO? LEIA O TEXTO E TIRE AS SUAS CONCLUSÕES!

* Por Joêzer Mendonça


Você já viu essa cena: uns 'tiozões' vestindo black-tie acompanhados de umas 'coroas' de na-riz empinado assistem reverentemente a um concerto de música erudita. A orquestra toca trechos das grandes obras-primas de Handel, Vivaldi ou Mozart. Reina um silêncio sepulcral e todos entendemos que a música clássica é uma chatice!


Mas isso não é suficiente. É preciso humilhar mais. A cena corta para um cara simples, descolado e que prefere música para dançar e não para ficar sentado. Aí rola uma black music dos anos 70, daquelas irresistíveis, e todos entendemos que música pop é bem mais legal que música clássica.

Essas cenas estão em dezenas de filmes, mas foi assistindo ao francês “Intocáveis” que eu voltei a perceber que a briga entre música clássica e música pop, além de ser ridícula e fora de contexto, quase sempre termina em covardia.

“Intocáveis” conta a história de um milionário tetraplégico que melhora muito de humor quando está sob os cuidados de um imigrante senegalês. É um filme agradável, que alterna momentos de comédia e ternura, e ainda ironiza expressões artísticas intocáveis, como a arte contemporânea, a ópera e a música clássica. O imigrante simples e pragmático mostra como passamos recibo de esnobes ridículos ao levarmos demasiadamente a sério um tipo de arte, a contemporânea, que recebe o selo da crítica e o status da elite econômica.

Foi assistindo ao filme francês Intocáveis que voltei a perceber que a briga entre música clássica e música pop, além de ser ridícula e fora de contexto, quase sempre termina em covardia. 
         - Joêzer Mendonça


O fato é que, em geral, nos filmes, novelas e até em comerciais de TV, os ouvintes de música clássica são sempre gente esnobe e 'metida a besta', enquanto quem ouve música pop é a galera simples e gente boa.

Não deixa de ser um retrato do mundo da música clássica. Há músicos que tratam os compositores clássicos como entidades divinas que legaram obras admiráveis e acreditam que toda música pop, por ser automaticamente vulgar e efêmera, se encontra distante do Olimpo onde está o panteão de vultos e obras eternas da humanidade.

Por outro lado, não dá para concordar com as cenas midiáticas que, no afã de contrastar diversão e formalismo, toca um pouco de música clássica e, em seguida, uma música pop sacolejante. Esse contraste é muito primário. Fico imaginando um grupo de cineastas e publicitários quebrando a cabeça para filmar uma cena que ressalte a diferença entre monotonia e alegria: “Já sei, que tal a gente mostrar o tédio com música clássica e a felicidade com música pop?” Gênios do estereótipo falido!

Esse clichê é falso porque não respeita o contraste de propósitos de cada música, a clássica e a pop. Muita obra clássica, de fato, foi composta para ser fundo musical de jogos de cartas e jantares da aristocracia. Outras, porém, foram compostas para ser apreciadas por meio da contemplação, da concentração. E isso não é solenidade ou formalismo; é só item necessário para se apreciar a música. Uma música não é chata só porque não foi feita para se dançar. 

Voltando ao filme “Intocáveis”: depois de a orquestra tocar um pouco de música barroca, como os manjados trechos de “As Quatro Estações”, o imigrante põe todo mundo para dançar ao som do clássico pop “Boogie Wonderland”, do grupo Earth, Wind & amp; Fire. Aí eu digo que é muita covardia. Até porque, para não gostar de uma canção dessa, só sendo ruim da cabeça ou doente do pé.

Earth, Wind & Fire
- Boogie Wonderland

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* Joêzer Mendonça é mestre e doutor em Musicologia pela UNESP. É professor do curso de Música  da  PUC-PR e pesquisador nas áreas de música popular  e sacra. É autor do livro ‘‘Música e Religião na Era do Pop’’. 

                               


Um comentário:

  1. PODEMOS OUVIR ESSES DOIS LADOS UM É EXTREMAMENTE EMOCIONANTE SE PRESTARMOS ATENÇÃO A CADA DETALHE E DÁ PARA DANÇAR TAMBÉM QUEM NÃO GOSTA DE VALSA(É O START PARA DANÇAR JUNTO AO SEXO OPOSTO), POR OUTRO LADO DANÇAMOS E EXTRAVASAMOS NOSSOS ESTRESSES E AINDA DÁ PARA SE EMOCIONAR COM OBRAS PRIMAS DOS BEE GEES, ABBA ENTRE OUTROS, PODEMOS SER SÉRIOS OUVINTES OU DESCOLADOS MAS SEM EXCESSOS COMO GLITCH MUSIC(VERTENTE DA MÚSICA ELETRÔNICA OU ALGO PARECIDO COM MÚSICA) OU PORNO-PEDÓFILO FUNK-NACIONAL(QUE É ALGO PARECIDO COM MÚSICA TAMBÉM) ACIMA DE TUDO TEMOS QUE TER EQUILÍBRIO.

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