sexta-feira, 3 de março de 2017

MISTER BRIAN  ENO & O ROCK DE VANGUARDA

A CONTRIBUIÇÃO QUE BRIAN ENO TRAZ PARA A MÚSICA É DIFÍCIL DE SER MENSURADA. SUAS PARCERIAS VÃO DE DAVID BOWIE A COLDPLAY. O LENDÁRIO PRODUTOR BRITÂNICO É UM DOS PRINCIPAIS NOMES DA MÚSICA EXPERIMENTAL E LANÇOU, RECENTEMENTE, SEU NOVO ÁLBUM AMBIENTAL INTITULADO REFLECTIONS – UM TRABALHO COM MÚSICA INFINITA. LITERALMENTE.

 * Por Amyr Cantusio Jr.

Nascido em 1948, na cidade de Woodbridge, na Inglaterra, o músico, compositor e produtor musical Brian Peter George St. Jean le Baptiste de la Salle Eno ou, simplesmente, Brian Eno é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento da música de vanguarda atmosférica/world music, new age e da ampliação dos horizontes eletrônicos dentro do rock vintage. Guru musical na linha de Stockhausen, deu diretrizes à bandas como Genesis e Van Der Graaf Generator.

Eno é famoso pelo uso de sintetizadores, utilizados em seus diversos trabalhos, como nos dois primeiros álbuns do grupo Roxy Music: Roxy Music (1972) e For Your Pleasure (1973). E, em a sua parceria com o guitarrista Robert Fripp, com quem produziu o álbum No Pussyfooting (1973) e, posteriormente, outros grandes álbuns em parceria com Mr. King Crimson. Em 1977 e 1978, produziu dois álbuns com a dupla alemã de Kraut Rock  Cluster, Cluster & Eno e After the Heat.

Também em 1978 produziu o álbum Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!, primeiro da banda DEVO, que misturava acordes punk com sintetizadores - por sugestão de Eno.
No final dos anos 1970, Eno produziu os três álbuns da chamada "Trilogia de Berlim" ou "Trilogia eletrônica" de David Bowie: Low, Heroes e Lodger.

Em 1978, foi o curador da coletânea No New York , uma compilação com vários artistas da cena underground de NY da época, considerada por muitos o registro definitivo do movimento No Wave¹.

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¹No Wave foi uma curta, mas influente cena de música underground, filmes, performances artísticas, vídeos, e arte contemporânea que teve seu início durante a metade da década de 1970 em New York City. O termo No Wave é, em parte, um jogo de palavras satírico rejeitando os elementos comerciais do gênero musical então popular New Wave ("new", em inglês, significa "novo" e "no" é traduzido como "não"). Algumas vezes a cena é relacionada com o início do movimento punk. O No Wave busca inspiração em gêneros musicais fora do mainstream, como punk underground, rock gótico, noise rock, música industrial entre outros. 


Eno também foi produtor de diversos álbuns do U2. Seu primeiro trabalho com o grupo foi The Unforgettable Fire de 1984. Em seguida, participou da produção dos álbuns: The Joshua Tree (1987), Achtung Baby (1991), Zooropa (1993), All That You Can't Leave Behind (2000), e No Line on the Horizon (2009).

Em 1981, produziu, com David Byrne (ex-Talking Heads) um álbum experimental de Art Rock chamado My Life in the Bush of Ghosts ,sendo este álbum um de meus prediletos. Eno foi a campo no Oriente Médio, África onde gravou sons de lamentos fúnebres de mães chorando pela morte de seus filhos, cantos folclóricos, declamações em dialetos orientais, tribais, etc... Depois levou ao estúdio e compôs em cima uma das primeiras trilhas sonoras denominadas World Music.

Também trabalhou como produtor musical com Laurie Anderson, Coldplay, Paul Simon, Grace Jones, Talking Heads, Slowdive, entre outros.

Brian Eno também é o criador das chamadas estratégias  oblíquas, um conjunto de cartas que guiam o criador em momentos de impasse ou bloqueio criativo. Estas são frases de “iluminação” a exemplo dos Choans Zen Budistas ou Axiomas Místicos, da qual Stockhausen e John Cage se utilizavam amplamente. Obviamente que a música medíocre de massas não tem nem ideia do que isto signifique!

Finalmente é um mestre em Loops/Tratamentos Eletrônicos em estúdio, que é sua arte maior. 
Bryan Eno realizou parcerias como produtor musical para grandes músicos como Grace Jones, David Bowie, Laurie Anderson, Coldplay, Paul Simon, Slowdive, entre tantos outros. Acima, com David Byrne (ex-Talking Heads) e a banda U2.

BRIAN  ENO - REFLECTION 
Ano: 2017
Selo: Warp Records
Produção: Brian Eno
Estilo: Ambient, Eletrônica, Minimalista
Duração: 54 minutos

Um álbum com música infinita. Literalmente!


Com o álbum Reflections, Eno realiza a música infinita através de um aplicativo, que gera os acordes e sons diferentes por quanto tempo o usuário desejar, demonstrando que sua maré para criatividade está como há muito não se via. Puramente conceitual. Além do aplicativo, Eno também lançou a versão física com algumas das músicas que poderão ser geradas no programa. Também declarou que Reflection o reconecta com vários outros momentos de sua carreira, especialmente com quatro outros álbuns que gravou com características bem semelhantes: Discreet Music (1975), Music For Airports (1978), Thursday Afternoon (1985) e Neroli (1993), sendo que, este último ostenta o subtítulo Thinking Music, Part IV, conceito específico que Eno tenta retomar por aqui. Segundo ele, mais que "música ambiente", o poder dos 54 minutos de Reflection, a faixa-título do novo lançamento, é "regenerativo" e "estimulante do pensamento". Em suma, é um conjunto de impressões sonoras que vão além do formato da música popular, mas que também não se insere nos preceitos eruditos. A indicação é que você possa sentir um pouco da magnitude de sua arte.




SAIBA MAIS SOBRE BRIAN ENO:

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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.








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