MISTER BRIAN ENO & O ROCK DE VANGUARDA
A CONTRIBUIÇÃO QUE BRIAN ENO TRAZ PARA A
MÚSICA É DIFÍCIL DE SER MENSURADA. SUAS PARCERIAS VÃO DE DAVID BOWIE A
COLDPLAY. O LENDÁRIO PRODUTOR BRITÂNICO É UM DOS PRINCIPAIS NOMES DA MÚSICA
EXPERIMENTAL E LANÇOU, RECENTEMENTE, SEU NOVO ÁLBUM AMBIENTAL INTITULADO
REFLECTIONS – UM TRABALHO COM MÚSICA INFINITA. LITERALMENTE.
* Por Amyr Cantusio Jr.
Nascido
em 1948, na cidade de Woodbridge, na Inglaterra, o músico, compositor e
produtor musical Brian Peter George St. Jean le Baptiste de la Salle Eno ou,
simplesmente, Brian
Eno
é um dos maiores responsáveis pelo desenvolvimento da música de vanguarda atmosférica/world
music, new age e da ampliação dos horizontes eletrônicos dentro do rock
vintage. Guru musical na linha de Stockhausen, deu diretrizes à bandas como
Genesis e Van Der Graaf Generator.
Eno
é famoso pelo uso de sintetizadores, utilizados em seus diversos trabalhos,
como nos dois primeiros álbuns do grupo Roxy Music: Roxy Music (1972) e For
Your Pleasure (1973). E, em a sua parceria com o guitarrista Robert Fripp, com
quem produziu o álbum No Pussyfooting (1973) e, posteriormente, outros grandes
álbuns em parceria com Mr. King Crimson. Em 1977 e 1978, produziu dois álbuns
com a dupla alemã de Kraut Rock Cluster,
Cluster & Eno e After the Heat.
Também
em 1978 produziu o álbum Q: Are We Not Men? A: We Are Devo!, primeiro da banda
DEVO, que misturava acordes punk com sintetizadores - por sugestão de Eno.
No
final dos anos 1970, Eno produziu os três álbuns da chamada "Trilogia de
Berlim" ou "Trilogia eletrônica" de David Bowie: Low, Heroes e
Lodger.
Em
1978, foi o curador da coletânea No New York , uma compilação com vários
artistas da cena underground de NY da época, considerada por muitos o registro
definitivo do movimento No Wave¹.
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¹No Wave foi uma curta, mas influente cena de música underground, filmes, performances artísticas, vídeos, e arte contemporânea que teve seu início durante a metade da década de 1970 em New York City. O termo No Wave é, em parte, um jogo de palavras satírico rejeitando os elementos comerciais do gênero musical então popular New Wave ("new", em inglês, significa "novo" e "no" é traduzido como "não"). Algumas vezes a cena é relacionada com o início do movimento punk. O No Wave busca inspiração em gêneros musicais fora do mainstream, como punk underground, rock gótico, noise rock, música industrial entre outros.
Eno
também foi produtor de diversos álbuns do U2. Seu primeiro trabalho com o grupo
foi The Unforgettable Fire de 1984. Em seguida, participou da produção dos
álbuns: The Joshua Tree (1987), Achtung Baby (1991), Zooropa (1993), All That
You Can't Leave Behind (2000), e No Line on the Horizon (2009).
Em
1981, produziu, com David Byrne (ex-Talking Heads) um álbum experimental de Art
Rock chamado My Life in the Bush of Ghosts ,sendo este álbum um de meus
prediletos. Eno foi a campo no Oriente Médio, África onde gravou sons de
lamentos fúnebres de mães chorando pela morte de seus filhos, cantos
folclóricos, declamações em dialetos orientais, tribais, etc... Depois levou ao
estúdio e compôs em cima uma das primeiras trilhas sonoras denominadas World
Music.
Também
trabalhou como produtor musical com Laurie Anderson, Coldplay, Paul Simon,
Grace Jones, Talking Heads, Slowdive, entre outros.
Brian
Eno também é o criador das chamadas estratégias
oblíquas, um conjunto de cartas que guiam o criador em momentos de impasse
ou bloqueio criativo. Estas são frases de “iluminação” a exemplo dos Choans Zen
Budistas ou Axiomas Místicos, da qual Stockhausen e John Cage se utilizavam
amplamente. Obviamente que a música medíocre de massas não tem nem ideia do que
isto signifique!
Bryan Eno realizou parcerias como produtor musical para grandes músicos como Grace Jones, David Bowie, Laurie Anderson, Coldplay, Paul Simon, Slowdive, entre tantos outros. Acima, com David Byrne (ex-Talking Heads) e a banda U2.
BRIAN
ENO - REFLECTION
Ano: 2017
Selo: Warp Records
Produção: Brian Eno
Estilo: Ambient, Eletrônica, Minimalista
Duração: 54 minutos
Um álbum com música infinita. Literalmente!
Com
o álbum Reflections,
Eno realiza a música infinita através de um aplicativo, que gera os acordes e
sons diferentes por quanto tempo o usuário desejar, demonstrando que sua maré
para criatividade está como há muito não se via. Puramente conceitual. Além do
aplicativo, Eno também lançou a versão física com algumas das músicas que
poderão ser geradas no programa. Também declarou que Reflection o reconecta com
vários outros momentos de sua carreira, especialmente com quatro outros álbuns
que gravou com características bem semelhantes: Discreet Music (1975), Music
For Airports (1978), Thursday Afternoon (1985) e Neroli (1993), sendo que, este
último ostenta o subtítulo Thinking Music, Part IV, conceito específico que Eno
tenta retomar por aqui. Segundo ele, mais que "música ambiente", o
poder dos 54 minutos de Reflection, a faixa-título do novo lançamento, é
"regenerativo" e "estimulante do pensamento". Em suma, é um
conjunto de impressões sonoras que vão além do formato da música popular, mas
que também não se insere nos preceitos eruditos. A indicação é que você possa
sentir um pouco da magnitude de sua arte.
SAIBA MAIS SOBRE BRIAN ENO:
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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.
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