segunda-feira, 30 de maio de 2016

RECADO AOS MÚSICOS

  A UNIÃO FAZ A FORÇA; MAS O QUE FAZER SE NINGUÉM QUER SE UNIR?

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik 

Estou preocupado com os rumos da música. Estamos numa crise muito grande, principalmente de entendimento. O que, realmente, é música? Como ela deve ser interpretada por você, por mim, por qualquer pessoa?

Parece simples, mas se você for perguntar para a dupla “Chitãozinho & Xororó” se eles são músicos, naturalmente vão dizer que sim. Entretanto, se você pedir para que eles toquem, como músicos, “A Night in Tunísia”, provavelmente não terão compreensão sobre este tema.

Estranho, não? Mas, por que estranho? Quando você busca um médico argumentado que está com problemas nas costas e procura um otorrino, provavelmente ele reagirá exatamente como “Chitãozinho & Xororó”: - Não tenho como lhe ajudar. Você precisa procurar um especialista... - Ué, mas você não é médico?

Percebeu? Ser médico não significa que você tenha domínio sobre a medicina. Ser músico não significa, igualmente, que você tenha domínio sobre a música, sobre todas as músicas. É! Só que com a medicina todos já estamos acostumados a procurar especialistas.

E com a música? Com os músicos? No Brasil, um país de artistas maravilhosamente talentosos, o malabarismo é evidente.

O músico, para sobreviver, toca de tudo e mais um pouco. Seria a mesma coisa dizer  que um médico deva conhecer “todos os tipos dos problemas de saúde”.

Pior... dominá-lo, a ponto de ser notado como verdadeiro artista, como verdadeiro médico da música. Onde está a falha? Por que, na música, as pessoas não sabem reconhecer as especialidades? Simples! Basta ver o cotidiano da música.
"Quem está, realmente, ensinando música? Músicos? Professores de música? Malabaristas? Este é o problema. Ninguém sabe determinarquais são as especialidades damúsica. Pior, nem sabem como definir o que realmente é música."– Luiz Carlos Rigo Uhlik

Desde o seu nascimento você já é tratado por um especialista, um pediatra. Na música, quando você inicia os primeiros passos, você é tratado por quem? Pense comigo: Quem está, realmente, ensinando música? Músicos? Professores de música? Malabaristas? Este é o problema. Ninguém sabe determinar quais são as especialidades da música. Pior, nem sabem como definir o que realmente é música.

Parece que todos os músicos, que tenham alguma qualificação, vivem sob a égide do “malabarismo”. E o resultado é esse que você vê aí: música de baixa qualidade em evidência como se fossem verdadeiras obras de arte.

De quem é a culpa? Das pessoas que querem ouvir música? Do sistema que está aí, evidentemente; ensinando e influenciando as pessoas, erroneamente, sobre música.

Pensando bem... Será que existe algum sistema? ... Ou o malabarismo é que está definindo o sistema? Boa pergunta!

O interessante, e o mais grave, é que o resultado é este que vemos aí: Música trivial, denotada como de qualidade, e músicos de qualidade tendo que ser malabaristas para sobreviver. E as pessoas, que nada entendem sobre música, mas querem influenciá-la, determinando o destino das atividades musicais. Será que vamos acordar? Ou, vamos fazer como a Política no Brasil? Fingir que nada está acontecendo. Ah! O Recado: A arrogância é o tapete da sala da incompetência!

No nosso meio, estamos cercados de incompetentes, arrogantes e semeadores de falsos talentos! A “Glamourização da Ignorância” tem vencido de lavada! O pior: poucas são as pessoas, do nosso meio, que percebem que um porco é um porco, ainda que bem lavado e enfeitado!

Avante!

______________________
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado.


A  genialidade  de STEVE PORCARO

STEVE PORCARO É PROVAVELMENTE MAIS CONHECIDO PELA MAIORIA DAS PESSOAS COMO UM DOS MEMBROS DA BANDA TOTO, DE ENORME SUCESSO NO MUNDO. ENTRETANTO, STEVE É MAIS DO QUE ISSO. PARA PROVAR E, INAUGURANDO SUA COLUNA, HAMILTON DE OLIVEIRA FALA SOBRE O TECLADISTA MAGISTRAL, COMPOSITOR GENIAL E GANHADOR DE PRÊMIOS GRAMMY.   
* Por Hamilton de Oliveira


Seu nome é sinônimo de pop sofisticado com qualidade, tendo atingido o topo das paradas com Michael Jackson, Don Henley, Elton John, Boz Scaggs, Barbra Streisand, e Toto — a banda que ajudou a fundar. Ao longo do caminho, Steve Porcaro ganhou prêmios Grammy para “Álbum do Ano”, “Produtor do Ano” e “Gravação do Ano”. 

Steve construiu uma base sólida musical na produção de trilhas para cinema. Por mais de uma década, estudou composição com Allyn Ferguson, e tem colaborado com James Newton Howard, incluindo o trabalho abrangendo O Fugitivo e King Kong. Ao longo do caminho, Steve produziu e gravou trilhas para grandes filmes, alem de programas de televisão, vindo a construir sua reputação como compositor de classe mundial.

Toto em 1977 da esquerda para a direita: 
Bobby Kimball, Steve Porcaro, David Hungate, 
David Paich, Steve Lukather e Jeff Porcaro.

Em 1982, Steve ajudou a co-produzir o famoso álbum “Thriller” de Michael Jackson. Produzido pelo genial Quincy Jones, o álbum teve a colaboração dos renomados músicos da banda Toto, que ajudaram na produção e gravação do disco, além de outras personalidades do meio musical como Eddie Van Halen, Paul McCartney, entre outros.

Uma das faixas do álbum, Human Nature, foi escrita por Steve, inspirada em sua filha de 05 anos, que foi hostilizada no colégio por um garoto. Sem saber o porquê dessa atitude, ela perguntava ao pai: - Why, why ?? Esse questionamento o inspirou a escrever uma das mais bonitas faixas do álbum, que fala sobre a natureza humana e suas relações no cotidiano. 

Human Nature foi gravada com sintetizadores analógicos e programações feitas por Steve Porcaro e David Paich (tecladistas do Toto). Dos teclados usados no estúdio, o CS-80 da Yamaha (famoso nas gravações do Vangelis na década de 1980) foi usado como synth string. Alem desse, também foram usados os teclados Synclavier, Roland Jupiter-6, Prophet-5, Roland Jupiter-8, Rhodes 88 e Minimoogs. Ou seja, o que tinha de melhor na época, sendo até hoje, muito procurados por músicos que querem explorar os timbres que os tornaram tão famosos.
Assista o tributo realizado por Steve Porcaro a 
Keith Emerson em Osaka, Japão.

A seguir, saiba mais sobre “Thriller”, o videoclip considerado o mais famoso da história do Pop Rock.

THRILLER...
Em 2012, a revista Slant Magazine qualificou 
Thriller na primeira posição entre os 
“melhores álbuns dos anos 1980”.

Thriller foi o sexto álbum de estúdio em carreira solo do cantor norte-americano Michael Jackson, lançado em 30 de novembro de 1982, através da Epic Records. Assim como o álbum anterior do cantor, Off the Wall (1979), que foi aclamado e bem sucedido comercialmente, Thriller foi inteiramente produzido por Quincy Jones e co-produzido por Jackson. As gravações do projeto ocorreram entre 14 de abril a 8 de novembro de 1982 nos estúdios Westlake Recording. O orçamento total da produção do disco foi de 750 mil dólares, financiados por Jones. Jackson compôs e co-produziu quatro das nove faixas do disco. Musicalmente, Thriller explora gêneros semelhantes aos usados em Off the Wall, incluindo o pop, o pop rock, o pós-disco e o funk, além de estilos suaves, como a música contemporânea e o R&B.

O álbum foi aclamado por fãs e pela mídia especializada, que frequentemente o citam como “um dos melhores álbuns da história”. Consequentemente, venceu um recorde de oito Grammys Awards em 1984, incluindo o de Album of the Year. Thriller foi bem sucedido comercialmente, liderando as tabelas do Canadá, dos Estados Unidos, do Reino Unido e de outras sete nações, enquanto listou-se entre as dez melhores posições em todas as tabelas em que entrou. Em um ano, tornou-se — e continua sendo — o álbum mais vendido de todos os tempos, com vendas estimadas em 65 milhões de cópias ao redor do mundo. Nos Estados Unidos,  o álbum se tornou o mais vendido de todos os tempos, vendendo mais de 30 milhões de cópias no país. Todos os sete singles do disco classificaram-se entre as dez melhores posições nos Estados Unidos, dos quais “Billie Jean” e “Beat It” lideraram a tabela musical da Billboard Hot 100.

Com Thriller, o cantor quebrou pre-conceitos e barreiras raciais na música pop com suas apresentações na MTV, além de seu encontro na Casa Branca com Ronald Reagan, então presidente dos Estados Unidos. O disco foi o primeiro a ter vídeos musicais como materiais de divulgação bem sucedidos; os vídeos correspondentes de “Billie Jean”, “Beat It” e “Thriller” eram constantemente transmitidos na MTV, sendo que o vídeo musical da última citada tem sido frequentemente citado como o “melhor vídeo musical de todos os tempos”. Em 2001, Thriller foi relançado com entrevistas audíveis, uma gravação demonstrativa, a faixa “Someone in the Dark”, contida na trilha sonora do filme E.T. the Extra-Terrestrial e vencedora de um Grammy Award, e “Carousel”, descartada da lista final de faixas do álbum. O disco foi novamente relançado em 2008 intitulado de Thriller 25 com duas novas capas, remixes com artistas contemporâneos, uma canção inédita e um DVD que inclui curtas-metragens do álbum e a apresentação de “ Billie Jean” durante o evento Motown 25.

O álbum foi classificado na 20ª posição entre os 500 melhores álbuns de todos os tempos, publicado em 2003 pela revista Rolling Stone; a National Association of Recording Merchandisers listou Thriller na terceira colocação entre os 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame. O disco foi incluído no National Recording Registry da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos, que lista gravações significativas, e o vídeo musical da faixa homônima compõe o National Film Registry da Preservation Board, que compila os “filmes historicamente, culturalmente ou esteticamente significativos”. Em 2012, a revista Slant Magazine qualificou Thriller na primeira posição entre os “melhores álbuns dos anos 1980”.



LANÇAMENTO...

SOMEDAY/SOMEHOW - Primeiro álbum solo de STEVE PORCARO




O tecladista e vocalista Steve Porcaro lança no dia 10 de junho o álbum Someday/Somehow. O trabalho contará com seu ex-colega da banda Toto, Steve Lukather, além de outros nomes como Michael McDonald, Lenny Castro e Shannon Forrest. 





Ao todo, são 13 canções:

01. Ready Or Not
02. Loved By A Fool
03. Someday / Somehow
04. Swing Street
05. She's So Shy
06. Back To You
07. Face Of A Girl
08. To No One
09. Makeup
10. She's The One
11. Night Of Our Own
12. Painting By Numbers
13. More Than I Can Take


Até breve!!

Saiba mais sobre Steve Porcaro:

__________________
* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.





sábado, 28 de maio de 2016

ECLIPSE 

PINK FLOYD NÃO É MÚSICA PARA MASSAS OU PARA QUALQUER OUVIDO!!

* Por Amyr Cantusio Jr.


Eu sei que muitos que dizem que ouvem Pink Floyd só conhecem as músicas The Wall ou Money (e não o disco todo!!!). Ou, ainda, Wish you were here. De resto, a monstruosa e underground obra musical do grupo nunca nem se aproximaram!

Discos como  Ummagumma, Atom Heart Mother, Meedle e Obscured by Clouds são peças de música de vanguarda. Não são para qualquer um ouvir. Requerem uma  iniciação.

Difícil é você ver o início do Floyd num clip como Arnold Lane (infantil e idiota) que, na realidade, não reflete o experimentalismo psíquico que eles faziam ao vivo em 1966 (veja filme o A Technicolor Dream) e, posteriormente, Live at Pompeil, que é o top da fase lisérgica experimental. Por isso, eu digo: “Pink Floyd não é música para massas ou para qualquer ouvido!!” 

Entre 1967 e 1968 surgiria – patrocinado pelos estúdios Abbey Road [Beatles] – mais um fenômeno do rock que seria – talvez – a maior odisseia que este estilo já presenciou nas praias do experimentalismo, numa era psicodélica e metafísica: o Pink Floyd, banda do falecido guitarrista, mentor e letrista Syd Barret, que agora [espero] está vagando pelas galáxias com seu espírito no grande Sonho Cósmico das existências.


Foto acima: Da esquerda para a direita: A formação do Pink Floyd com Roger Waters, Nick Mason, Syd Barrett e Richard Wright. Março de 1967. Foto abaixo: Promovendo ‘Dark Side of the Moon’ estão: Rick Wright, David  Gilmour, Nick Mason e Roger Waters.

O título desta matéria tem como autor Roger Waters [mentor, vocalista e baixista do Pink Floyd]. Após a loucura e saída de Sid Barret [R.I.P.], Waters assumiu a maior parte das composições e letras da banda. E, numa entrevista da época, disse a um repórter: “Só os loucos podem ver o lado oculto da Lua”. Esta frase foi como um koan zen [pequena frase que é colocada para um monge refletir e alcançar a iluminação] !

Com o primeiro álbum, The Piper At The Gates Of Dawn [inspirado no livro favorito de Barret, The Wind In The Willows, de Kenneth Graeme] o grupo se lançou dentro do conturbado e criativo cenário musical da época pré-Woodstock e no fim da era Beatles que, inclusive, estava gravando o Sgt. Peppers no mesmo estúdio. De vez em quando, Lennon e McCartney se deslocavam até a sala onde o Floyd estava registrando a obra para curtir um som e fumar um baseado juntos.

The Piper At The Gates Of Dawn foi um marco da psicodelia mundial e seguiu-se após ele o não menos belo A Saucerful Of Secrets, uma apoteose com climas sombrios e egípcios como bem representado na maravilhosa música de Roger Waters, Set The Controls For The Heart Of The Sun.


"Pink Floyd não é música para massas ou para qualquer ouvido!!" - Amyr Cantusio Jr.

O Floyd já se destacava pelo som mais viajante e espacial, o que chamou a atenção da área cinemato-gráfica para trilhas sonoras como nos dois lindos discos da banda: More e Obscured By Clouds. Mas a vida tem seus custos. Barret começou a pirar por causa das drogas e foi retirado do palco chapado, para nunca mais voltar à banda. Para o seu lugar, foi recrutado o grande guitarrista e vocalista David Gilmour e, a partir de então, se teve início a maior viagem do progressivo, com Roger Waters assumindo praticamente a direção do grupo e criando as maiores e mais destacadas composições. Nesta época, o Floyd foi nomeado pela crítica como uma banda de acid rock pela lisergia e chapadice de seus membros [que realmente viviam “ligadões” no LSD e cogumelos].

Foram para Pompeia [Itália] em meio aos vulcões para fazer o que jamais seria visto novamente na história do rock: gravar o LP Live At Pompeil, de onde surgiram dois dos melhores e mais famosos álbuns do grupo: Dark Side Of The Moon e Meddle [este gravado em 1971], com sua honorável marca registrada via-jante, consagrada e sacramentada na derradeira faixa “Echoes”, de 24 minutos. Aliás, “Echoes” é o centro do vídeo relançado recentemente como Live at Pompeil II [edição do diretor] e assistindo-o atentamente, vê-se Waters rabiscando no mini-moog trechos essenciais do Dark Side Of The Moon.












______________________
*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.



Eu, o estranho 

segundo trabalho solo do músico PEPE BUENO 

DE MANEIRA SUBLIME E REGADO MEDIANTE UMA VIBE POSITIVA, PEPE BUENO FORJA SEU PRÓPRIO SOM EM MEIO A UM LEQUE ADMIRÁVEL DE REFERÊNCIAS E INFLUÊNCIAS PORÉM, SEM EMULAR NINGUÉM! 
* Por Mateus Schanoski


Produzido: Pepe Bueno, Junior Muelas e Alberto Sabella.
Mixado: Pepe Bueno e Alberto Sabella.
Gravado em São José do Rio Preto (SP): estúdio AREA 13 por Junior Muelas e Alberto Sabella.
Gravado em São Paulo (SP): estúdio Cake Walking por Edu Gomes.
Masterizado: em São Paulo por Daniel Lanchinho.
Arte e Capa: Fábio Matta.
Foto: Victor Daguano.
Lançado: abril de 2016. 




Eu, o Estranho é o título nada esquisito do segundo trabalho solo assinado por Pepe Bueno, um simples músico, compositor, letrista e vagabundo multimidiático paulistano, também baixista da banda de Rock'n'Roll Tomada desde o início deste nosso novo velho século.

Gravado e mixado nos estúdios Área 13 (S.J do Rio Preto) por Alberto Sabella e Junior Muellas. E também no Cake Walking (São Paulo) por Edu Gomes. Masterizado por Daniel Lanchinho. Arte por Fábio Matta.

O álbum será distribuído de forma virtual pela Alumia/In Grooves para diversas plataformas digitais da Internet, incluindo página na Vevo, na qual cada canção será lançada mensalmente junto a seu respectivo webclipe, além do making of do álbum.


Pepe Bueno debutou como artista solo ao lançar o sugestivamente intitulado “Nariz de Porco não é Tomada” em meados de 2007. Registrado sob condições altamente festivas, o disco é regado a parcerias, canções cedidas por terceiros e diversas vozes incrementando a lista de, pelo menos, duas dúzias de músicos envolvidos em suas nove faixas. 
Porém agora, em “Eu, o Estranho”, a história desenha-se de forma drasticamente diferente...

Desta vez, mentor absoluto da obra, Pepe compôs todas as oito faixas basicamente sozinho e, além de pilotar seu fiel Rickenbacker, também canta em todas elas e toca algumas guitarras e violões, amparado apenas pela dupla de músicos e produtores Juninho Muellas (bateria) e Alberto Sabella (teclas e cordas) em Rio Preto, com exceção de algumas participações de músicos da capital, essas registradas pelo também músico e produtor Edu Gomes no seu Cake Walking Studios, em São Paulo.

“Se Abra” inicia os trabalhos, coerentemente pole-posicionada, sob vários aspectos. Sugere abertura em termos holísticos, além de explícita homenagem ao grande Renê Seabra, figurinha emblemática na memória roqueira da night paulistana e autor da expressão ”Heybro, liga o PHODALIZER!”, única frase do tema instrumental verbalizada por Pepe, também servindo como deixa para seu solo de baixo totalmente entorpecido pelo efeito do mágico pedalzinho, tão adorado pelo saudoso Mr. Utchensky.

As duas faixas seguintes, “Rotina” e “Vale Dizer” soam como gêmeas, porém parecem também se completar como peças de uma “suite”. Puramente extraídas dos folks bretões dos Beatles e do Macca, dos (Small) Faces e, principalmente do Ronnie Lane solo (de quem Pepe é fã incondicional) misturadas ao nosso clássico Rock Brazuca tanto na saturação urbana quanto no êxodo rural, acabam por gerar autênticos híbridos do velho mutante seco e molhado com o novo baiano gerado logo ali, no clube da esquina, onde o sertão já virou mar e vice-versa e inverteram-se os pólos de nosso planeta, agora chamado água. Tudo graças àquela ponta que o Seixas deixou para nós há uns dez mil anos atrás...

“Bem a Vista”, com letra à altura e interpretação sempre sincera de Pepe, chega reforçada pelas vozes de Renata Ortunho e Fernando Fish. Também são audíveis nessa faixa as primeiras guitarras distorcidas do álbum, rasgando a marcação forte do Juninho Muelas, com caixa e chimbau simultaneamente acentuados. Alberto Sabella coloca a cereja no bolo, solando seu Hammond à la Purple, em clima bastante tenso. E, assim, termina o Lado A de “Eu o Estranho”.

“Última Prova” deixa bem claro e sem trocadilhos óbvios o fato de que Pepe conseguiu forjar seu próprio som em meio a um leque admirável de referências e influências sem emular, porém, ninguém! Desta vez tricotando voz e baixo de maneira sublime e com timbre digno de um Baixista de responsa, nosso protagonista mergulha mais uma vez em sua alma psicodélica, levando consigo o mesmo time da canção anterior em devaneios de marca já registrada. Pelo próprio.

Mais uma incursão ao Folk descrito nas faixas dois e três, “Tudo o que eu Queria” fecha a trinca em alto estilo, com nosso power trio agora acompanhado pelo ímpar Denny Caldeira. O clima da segunda parte é regado ao velho puro feeling de vibe positiva das levadas obrigatórias que correm nas veias de qualquer Rocker que se preze. Não tantos soltos por aí, é verdade, porém únicos e fáceis de se encontrar.

Chegamos ao Blues. À esta altura, Pepe já cruzou o arco íris e encontra-se lá, sempre sob a luz do Sol, lambuzando-se no “Pote de Mel” e tocando sua guitarra havaiana. Solos de Edu Gomes e Pi Malandrino se entrelaçam perfeitamente, bem naquela onda que Hendrix e Clapton surfaram pela primeira vez e que tornou-se elemento chave para os trabalhos guitarrísticos de qualquer grande banda, à sua escolha. 

“O Estranho” encerra a viagem. Coescrita por Débora Camiotto, que também narra seu texto entorpecidamente recitado e perfeitamente sincronizado em meio ao que parece ser uma bagunça das boas, com Xande Saraiva ajudando a deixar tudo aparentemente... normal, mas só para quem não o é.  

Enfim, parabéns à todos os envolvidos neste álbum de audição carismática e, pelos seus menos de trinta minutos, fatalmente repeatable, no ato. Não continue assim não Pepe, vá além e bata sua cabeça louca contra os céus.

As Músicas:

Se Abra (Pepe Bueno, Junior Muelas e Alberto Sabella)
BR-M8B-1400007
Pepe Bueno - Baixo e BassSynt
Junior Muelas – Bateria e Percussões
Alberto Sabella - Piano, Synth,Hammond, Teclados e Guitarra
Renata Ortunho - Pandeiro

Rotina (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400005
Pepe Bueno - Baixo, Guitarra Havaiana, Violões e Voz
Junior Muelas – Bateria e Palmas
Alberto Sabella - Piano, Synth, Fender Rhodes e Teclados
Renata Ortunho - Vozes

Vale Dizer (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400002
Pepe Bueno - Baixo, Guitarra, Violões e Voz
Junior Muelas – Bateria e Percussão
Alberto Sabella - Piano, Synth, Clavinet, Hammond e Teclados

Bem à vista (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400008
Pepe Bueno - Baixo, Guitarra, Violão e Voz
Junior Muelas – Bateria
Alberto Sabella - Hammond e Teclados
Renata Ortunho e Fernando Fish - Vozes

Última Prova (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400003
Pepe Bueno - Baixo, BassSynt, Guitarra, Violão e Voz
Junior Muelas – Bateria
Alberto Sabella - Hammond, Synth e Teclados
Renata Ortunho e Fernando Fish - Vozes

Tudo o que eu queria (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400006
Pepe Bueno - Baixo, Guitarra, Violões e Voz
Junior Muelas – Bateria e Percussão
Alberto Sabella - Piano, Synth, Hammond, Teclados e Guitarra
Denny Cladeira – Voz 

Pote de mel (Pepe Bueno)
BR-M8B-1400004
Pepe Bueno - Baixo, Guitarra Havaiana e Voz
Junior Muelas – Bateria e Percussão
Pi Malandrino – Guitarras
Edu Gomes – Guitarra 

O estranho (Pepe Bueno e Débora Camiotto)
BR-M8B-1400001
Pepe Bueno - Baixo, BassSynt e Voz
Junior Muelas – Bateria
Alberto Sabella - Piano, Synth,Hammond e Teclados
Xande Saraiva - Guitarras
Renata Ortunho e Débora Camiotto - Vozes



ALBERTO SABELLA - músico e produtor musical


Alberto Sabella iniciou suas atividades musicais em 1989, ingressando no curso de piano clássico até 1997.  Depois do interesse no piano, veio a bateria e o baixo. Em 1998, começou a tocar “bateria” em bares e casas noturnas acompanhando várias bandas e músicos da região. Já no ano de 2001, entrou  como baixista na banda Hare, onde conheceu o baterista Junior Muelas. Em 2005, Muelas e Sabella (nas teclas) formaram a Estação da Luz. Que continua até hoje e  está prestes a lançar o segundo disco.  Como músico, Sabella participou de projetos com Sérgio Kaffa (ex-Terço, Sá e Guarabyra, Erasmo Carlos), Marcelo Watanabe, Os Beatolados (Beatles cover), Indústria Brasileira, entre outros. Em 2000, com Fábio Poles e Gustavo Vasquez montou o estúdio AREA13, onde várias bandas foram produzidas, em destaque para a banda paulistana Patrulha do Espaço, com o disco “Missão na Area13” em 2003 e para a banda Tomada com o disco “Voltz”, em 2004. Atualmente, produziu o disco “O estranho”, de Pepe Bueno. Em estúdio participou de mais de 20 discos de variados artistas, além de produzir jingles e trilhas.

Set de teclas ao vivo: korg Sv1; Oberheim ob3-2; Akai Miniak.

Set de teclas estúdio: Hammond C3 e leslie 147; Rhodes Mk1 Fender twin; Minimoog model D; Piano Suzuki 1/4; Elka Raphsody e Yamaha CP60m.


__________________________
* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.



quarta-feira, 25 de maio de 2016

Michael Pinnella - As teclas nervosas do SymphonY

DE HABILIDADES EXCEPCIONAIS, O TECLADISTA MICHAEL PINNELLA ATERRISSA COM SUA BANDA, A  SYMPHONY X EM TERRAS TUPINIQUINS PARA DIVULGAR O MAIS RECENTE TRABALHO INTITULADO “UNDERWORLD” (ÁLBUM LANÇADO PELA NUCLEAR BLAST RECORDS E ACLAMADO PELA MÍDIA ESPECIALIZADA) E NOS CONCEDE UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA REALIZADA POR UM GRUPO DE MÚSICOS PARA LÁ DE AFIADO E AFINADO, COMPOSTO POR MATEUS SCHANOSKI (NOSSO COLABORADOR), RAFAEL AGOSTINO, TIMO KAARKOSKI E RICARDO ALPENDRE.

Texto: Heloísa Godoy Fagundes
Revisão: Ricardo Alpendre
Elaboração das perguntas: Rafael Agostino e Mateus Schanoski.
Entrevista: Rafael Agostino
Traduzido por Rafael Agostino e Timo Kaarkoski
Fotos: Leandro Almeida, Caike Scheffer e Edu Lawless






"O Brasil tem o maior público do mundo. E não digo isso à toa, estou falando sério".
– Michael Pinnella






Em uma família de seis irmãos, onde todos tocavam piano, seria impossível Michael Pinnella, 47 anos, não seguir esses mesmos passos e, por isso, começou cedo na música: aos 4 anos de idade.  Logo na adolescência, se impressionou com Yngwie Malmsteen, virtuoso guitarrista sueco e pediu para seus pais um teclado de presente. Durante os anos do ensino médio, devotou seu tempo à música clássica, formando-se mais tarde na Montclair State University em piano clássico. Tocou com a New Jersey Chamber Music Society e com compositores como Felix Kruglikov e Zubin Mehta da Orquestra Filarmônica de Nova Iorque. Suas principais influências são Elton John, Jon Lord e Rick Wakeman, Keith Emerson, W.A. Mozart, J.S. Bach e F. Chopin. Outras influências vem das bandas de rock, progressivo e metal, entre elas Emerson, Lake & Palmer, Deep Purple, Yes, Pink Floyd, Black Sabbath, DIO, Ozzy Osbourne, Rush, Kansas, Deu e UK.

Nos idos de 1994, um amigo em comum apresentou-lhe a Michael Romeo, a união de ideias e músicas era um conjunto perfeito para a criação do que viria a ser a Symphony X – uma das bandas mais populares de metal progressivo (estilo que mistura a fúria do heavy metal com a elaboração técnica do rock progressivo). Pinella também lançou dois álbuns solo, o primeiro em 2004, chamado Enter by the Twelfth Gate e o segundo Ascension, em 2014.  


O inicio...
Em princípios de 1994, Michael Romeo (ex-Gemini) gravou uma demo intitulada The Dark Chapter. A gravação chamou grande atenção, suficiente para que Romeo recrutasse o baixista Thomas Miller, o baterista Jason Rullo, o vocalista Rod Tyler e, finalmente, o tecladista Michael Pinella. 

Seu álbum homônimo, Symphony X, foi gravado naquele mesmo ano e lançado no Japão pelo selo discográfico Zero Corporation. O álbum também foi recebido positivamente na Europa. 

O segundo álbum, The Damnation Game apareceu 6 meses depois. O cantor Rod Tyler deixou a banda e foi substituído por Russell Allen, que influenciou o estilo da banda de uma forma notável, enfatizando o lado clássico da Symphony X. 

Seu terceiro disco The Divine Wings of Tragedy é, para muitos, o melhor disco da banda até o momento, o mais completo, o mais desenvolvida e onde a expressão musical mais coexiste com fragmentos e outras técnicas progressivas. Porém, independentemente de opiniões pessoais, podemos afirmar que a partir de The Divine Wings of Tragedy, a banda encontrou seu caminho dentro do progressivo melódico-neoclássico. Este disco demorou muito tempo para ser gravado, principalmente devido a sua complexidade.  As sessões começaram em 1996 e foram finalizadas no ano seguinte. A crítica positiva por parte da imprensa serviu para que Symphony X ganhasse grande repercussão na Europa. Já no Japão, seu êxito continuou crescendo. 

Ao final desse mesmo ano e parte de 1997, Jason Rullo afastou-se da banda por problemas pessoais e foi temporariamente  substituído pelo baterista Thomas Walling. Com Walling, a banda gravou Twilight in Olympus, lançado em princípios de 1998. Meses depois, lançou o álbum Prelude to the Millennium, uma coletânea reunindo os clássicos da banda. Nesse mesmo ano, foram feitas várias audiências para escolher o novo baixista, substituto definitivo de Thomas Miller, o que resultou na entrada de Mike LePond. Ainda em 1998, a banda, que já possuía uma grande quantidade de seguidores, começou seus primeiros shows ao vivo (o primeiro show oficial foi no Japão). Em pouco tempo deram início às turnês mundiais. Michael Lepond voltou à banda. 

Em 1999 o Symphony X entrou novamente em estúdio para gravar o próximo álbum, lançado no ano seguinte. V: The New Mythology Suite. Foi durante a turnê na Europa do mesmo ano, que houve a gravação do primeiro disco ao vivo da banda, o duplo Live on the Edge of Forever, lançado em 2001. 

Em 2002 completam The Odissey, um trabalho de muita força nas guitarras e nos ritmos progressivos característicos, com sua faixa título de mais de 24 minutos. Os temas memoráveis deste álbum foram "Inferno (Unleash The Fire)", "King Of Terrors" e "The Odissey". Após cinco anos longe dos estúdios, lança em 2007, o álbum Paradise Lost, inspirado no livro "O Paraíso Perdido", de John Milton. Neste álbum destacam o uso do metal neo-clássico e do power metal em temas como "The Sacrifice" e "Eve Of Seduction", respectivamente. 

Em 2011, o grupo lançou Iconoclast, cujas letras têm como tema a tecnologia onde máquinas dominam tudo. No trabalho mais recente, intitulado Underworld e lançado em 2015, Michael LePond afirmou que o álbum era menos pesado que o Iconoclast, uma combinação de The Odyssey e Paradise Lost. 

Atualmente, a Symphony X foi eleita pelos leitores da Roadie Crew – maior revista especializada em rock pesado do Brasil –  como uma das melhores bandas de 2015, e “Underworld” ficou com o nono lugar como “Melhor Álbum Internacional”, tendo recebido Michael Pinnella o primeiro lugar na categoria “Melhor Tecladista Internacional”.

Os integrantes...

Russell Allen –  atual vocalista da banda, também possui um trabalho solo e outro em conjunto com o cantor Jorn Lande. No ano de 2005, Russell lançou um disco solo chamado 'Russell Allen's Atomic Soul', que gira em torno do hard rock e do heavy metal.

Michael Romeo – Fundador da banda, começou a tocar guitarra aos 14 anos. Mantém um estilo próprio que o faz distinguir dos demais guitarristas do gênero ao fundir exóticas escalas e arpejos, além de ser um excelente compositor, fatores que fazem com que seja 
considerado um dos melhores do mundo. 

Michael Pinnella – começou a tocar piano aos 4 anos. Estudou piano clássico ao mesmo tempo em que sofria influências de bandas como Deep Purple, ELP, Rush, Kansas, Pink Floyd, Yes, entre outras. Em 1994, conheceu Michael Romeo, ajudando a criar o que seria a 
Symphony X.

Michael Lepond – começou a tocar baixo com  de 13 anos, quando viu, 
pela primeira vez, Gene Simmons, do grupo Kiss, pela televisão. Desde esse momento, quis ser baixista de um grupo de rock. Em 1999 realizou uma audição e se tornou o novo membro da banda.


Jason Rullo  – começou a tocar bateria aos 11 anos. Estudou  com Sonny Lgoe e Pete Zeldman. Mais tarde conheceu Romeo unindo-se à banda em 1994. Apesar de não ser tão conhecido foi considerado como 
o segundo melhor baterista do mundo.

Entrevista...




(1) Timo Kaarkoski (esquerda)e Rafael Agostino (direita)
entrevistando o músico.(2 e 3)Rafael Agostino e Michael Pinnella.

Revista Keyboard Brasil – Você começou a estudar piano com 4 anos. Quem lhe incentivou? 
Michael Pinnella: Eu tenho uma família de músicos. Minha mãe era professora de piano, e tenho outros 6 irmãos, e todos tocavam piano; então a música sempre fez parte da minha vida, e vai continuar como base para mim. Meu avô tocava guitarra e cantava. Eu comecei a tocar piano bem cedo, aos 4 anos de idade, e comecei a estudar imediatamente. Eu adorava, e não via a hora de chegar em casa para estudar. Mas também fui como a maioria das crianças: eu queria jogar videogames… Tenho um irmão que ainda toca em uma banda country regional.

Revista Keyboard Brasil – Apesar de tocar em uma banda de metal progressivo, toca música clássica até hoje?
Michael Pinnella: Eu sempre toco música clássica, sempre gravo partes orquestrais e concertos de piano de Brahms, Beethoven… Porque se você não praticar essas coisas, você acaba enferrujando.

Revista Keyboard Brasil –  Qual foi seu primeiro teclado?
Michael Pinnella: Foi um Polysix da Korg, bem usado. Eu implorei aos meus pais para comprar.

Revista Keyboard Brasil –  Qual seu set atual? E dos seus teclados, quais timbres usa de cada um? 
Michael Pinnella: Eu tenho um Yamaha Motif E7; um V-Synth GT da Roland em cima do Motif. E eu adoro os sons acústicos do Motif. Ele foi o único teclado na época em que comprei que você podia trocar de presets sem cortar ou alterar nada no timbre, mesmo você segurando o pedal de sustain. Gosto da arquitetura e da forma de montar as sequências, a forma de você carregar cada música. Eu construo cada música dentro de uma sequência, como: Música 1: “Nevermore”, Música 2 e assim por diante... Assim eu consigo trocar e carregar cada música bem facilmente. Eu também carrego samples dentro do Motif e disparo em um controlador Midi que fica na minha esquerda, como grandes ataques de orquestra e corais.

Revista Keyboard Brasil – Se você pudesse levar o que quisesse ao palco, quais instrumentos acústicos ou eletrônicos levaria?
Michael Pinnella: Eu levaria um piano Steinway & Sons 9 foot e um Hammond B3.

Revista Keyboard Brasil – Que equipamentos você usa para gravar?
Michael Pinnella: No estúdio tenho mais tempo para criar e testar coisas diferentes e ver o que soa melhor. Uso o V Synth para solos, Ivory pianos, que é incrível, e temos a biblioteca do Vienna para os strings, que faz muita diferença.

Revista Keyboard Brasil – Qual sua maior influência clássica e do rock?
Michael Pinnella: Minha maior influência no rock é o Jon Lord, do Depp Purple; Keith Emerson; Eddie Jobson, do UK; Genesis... E eu tenho fases na música clássica: às vezes eu estou no clima de Bach, outras vezes Chopin, Schumann...

Revista Keyboard Brasil –  Qual álbum da história você considera uma obra prima? 
Michael Pinnella: Você pode citar seus álbuns solo se quiser (risos). Esta é uma pergunta muito difícil. Talvez meu álbum favorito seja o Machine Head, do Deep Purple; é o meu favorito do começo ao fim, mas tem tantos outros (risos)!

Revista Keyboard Brasil – Você conhece algo de música brasileira?  
Michael Pinnella: Conheço um pouco de samba… Eu sei que não é brasileira, mas gosto muito de tocar Enrique Granados, ele tem um grande instinto latino.

Revista Keyboard Brasil – Quais dicas você pode dar aos tecladistas de metal do Brasil?
Michael Pinnella: Praticar (risos). Você não precisa ser maluco e se trancar sozinho, você tem que ouvir todos os estilos, isso faz muita diferença. Se você só ouvir metal, estará fechando seus olhos. Você tem que buscar inspiração em tudo, essa é a maior dica.

Revista Keyboard Brasil – O que tem de diferente dos fãs brasileiros para os fãs do resto do mundo?
Michael Pinnella: O Brasil tem o maior público do mundo. E não digo isso à toa, estou falando sério. Mas realmente depende de para onde você vai. Acho que quanto mais vamos para o Sul do país o público é melhor; o pessoal do norte também é legal, eles também apreciam a música, mas não agitam tanto como aqui.

Revista Keyboard Brasil –  O que você gosta no Brasil? E o que não gosta?
Michael Pinnella: Obviamente eu gosto da comida, e o clima é legal no inverno (risos). Nós fomos para Manaus no verão, e não podíamos sair nas ruas por causa do calor, então o que eu não gosto no Brasil é o clima.

Revista Keyboard Brasil –  Que bandas da atualidade gosta de ouvir?
Michael Pinnella: A última turnê que fizemos foi com uma banda chamada Myrath. Eles são da Tunísia, são ótimas pessoas e ótimos músicos, eles têm uma grande influência do Oriente Médio com metal. São demais!

Revista Keyboard Brasil – Quando não está tocando, quais são seus hobbies? 
Michael Pinnella: Eu construo coisas (risos), como armários, e toda minha casa. Quando estou em casa minha mulher sempre arruma algo para eu fazer, como: “arrume isto, arrume aquilo”. Eu arrumo meu carro também, essas coisas não são boas para tecladistas (risos)

Revista Keyboard Brasil – Você ainda estuda todos os dias? Como é sua rotina de estudo?
Michael Pinnella: Varia muito, eu pratico quando eu posso. Alguns dias eu sento no estúdio e toco por horas; outros dias nem vou para lá. Mas eu tento fazer esse equilíbrio. Depois dessa tour eu vou para casa e não faço nada por um mês, provavelmente fico sem treinar por um mês, e depois sinto que preciso voltar a tocar, um pouco todo dia pelo menos.

Revista Keyboard Brasil –  Qual seu solo de teclado do SX favorito? 
Michael Pinnella: O da música “Legend”, eu gosto dele bastante!

Revista Keyboard Brasil –  Você está no SX há mais de 20 anos. Como é o relacionamento com a banda?
Michael Pinnella: É bom. Você sabe, nós temos altos e baixos, mas é exatamente como uma família. Mas a maioria das bandas não chegam aos 20 anos, então tem sido bom.

Revista Keyboard Brasil –  Underworld é o último álbum do SX. Fale sobre o processo de criação desse disco e como está sendo a tour.
Michael Pinnella: A turnê tem sido ótima, eu diria que bem longa: seis semanas, e todas as noites temos um ótimo público com uma boa recepção… Sobre o processo de criação, Michael Romeo (guitarrista) tem horas de trechos de músicas com um a dois minutos, enquanto eu tenho apenas uma hora. Então nós juntamos todas as ideias, ele vem com os riffs de guitarra, eu com os acordes, e evoluímos as ideias.

Revista Keyboard Brasil –  Você tem dois discos solo. Qual a diferença de trabalhar com SX e com seus próprios discos?
Michael Pinnella: Eu acho que meus discos solo são mais progressivos do que os da banda. Eu tento usar instrumentais diferentes, como Hammond, que eu adoro. Inclusive eu gostaria de usar mais Hammond no Symphony X.

Revista Keyboard Brasil –  Quais são os projetos futuros?
Michael Pinnella: Nós iremos, depois do Brasil, para Chile e Argentina. Depois uma pausa até o dia 10 de junho, depois tocaremos no Sweden Rock Fest. Depois nada até julho, e em agosto no Wacken e Bloodstock. Depois Israel, que é um outro lugar incrível de tocar; depois alguns shows nos EUA, depois Austrália, e Japão em outubro. É uma tour grande, mas com algumas pausas, então não é tão cansativo. Sobre meus discos solo, eu não os planejo: eu os finalizo quando tenho duas a três horas de material e algumas partes de música. Então, quando isso acontece, eu estou pronto para começar o disco (risos).




Saiba mais sobre a banda Symphony X e Michael Pinnella:
https://web.facebook.com/Mikepinnella/?_rdr
https://www.youtube.com/user/symphonyX
http://www.symphonyx.com/site/
https://web.facebook.com/symphonyx?_rdr
https://twitter.com/symphonyx
http://www.last.fm/music/Symphony%2520X

__________________________
* Mateus Schanoski é graduado em Piano Erudito (Conservatório Bandeirantes), Piano Popular (CLAM e ULM), Teclado e Tecnologia (IT&T). É tecladista, pianista, organista, sideman, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

* Rafael Agostino é tecladista da banda Armored Dawn e multiinstrumentista, produtor musical focado em heavy metal. Formado em Rádio e TV também é editor de vídeo e produtor audiovisual.