terça-feira, 29 de novembro de 2016

HORLEANS NASCIMENTO

AUTODIDATA,  POSSUIDOR DE BOAS REFERÊNCIAS MUSICAIS.  CURIOSO.  HORLEANS  NASCIMENTO COMEÇOU CEDO NA MÚSICA.

* Rafael Sanit


O músico produtor e tecladista Horleans Nascimento, 29 anos, é natural de Fortaleza - CE. Sua paixão pela música começou aos 6 anos de idade. Autodidata influenciado por seus tios que apesar de não serem músicos, sempre tiveram um bom gosto musical. Por isso, suas boas referências musicais tais como clássicos da MPB, Bossa, Blues, artistas internacionais tais como Roxette, Phil Collins, Toto, Whitney Houston, Bryan Adams, A-HA, dentre outros...

Curioso, aos 10 anos de idade teve seu primeiro contato com um teclado, prestando atenção nas aulas de piano de seu tio em casa. Seu contato com um violão foi nessa mesma época, quando passou a frequentar a igreja.

Aos 13 anos ganhou de seu pai uma guitarra e começou a tocar na banda do bairro, ensaiando em galpões e fundos de quintal. Foi quando o tecladista se desligou do grupo e, não tendo ninguém que tivesse pelo menos a noção do instrumento, Horleans o substituiu. 

Comprou um teclado da CASIO, o CTK-50 e se apaixonou pelo instrumento. A partir daí, destacava-se cada vez mais pelas bandas que passou e, automaticamente começou a criar arranjos e orientar os músicos. Sem perceber, já estava dando início a sua carreira de produtor musical! 

Passou muito tempo tocando como “free lancer”. Uma boa parte de sua vida trabalhou com bandas baile. Até que alguns artistas o solicitaram para produzir bandas e dirigir shows e turnês. Dentre eles: Banda Patrulha da Bahia, Gilmelandia ex - banda beijo, a cantora Alobened ex - banda mel, Gang do Samba. Na África viajou com uma banda montada para representar a Música Brasileira no Festival de Música da “Ilha do Sal”, em Cabo Verde.

Atualmente é endorsee da Casio Teclados e tecladista da banda Aviões do Forró participando de diversos programas de TV e excursionando pelo Brasil e pelo mundo. Além de exercer a função de produtor musical em outras bandas.

SAIBA MAIS SOBRE HORLEANS NASCIMENTO:

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* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna como colaborador na Revista Keyboard Brasil.



A música do Movimento Armorial - Entre o Erudito e o Popular (
Parte 1)

 UMA CORRENTE MARCADA PRINCIPALMENTE PELA TENDÊNCIA DO ESCRITOR E DRAMATURGO PARAIBANO ARIANO SUASSUNA EM SINTETIZAR ELEMENTOS E FIGURAS DA CULTURA DO POVO NORDESTINO E OBRAS CLÁSSICAS DA LITERATURA UNIVERSAL. ESTA MISTURA DE GOSTOS E EXPRESSÕES É O MÓVEL QUE INSPIRA O TEMPO TODO O AUTOR E SEUS COMPANHEIROS DO MOVIMENTO ARMORIAL, UM MOVIMENTO CRIADO PARA FAZER FACE AO MASSIVO DOMÍNIO DOS IMPERATIVOS CULTURAIS ESTADUNIDENSES NO BRASIL. ESSE É O TEMA DA COLUNA DE SERGIO FERRAZ.

 * Por Sergio Ferraz


Nos meus recentes artigos escritos aqui na Revista Keyboard Brasil, tenho tentado traçar um caminho mostrando como as questões nacionalistas desencadearam movimentos artísticos pelo mundo.  Vimos isso na Rússia, na Hungria e em diversos países do leste europeu. Também não foi diferente aqui no Brasil, entre o final do século XIX e início do século XX.

Vamos então falar sobre o Movimento Armorial, que surgiu influenciado pelos mesmos aspectos que os demais movimentos nacionalistas, porém com um foco foi mais regional.

Em 1970, no Recife, o escritor, dramaturgo e professor de estética da arte Ariano Suassuna lançou o manifesto que traçava as bases do Movimento Armorial.  A ideia deste movimento era abarcar todos os segmentos artísticos, tal como: música, teatro, artes plásticas, literatura, entre outros. 

No âmbito musical, um dos objetivos era criar uma música erudita com base na cultura popular do nordeste, destacando as suas fontes formadoras, que segundo Suassuna tinha três matrizes básicas: a Ibérica (portuguesa-árabe- mouresca), Africana e Indígena. 

A palavra “armorial” é, originalmente, um substantivo – o nome que se dá ao livro onde são registrados símbolos de nobreza, como os brasões ou, então, ao conjunto desses símbolos. Porém, Ariano passou a empregar o termo como adjetivo. Ele também descobre que o termo servia para qualificar os “cantares” do Romanceiro, os toques de viola e rabeca dos Cantadores: “toques ásperos, arcaicos, acerados como gumes de faca-de-ponta, lembrando o clavicórdio e a viola-de-arco da nossa música Barroca do século XVIII”, dizia Suassuna.

Também escreve Ariano em um trecho do texto de apresentação na contra-capa do primeiro LP do Quinteto Armorial (Do Romance ao Galope Nordestino) lançado em 1974: “Foram os compositores armoriais que revalorizaram o pífano, a viola sertaneja, a guitarra ibérica, a rabeca e o marimbau nordestino, estranho e belo instrumento, de som áspero e monocórdico, lembrando – como a rabeca também – os instrumentos hindus ou árabes, estes últimos de presença tão marcante no nordeste, por causa da nossa herança ibérica.”

Era esse o princípio gerador do Movimento Armorial: compor uma música erudita-popular para orquestra e grupo de câmara. Para tanto, Ariano Suassuna reuniu músicos eruditos, compositores e instrumentistas do mais alto gabarito, entre eles, Cesar Guerra-Peixe, o virtuoso violinista e compositor Cussy de Almeida, Clóvis Pereira, Capiba (também ilustre compositor de frevos), Jarbas Maciel, Antonio “Zoca” Madureira, e o então jovem violinista e rabequeiro  Antonio Carlos Nóbrega.

Primeiramente foi a Orquestra Armorial de Câmara capitaneada pelo violinista Cussy de Almeida que fez soar em todo o Brasil as primeiras composições armoriais em diversas salas de concertos, programas de TV e em gravações dos seus quatro LPs lançados a partir de 1975. 

São eles:
Orquestra Armorial – 1975 
Destaque para Mourão, composição de Guerra-Peixe e Clovis Pereira, Galope (Guerra-Peixe), Abertura e Aboio (Cussy de Almeida), Repentes (Antonio Zoca Madureira), Sem Lei nem Rei (Capiba)
Chamada – 1975
Destacam-se: Sem Lei nem Rei partes II e III (Capiba), Chamada No 1 (C. de Almeida, C Pereira e J. Maciel), No Reino da Pedra Verde (Clovis Pereira)
Gavião – 1976

Destaque principalmente para o Dueto Característico (Guerra-Peixe), Gavião (Cussy de Almeida), e Aboio Esporiado (José Tavares de Amorim). Além desses três primeiros mais importantes LPs, a Orquestra Armorial gravou ainda mais quarto álbuns: Orquestra Armorial vol 4 (1989), Orquestra Armorial Vol 5 (1992), Grande Missa Armorial de Capiba (1994) e Orquestra Armorial (1994). 

O Quinteto Armorial teve papel importantíssimo na sonoridade da música armorial, explorando as sonoridades rústicas da rabeca, pífano,  viola sertaneja e marimbau, além de instrumentos tradicionais como violino, violão e flauta. O Quinteto Armorial era liderado pelo violonista e compositor Antonio “Zoca” Madureira (viola sertaneja e violão) e contava, na sua formação original, com Antonio Carlos Nóbrega (violino e rabeca), Egildo Vieira (pífano e flauta), Fernando Barbosa (marimbau) e Edilson Eulálio (violão).

O disco de estreia do grupo foi Do Romance ao Galope Nordestino (1974), com destaque para as músicas: Toada e Desafio (Capiba), Repente, Toré e Ponteio Acutilado (Antonio Madureira), Rasga (Antonio Carlos Nóbrega). O álbum ainda traz uma versão para rabeca e pífanos de Mourão (Guerra-Peixe e Clovis Pereira), um romance ibérico do século XVI – Romance da Bela Infanta, recriado por Antonio Zoca Madureira. 

Esta obra teve grande repercussão na época, recebendo elogios de pesquisadores e críticos de arte como José Ramos Tinhorão¹, chamando o quinteto de “o milagre brasileiro”.

O Quinteto Armorial lançaria outros três discos, assim como o primeiro, pela gravadora Marcos Pereira. O segundo, Aralume (1976), considero o melhor de todos os trabalhos do Quinteto – Antonio Zoca Madureira também compartilha dessa mesma opinião – destaque para a música título e também Lancinante (A. Zoca Madureira), Improviso – incrível peça para viola solo de Antonio Zoca Madureira, e Ponteado também de Antonio Zoca Madureira. O terceiro LP apenas intitulado Quinteto Armorial é de 1978; neste trabalho destacam-se as faixas: Baque de Luanda (A. Zoca Madureira), Entremeio para Rabeca e Percussão em três movimentos de Antonio Carlos Nóbrega, e Toque de Marimbau e Orquestra  – um concerto para marimbau de orquestra compostos por Antonio Zoca Madureira. Em 1980 o Quinteto Armorial lançaria seu último álbum intitulado Sete Flechas, um trabalho muito mais voltado para o frevo e para composições com ritmos indígenas. Destaque para a faixa título Sete Flechas (A. Zoca Madureira), Martelo Agalopado (A Suassuna e A. Carlos Nóbrega), Zabumba Lanceada (Fernando Torres Barbosa).


¹José Ramos Tinhorão (07/02/1928) ou simplesmente Tinhorão – apelido referente a uma 
planta venenosa, conferido a ele em razão da acidez humorístico-irônica de suas colocações,
é jornalista, crítico e pesquisador da história da música popular brasileira.   

Continua na próxima Revista Keyboard Brasil. Até lá!
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* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de ser colunista da Revista Keyboard Brasil.




Centenário de Alberto Ginastera o mais prestigiado compositor clássico latino-americano

ACLAMADO COMO O COMPOSITOR ARGENTINO MAIS INFLUENTE DA HISTÓRIA CONTEMPORÂNEA, ALBERTO EVARISTO GINASTERA DESENVOLVEU UMA OBRA CLÁSSICA VIBRANTE. COMPOSITOR EXIGENTE, CONSTATAMOS NO ARGENTINO UMA ESPÉCIE DE ENSINAMENTO EM TERMOS DE DISCIPLINA E AUTOCRÍTICA, ALGO QUE LHE REVERTEU POSITIVAMENTE NO CORRER DO TEMPO.

 * * Por Maestro Osvaldo Colarusso


Neste ano, em que se comemora o centenário de nascimento do compositor argentino Alberto Ginastera (1916-1983), nos deparamos com uma realidade que pode incomodar muito a nós brasileiros: Alberto Ginastera tem assumido a dianteira em termos de prestígio entre os compositores de música clássica do nosso continente, prestígio ainda maior do que possui nosso maior compositor, Heitor Villa-Lobos.

Alguns dados para explicitar o que digo: para marcar o centenário do nascimento do compositor argentino o selo inglês Chandos está lançando uma série de primorosos Cds (Quatro volumes) com quase todas as obras orquestrais do compositor com a Orquestra Filarmônica da BBC regida pelo espanhol Juanjo Mena, seu concerto para harpa está entre as obras da temporada oficial da Orquestra Filarmônica de Berlim, Placido Domingo acaba de gravar a ópera Don Rodrigo e a Deutsches Symphonie-Orchester Berlin sob a regência de Arturo Tamayo acaba de lançar através do selo Capriccio uma caprichada versão de algumas obras da fase mais experimental do autor. 

Mas isto tudo não é uma exceção ocorrida apenas pelo centenário de seu nascimento. A obra de Ginastera atrai grandes intérpretes há muito tempo. Enquanto, por exemplo, os Quartetos de Villa-Lobos são executados apenas por quartetos brasileiros (destaco a integral em DVD do Quarteto Radamés Gnattali) ou focados na música latino-americana (destaco a integral do Cuarteto Latinoamericano) os três Quartetos de Ginastera foram executados e gravados por alguns dos maiores quartetos do mundo, como o Quarteto Juilliard e o Quarteto Végh. O Concerto para Harpa e orquestra do compositor argentino existe em diversas e excelentes gravações e arrisco dizer que este é o concerto para solista e orquestra mais conhecido entre os que foram escritos por compositores latino americanos. 

Enquanto a obra de Villa-Lobos é divulgada atualmente prioritariamente por grandes artistas brasileiros como o violinista Fabio Zanon, as pianistas Débora Halász e Sonia Rubinsky e o maestro Isaac Karabtchevsky, a obra de Ginastera é divulgada prioritariamente por importantes músicos - não argentinos - como os maestros Josep Pons, Andre Previn, Leonard Slatkin e Juanjo Mena, os harpistas Xavier de Maistre, Marie-Pierre Langlamet e Yolanda Kondonassis, os violinista Gil Shaham e Salvatore Accardo, o violonista Jason Vieaux e os pianistas Orli Shaham e Sergio Tiempo.

Creio que as razões para isso são várias. Inicialmente Ginastera tem um editor, a inglesa Boosey and Hawkes, que oferece e divulga edições primorosas tanto de suas obras pianísticas quanto das obras orquestrais, corais e destinada a outros instrumentos. Para que possamos tocar diversas obras de Villa-Lobos temos que fazer xerox do xerox da partitura autografa. A principal editora de Villa-Lobos, a francesa Max Eschig, vai mal das pernas e há muito tempo não tem revisto ou reeditado as obras do compositor brasileiro. 

Outra razão está na diferença do temperamento artístico dos dois compositores. Enquanto Villa-Lobos, segundo a maestrina uruguaia Giséle Bén-Dor definiu acertadamente na Revista Gramophone “…criava como se rios de música viessem através dele. Ele era muito espontâneo, compunha em qualquer lugar”, Ginastera era exatamente o oposto: “Ginastera era muito preciso e exigente. Ele propositadamente destruiu diversas obras dele e insistiu que outras não deveriam ser tocadas”. 

Realmente Villa-Lobos nunca revisou nenhuma obra sua pois considerava isso uma perda de tempo. Ao contrário, Ginastera revisava exaustivamente suas composições antes de serem publicadas. E, quanto ao fato dos intérpretes argentinos darem pouca importância a Ginastera (Martha Argerich e Barenboim, por exemplo, tocam apenas uma pequena obra do autor) deve-se ao fato de que Ginastera não queria ser identificado como um “compositor argentino”. Ele se afasta da argentina definitivamente em 1970 e vive seus últimos 13 anos na Suíça. Sem negar suas raízes em suas composições, seu objetivo maior era ser puramente um compositor, sem o rótulo de “nacionalista”.

Isto pode soar um pouco estranho já que as primeiras obras de Ginastera (Estancia, por exemplo, sua obra mais tocada no Brasil) possuem um cunho extremamente nacional. Seu ídolo nesta fase é o húngaro Bela Bartók, bem distante do nacionalismo brasileiro. 

O que pouca gente sabe é que Ginastera nos últimos 25 anos de sua vida incorpora técnicas altamente ligadas às mais experimentais tendências musicais. E existem algumas composições que sintetizam de forma brilhante o misticismo e a espiritualidade não apenas de seu país natal, mas de todo o continente latino-americano. Exemplo disso é sua belíssima Cantata para América Mágica opus 27, obra de 1960 para soprano dramático e orquestra de percussão, com texto baseado em fragmentos pré-colombianos. Outra obra com este cunho místico e ritual é Popol Vuh op.44 (1975) para grande orquestra, que descreve a criação do mundo na ótica maia, a obra mais selvagem do compositor. Há quem diga que esta obra é a “Sagração da Primavera” latino-americana. 

O gosto literário de Ginastera também era muito refinado. Prova disso é uma das melhores obras do compositor, seu Quarteto de cordas Nº 3 composto em 1973. O quarteto, que é atonal e com grande liberdade criativa, conta com a participação de um soprano e o texto das partes cantadas é uma súmula de três gigantes da literatura espanhola: Juan Ramón Jimènez, Federico Garcia Lorca e Rafael Alberti.

Não quero aqui fazer uma comparação entre as genialidades dos dois grandes compositores, Ginastera e Villa-Lobos. Os dois estão entre os mais importantes compositores do século XX. Mas constatamos no argentino uma espécie de ensinamento em termos de disciplina e autocrítica, algo que lhe reverteu positivamente no correr do tempo. O prestígio de Ginastera decididamente está em alta.

Para quem deseja conhecer algo mais profundo do compositor argentino, deixo aqui algumas gravações.

1. Ginastera: Popol Vuh – A criação do mundo vista pelos maias, Op. 44 Cantata para América Mágica Rayanne Dupuis (soprano WDR Symphony Orchestra Cologne, Stefan Asbury Selo: Neo

2. Ginastera – Os três quartetos de cordas. Cuarteto Latinoamericano – Claudia Montiel – soprano Selo: Brilliant Classics

3. Ginastera: Concerto para cordas, Op.33 Estudios sinfonicos, Op. 35 Glosses sobre temes de Pau Casals, para orquestra, Op. 48 Iubilum, Op. 51. Deutsches Symphonie-Orchester Berlin, Arturo Tamayo Selo: Capriccio

4. Ginastera – Concerto para Harpa e orquestra (Yolanda Kondonassis) Sonata para violão (Jason Vieaux), Pampeana Nº 1 (Gil Shaham) e Danças Argentinas (Orli Shaham) Selo: Oberlim. Edu

5. Além desses recomendo fortemente a coleção que começou a ser lançada este ano das obras orquestrais de Ginastera com a Filarmônica da BBC regida por Juanjo Mena. Selo: Chandos.

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Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.







FUNKTASTIC - 
NOVO ÁLBUM AUTORAL DO ORGAN TRIO HAMMOND GROOVES

O ORGAN TRIO HAMMOND GROOVES, FORMADO POR DANIEL LATORRE, WAGNER VASCONCELOS E FILIPE GALADRI APRESENTA SEU MAIS NOVO TRABALHO, O TÃO ESPERADO ÁLBUM AUTORAL "FUNKTASTIC".

 * Por Heloísa Godoy Fagundes

Com a intenção de transmitir o clima inesperado que acontece nos shows ao vivo, além da sonoridade “vintage” que também é referência, o organ trio Hammond Grooves, formado pelos músicos Daniel Latorre, no Hammond B-3; Wagner Vasconcelos, na bateria e Filipe Galadri na guitarra, apresenta seu mais novo trabalho, o álbum autoral “FUNKTASTIC”. Gravado no conceito, denominado “old-school” foi uma escolha inspirada nos álbuns das gravadoras Blue Note e Verve.  A gravação e mixagem do disco ficaram a cargo do técnico de som Hugo Silva, que já trabalhou com Chico Pinheiro, Anthony Wilson, Zimbo Trio, Cesar Camargo Mariano, entre outros. Responsável pela masterização estava o renomado André Kbelo. As gravações aconteceram no Family Mob Studios, liderado por Jean Dolabella e Estevam Romera, produziram e lançaram este álbum pelo selo Family Mob Records. A capa, diagramação e ilustração do disco foi feita pela artista gráfica Heloisa Dassie Genciauskas. O disco esta disponível no ITUNES, Deezer, Google Play e Spotify. A seguir, leia a entrevista do trio.

O organ trio Hammond Grooves numa das casas mais conceituadas da cidade de São Paulo, o Bourbon Street Music Club. Daniel Latorre: Hammond B3 | Wagner Vasconcelos: bateria | Filipe Galadri: guitarra.

ENTREVISTA... 
Revista Keyboard Brasil: Funktastic é um trabalho maravilhoso. Sou suspeita para falar porque acompanho o trabalho de vocês há algum tempo e tenho minhas preferidas como Toc Toc Island e Água de Coco. Pergunto: como foi a concepção e a realização desse trabalho?
Hammond Grooves: Obrigado Heloísa e toda equipe da Revista Keyboard por gostar de nossa música e pela oportunidade de falar um pouco sobre! Queríamos gravar nossas músicas com espontaneidade. Um disco inteiro na inusitada formação de organ trio. O objetivo era passar um pouco do clima dos nossos shows ao vivo. Para isso escolhemos gravar sem fones de ouvido com todos na mesma sala de gravação. Esta concepção de gravação é a mais básica possível, porém desafiadora porque tecnicamente não há o que se fazer quanto a execução depois de gravado. Ao mesmo tempo a “mix” tem que traduzir o melhor possível o que foi tocado. Assim foram gravados os antológicos discos dos “organ trios” de Jimmy Smith, John Patton, Shirley Scott, Wes Montgomery, Jack McDuff que tanto gostamos e acabaram nos inspirando neste processo de gravação. No entanto optamos por uma sonoridade própria do começo ao fim, sendo o mais honesto possível com aquele momento da gravação, com a concepção de som de cada um no seu instrumento e de como o técnico Hugo Silva traduziu isso para a gravação final. Tivemos a  honra do André Kbelo masterizar o disco, que deu o “punch” que faltava.

Revista Keyboard Brasil: Quais os prós e contras de desenvolver uma carreira musical de forma independente?
Hammond Grooves: No nosso caso não é uma escolha. É a forma que temos no momento. Ser independente faz parte da batalha do dia-a-dia de cada um dos três para ser músico da forma que acreditamos. Para realizar esta gravação contamos com amigos e excelentes profissionais que gostam de nosso trabalho e nos apoiaram independentemente. As vantagens estão em maior parte na liberdade artística. A maior desvantagem é que tudo fica mais trabalhoso e devagar sem alguém ou alguma instituição com poder aquisitivo para viabilizar o processo de sua carreira. Os artistas têm que acabar lidando com todo resto do processo que não é arte ou música. Nós vemos isso também como vantagem, pois você aprende como funciona tudo, um conhecimento valioso.

Revista Keyboard Brasil: Como se deu a escolha do estúdio?
Hammond Grooves: Foi mágico. Justo quando começamos a nos perguntar onde poderíamos gravar nossa música e um lugar que tivesse uma “vibe” parecida com a nossa, conhecemos o Family Mob ( http://www.familymob.com.br/#home ). Daniel conhecia Estevam e já havia tocado com Jean Dolabella há alguns anos. Quando fomos conhecer o estúdio, Jean estava fazendo uma apresentação ao vivo com seu duo chamado “Indireto”, dentro da sala e com as caixas de som para fora e o público ouvindo. Uma concepção que mistura música ao vivo e o processo de gravação! Uma “sonzeira” inacreditável! Dava para sentir naquele momento que o lugar era mais que um estúdio, um espaço que agregava outras qualidades e uma energia que se alinhou muito com a nossa.

Revista Keyboard Brasil: O Hammond Grooves está na estrada há mais de 10 anos. Como se deu a formação atual da banda?
Hammond Grooves: No começo, o objetivo era tocar ao vivo as músicas do soul jazz dos “organ trios” das décadas de 60 e 70, levar o Hammond B-3 de verdade, tocar os baixos na pedaleira como os organistas de jazz faziam, enfim, levar esta atmosfera no show que até então só ouvíamos nos discos. A coisa foi indo assim,  neste clima quase que informal onde vários músicos e amigos tocaram conosco, foi uma época deliciosa também! Em 2009, o baterista Wagner Vasconcelos começou a tocar na banda e composições começaram a surgir mudando a direção do projeto. Foi então que, em 2013, conhecemos o guitarrista Filipe Galadri por intermédio de um amigo e produtor, Paulo Roberto Aredes e o chamamos para tocar conosco. Esta combinação das influências de cada um e a química tocando juntos foi quase que instantânea e era a hora de começar a gravar o que já tínhamos feito e seguir compondo músicas novas.

Revista Keyboard Brasil: O que mudou na cena musical de São Paulo durante esses 10 anos?
Hammond Grooves: Acho que nós evoluímos muito de alguns anos para cá. Percebemos que estilos como o jazz tiveram espaço maior. Uma geração nova de excelentes músicos apareceram tocando cada vez melhor o jazz, blues e música brasileira. A economia e turbulências políticas vieram também, mas sentimos que as pessoas vêm percebendo que podem usar a música para enfrentar este período, seja de forma terapêutica ou colocando o entretenimento com maior prioridade em seu cotidiano, que não acontecia em períodos anteriores. Os estilos de música como o nosso têm atingido maior público hoje com o alcance digital, esta realidade é crescente e nos permite contato direto com nosso público e vice-versa.

Revista Keyboard Brasil: Um diferencial do show do Hammond Grooves é a interação com a plateia. Como essa ideia surgiu, Daniel?
Hammond Grooves: Surgiu por acaso. Percebemos que as pessoas tinham curiosidades e dúvidas quanto a nossa formação, especialmente sobre o instrumento Hammond, Leslie e o repertório que estamos tocando. Então fomos inserindo estas informações durante o show. Mas como fazer isso de forma não tão repetitiva? Inserimos algumas curiosidades e histórias sobre os personagens do jazz e do universo do “organ trio”. Mesmo sendo “música instrumental” esta comunicação e participação do público até tocando algumas músicas fazem a experiência do show se prolongar.

Revista Keyboard Brasil: Agora um bate-bola - respondam com uma frase o que vem na mente quando eu digo:
Jazz: Liberdade, respeito e infinitas descobertas.
Hammond B3: Uma máquina que ganha vida e consegue compartilhar de nossa alma.
Uma lembrança de infância:  Brincar de carrinho no quintal de casa! (risos).
Um ídolo: Dr. Lonnie Smith
Uma inspiração: O documentário “O Código”
Um sonho: Ser a primeira banda a se apresentar no espaço!
A maior conquista: ter um organ trio de verdade
Defina o Hammond Grooves em uma palavra: Sinergia

Daniel Latorre - Hammond organ
Paulistano, Daniel é a cara do órgão HAMMOND no país. Acostumado com a vida dos bares e shows desde sua adolescência, construiu seu nome na música no decorrer dos anos, durante os quais dividiu palco com IAN PACE (Deep Purple), ANDY SUMMERS (The Police), JOHN PIZARELLI, CAETANO VELOSO, ANDREAS KISSER e PAULO ZINNER.


Filipe Galadri - guitarra
Músico e especialista das marcas  Fender, Korg e Vox, Filipe é o mais novo integrante do HG. Guitarrista apaixonado pelas vertentes modernas do jazz, estudioso de claves exóticas e da vanguarda do estilo, mas igualmente conhecedor do Hard Rock ao Blues. Uma das grandes promessas do instrumento no cenário nacional de jazz clássico e fusion.

Wagner Vasconcelos - bateria
Músico por formação, de currículo exemplar (FAAM, EMESP, Conservatório de Tatuí), Wagner é uma referência em estudos ritmicos e um dos professores de bateria mais completos do país. Além de estar no HG desde sua formação, já dividiu palcos e projetos com os grandes músicos MICHEL LEME, LEO GANDELMAN, JOHN PIZARELLI, e RONNIE CUBER.

SAIBA MAIS SOBRE A BANDA HAMMOND GROOVES:
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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Amante da boa música, está há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil.




segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Psycothronic IV
BRASILIAN ELECTRONIC MUSIC
Tellah - Continente Perdido


QUARTA PARTE DO UNDERGROUND BRASILEIRO, ESSE MÊS DEDICADA À BANDA TELLAH. HARE!!

* Por Amyr Cantusio Jr.


Álbum de estúdio lançado em 1980. Banda natural de Brasília (DF), entre abril e agosto, em um estúdio de 8 canais do Rio de Janeiro. 

Tellah foi concebido na época que gravei o SPECTRO (1974). As más línguas dizem sempre sobre a “ má qualidade” do som, o que é totalmente irrelevante no meu ponto de vista, pois bandas como as nossas, vindas do Underground, não tem grana. Músicos como nós, da sarjeta, fazendo uma música mil anos à frente, num país idiotizado e retrógrado, significa fazer “milagres”. E foi o que esses caras fizeram: lançaram este “milagre”. 

Aliás eles ainda conseguiram gravar em 1980 num estúdio com 8 canais. Eu gravei o SPECTRO em 1974 em 8 canais DIRETO numa JAM tocando as 5 músicas ensaiadas numa fita de rolo. Nada de fazer “overdubs” ou colocar mixagens. Foi do jeito que captou ao vivo! Assim é impossível e é até idiota falar de “qualidade de som” em bandas como estas!

Ouça, porque o trampo musical é excelente e ainda, com os recursos atuais, eu pude melhorar bastante a qualidade!!! Detalhe: o LINK é MP3 numa faixa contínua/corrida (não tem pausas entre as músicas... Tive minha master, assim de LPS) raridade mesmo!!

Hare!
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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.





A PARCERIA PERFEITA!!!

Músicos e Revista Keyboard Brasil !!!


Acessem:










CORO OSVALDO LACERDA E MADRIGAL LE NUOVE MUSICHE - Encerramento da Temporada 2016

CONHEÇA O PROJETO DO CORO OSVALDO LACERDA E A TEMPORADA 2016 COM SUAS ÚLTIMAS INFORMAÇÕES.
*Redação

No dia 03 de dezembro o Coro Osvaldo Lacerda e o Madrigal Le Nueve Musiche encerram sua Temporada 2016 com um concerto na Igreja Imaculado Coração de Maria em São Paulo.

O concerto de encerramento reúne os dois núcleos do projeto com um programa que passa por vários períodos da história da música, com obras de Bach (Barroco), Mozart (Classicismo), Bruckner (Romantismo), Duruflé (Século XX) e alguns outros. O concerto terá, ainda, a estreia de uma peça composta pelo maestro e compositor Nibaldo Araneda especialmente para o grupo.

Sobre a temporada 2016...
A temporada contou com 9 concertos e teve a participação de artistas de renome no cenário musical, como a pianista Eudóxia de Barros, a maestrina Naomi Munakata, regente honorária do Coro da OSESP e diretora artística do Coral Paulistano Mário de Andrade, e os cantores Marina Pereira, Solange Ferreira, Marcos Thadeu e Sabah Teixeira do Coro da OSESP.

Durante o ano de 2016, o coro e o madrigal se apresentaram em diversos lugares da cidade de São Paulo, como a Sala do Conservatório na Praça das Artes, Centro Brasileiro Britânico, CEU Jaguaré, Igreja Presbiteriana do Butantã, Paróquia Santa Cecília, Igreja Evangélica Luterana de São Paulo, Igreja das Chagas do Seráphico Pai São Francisco, Catedral Anglicana de São Paulo e Igreja do Imaculado Coração de Maria.


Projeto Independente...
O grupo completou 2 anos de atividades em setembro e está com uma campanha aberta para conseguir apoiadores. Com contribuições a partir de 20 reais mensais qualquer pessoa pode se tornar um apoiador e contribuir para a  continuidade desse trabalho. É só se cadastrar através do site e escolher uma forma de doação, por transferência bancária/depósito. É simples, fácil e você contribui com nossa missão de promover a cultura coral na nossa cidade.


Madrigal Le Nuove Musiche
Madrigal Le Nuove Musiche - Concerto de Estreia - Divulgação

O grupo, que é um dos núcleos do Coro Osvaldo Lacerda, surgiu em 2015, formado por quinze cantores com experiência em práticas corais, que se reuniram para fazer um estudo aprofundado do repertório de música antiga em paralelo ao contemporâneo, tendo como objetivo a aproximação entre esses dois repertórios.

O nome reflete essa iniciativa: Le Nuove Musiche (A Nova Música) é uma coleção de canções compostas por Giulio Caccini (1551-1618), compositor do início do período barroco. O livro, que também serviu como um tratado de interpretação musical, trazia uma clara descrição de como se devia cantar a música da época, e por isso tinha um teor de novidade. O grupo utiliza então o nome Le Nuove Musiche para unir as práticas vocais do renascimento e início do barroco e a música vocal contemporânea (a nova música).

Programa:
If ye love me  - Thomas Tallis
Komm süsser Tod - J.S.Bach
Ave verum corpus - W.A.Mozart
Locus Iste - Anton Bruckner
Ubi Caritas - Maurice Duruflé
Indianas  - Carlos Guastavino              
Nothern Lights - Ola Gjeilo
Laudate Dominum (estreia) - Nibaldo Araneda
O magnum mysterium - Javier Busto
Didn't my Lord deliver Daniel- Moses Hogan

Coro Osvaldo Lacerda
Coro Osvaldo Lacerda regido por Naomi Munakata - Junho 2015 - Foto Divulgação

Criado em 2014 com o nome Madrigal Tutti Amici, o Coro Osvaldo Lacerda surgiu da proposta de amigos estudantes de música se reunirem e levar para os palcos a vivência extraída da sala de aula. Realizou sua primeira apresentação no encontro de coros promovido pelo Coral Cultura Inglesa em setembro do mesmo ano onde recebeu o convite para participar ao lado do Coral Cultura Inglesa do concerto de encerramento da temporada da Orquestra Sinfônica de Heliópolis executando a sinfonia n º 2 de Gustav Mahler sob regência de Isaac Karabtchevsky, em dezembro na Sala São Paulo.

Em 2015 o grupo cresceu e passou a se chamar Coro Osvaldo Lacerda, em homenagem ao compositor paulistano. Participou da Virada Cultural Coral, cantando em dois pontos do centro da cidade: Sala dos Arcos do Theatro Municipal e Cripta da Sé, em encontros como XVII Encontro de Coros do Tribunal de Justiça e Festival de Música Sacra da Igreja São Luis, além de realizar em setembro o Concerto Oficial de Estreia, e em dezembro o Concerto de Natal na Paróquia São Luís. Em suas diferentes formações, o grupo explora um repertório eclético que vai do renascimento à música contemporânea, tendo sempre em seu programa obras do compositor homenageado.

Em 2016 o grupo realizou 3 concertos pelo projeto São Paulo Cidade Coral, promovido pelo Coral Paulistano Mário de Andrade e Prefeitura de São Paulo,em locais como a Sala do Conservatório na Praça das Artes, CEU Jaguaré e Igreja Presbiteriana do Butantã. Em junho recebeu a maestrina Naomi Munakata que conduziu a interpretação da Missa em Ré de Antonin Dvorak. Realizou concertos em algumas igrejas da capital como a Paróquia Santa Terezinha, Igreja Evangélica Luterana de São Paulo e Igreja das Chagas do Seráphico Pai São Francisco. Em dezembro o grupo encerra a temporada 2016 com um concerto de música sacra, apresentando peças de diversos períodos da história da música, incluindo a estreia de uma peça de Nibaldo Araneda.

Serviço:
Concerto de encerramento da Temporada 2016
Coro Osvaldo Lacerda de do Madrigal Le Nuove Musiche
Regentes: Bruno Costa e Guilherme Rocha
Pianista convidado: Lawrence Longhi
Quando: Dia 03/12/2016, às 15h
Onde: Igreja Imaculado Coração de Maria - R. Jaguaribe, 735 - Vila Buarque, São Paulo
Quanto: Entrada Franca
Livre a todos os públicos

SAIBA MAIS: