sexta-feira, 30 de junho de 2017

JOHN MCLAUGHLIN  
A chama do grande Vishnu - parte 2

NA EDIÇÃO ANTERIOR DA REVISTA KEYBOARD, EU INTRODUZI O LEITOR, EM LINHAS GERAIS, A OBRA DO GUITARRISTA INGLÊS DE JAZZ-FUSION JOHN MCLAUGHLIN. NESTA EDIÇÃO, FALAREI MAIS DETALHADAMENTE SOBRE SEUS TRÊS PRIMEIROS LPS, JÁ COMO BAND LIEDER DO SEU GRUPO MAHAVISHNU ORCHESTRA, QUE TORNOU-SE RAPIDAMENTE FAMOSA NO MUNDO INTEIRO PELO VIRTUOSISMO DE SEUS INTEGRANTES E TAMBÉM POR SUAS COMPOSIÇÕES ARROJADAS, INCRIVELMENTE COMPLEXAS E BRILHANTES, MARCANDO ASSIM, EM DEFINITIVO, A ERA DO JAZZ-ROCK.

 * Por Sergio Ferraz

A Mahavishnu Orchestra

A banda foi formada em 1971 em Nova York por John McLaughlin e foi batizada de  Mahavishnu (Grande Vishnu), nome que o guitarrista recebeu do seu Guru Sri Chinimoy.

A formação original era com o panamenho, Billy Cobham (bateria), o irlandês Rick Laird (baixo), o tcheco Jan Hammer (teclados) e o americano Jerry Goodman (violino).

O estilo musical da Mahavishnu era uma mistura original de gêneros: eles combinavam o som do rock eletrificado em alto volume tal como fazia Jimi Hendrix (com quem McLaughlin tinha tocado em uma jam em sua chegada inicial em Nova York), ritmos complexos em compassos incomum (7/4, 10/8, 18/8 por exemplo) que refletiam o interesse de McLaughlin pela música clássica indiana, bem como pelo funk e a influência harmônica da música clássica europeia. 

A música inicial do grupo, representado em álbuns como “The Inner Mounting Flame” (1971) e “Birds of Fire” (1973), era inteiramente instrumental; nesses dois álbuns, o grupo faz uma fusão energética de gêneros otimizados. Um bom exemplo é a música "Vital Transformation" do LP The Inner Mouting Flame, em compasso 9/8 e andamento a 276 BPM, bem como músicas serenas e contemplativas de estilo camerístico, como "A Lotus On Irish Streams" com harmonia modal num estilo quase renascentista com a instrumentação, violão, piano e violino.

Ainda do primeiro álbum, destaque para a música de abertura, “Meeting of the Spirits”. Criada sobre um ritmo que alterna em compassos 5/8 e 6/8 sobre dois acordes tocados pela guitarra, são eles: F#7 (b9) e G13 (#11), proporcionando um clima misterioso tal como uma buleria flamenca, explodindo com o tema enérgico tocado pela guitarra seguido de solos rápidos e brilhantes sobre esta base.

“Bird of Fire”, música título que abre o segundo álbum de 1973 é em compasso 18/8 e semelhante ao início da música anterior, essa é construída sobre uma base de acordes alterados arpejados na guitarra: G#7(#9 b13) e A#7(b9 #11) seguida de um tema eletrizante tocado em uníssono pela guitarra e violino.


Em contraste à música acima citada temos a belíssima “Thousand Island Park”.  De formação camerística tocada apenas por violão, piano e baixo acústico, a peça apresenta o tema tocado em uníssono pelo violão e piano onde a cada final da parte do tema exposto, os instrumentos revezam-se em solos improvisados com a escala alterada sobre uma nota pedal e Si bemol.

Após esses dois primeiros álbuns, John McLaughlin e sua Mahavishnu gravaram um LP ao vivo, “Between Nothingness and Eternity” (1973). Posteriormente a esse álbum ao vivo, a Mahavishnu Orchestra sofreu uma grande alteração na sua formação virando de fato uma verdadeira orquestra.

A Mahavishnu passou a ser integrada por Jean Luc Ponty (violino), Ralphe Armstrong (baixo), Narada Michael Walden (bateria) e Gayle Moran (teclados e vocal), além de um adicional quarteto de cordas e dois sopros.

Com esta formação foi gravado, em 1974, o LP “Apocalypse”. Esse álbum é um magnífico Concerto para Banda e Orquestra, tendo McLaughlin e Jean Luc Ponty como solistas.

Apocalypse foi gravado em Londres com a Orquestra Sinfônica de Londres sob a direção de Michael Tilson Thomas, com George Martin produzindo e Geoff Emerick como engenheiro de gravação.

Chegamos então ao álbum “Visiono of the Emerald Beyond”de 1975. O LP abre com épica Eternity's Breath. A peça é composta em duas partes e tem uma instrumentação arrojada com quarteto de cordas, voz lírica (soprano), e metais (sax alto de dois trumpetes). Destaques para os solos de Ponty e McLaughlin e o belíssimo arranjo e performance do quarteto de cordas.

Com esses álbuns, chega ao fim o ciclo da Mahavishnu Orchestra e John McLaughlin lança-se então em outros trabalhos e desbravando novos caminhos. Ele formou o grupo Shakti, ainda em 1975, com os músicos indianos L. Shankar (violino) e Zakir Hussain (tablas). O Shakti foi, sem dúvida, o trabalho mais bem sucedido em termos de fusão da música ocidental com a música indiana. Ouçam os álbuns: Shakti (1975) A Handful of Beauty (1976) e Natural Elements (1977).

Seria bastante complicado tentar sintetizar aqui toda a carreira e produção musical do John McLaughlin. Sua genialidade e criatividade nos surpreendeu e continua a surpreender a cada momento com novos trabalhos em que o músico aponta outros caminhos e possibilidades criativas.

Termino aqui esse texto com uma pequena lista de discos (fora os acima já mencionados) que marcaram épocas na carreira deste músico genial.

Friday Night in San Francisco (1981), com Al Di Meola e Paco de Lucia
Passion, Grace and Fire (1983), com Al Di Meola e Paco de Lucia
Music Spoken Here (1982)
Live at the Royal Festival Hall (1989)
Que Alegria (1992)
Industrial Zen (2006)
Floating Point (2008)
Black Light (2015)


SAIBA MAIS SOBRE JOHN MCLAUGHLIN
http://www.johnmclaughlin.com/

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* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de ser colunista da Revista Keyboard Brasil.





JOHN MCLAUGHLIN
A chama do grande Vishnu - parte 1

JOHN MCLAUGHLIN É UMA LENDA. UM DOS MAIS INFLUENTES E PROLÍFICOS GUITARRISTAS, MAS, TAMBÉM É COMPOSITOR, PIANISTA, TECLADISTA E BANDLEADER. CONHEÇA UM POUCO MAIS SOBRE UM DOS MÚSICOS MAIS CRIATIVOS DE TODOS OS  TEMPOS. 

 * Por Sergio Ferraz

Na mitologia hindu, Vishnu é o deus mantedor do universo. Quando a terra está em perigo, Vishnu envia um avatar para salvar a terra do mal...

A analogia de um “avatar” cabe bem a John Mahavishnu McLaughlin. No mundo da música, ele é um daqueles raros músicos que chegaram para mudar o cenário musical abrindo novos horizontes e mostrando ao mundo novos caminhos e possibilidades criativas.

John McLaughlin elevou a técnica da guitarra a níveis nunca alcançados. Mas sua arte não se limita apenas a uma técnica suprema. McLaughlin é, sem dúvida, um dos músicos mais criativos de todos os tempos, um dos pais do Jazz Fusion ao lado de Miles Davis. John McLaughlin mergulhou fundo em vários estilos musicais como o flamenco, a música clássica indiana, o Rock, o Blues e também a música brasileira, entre tantos outros estilos. Nesta primeira parte da matéria falarei um pouco sobre seus primeiros anos de carreira até a formação do seu grupo, a Mahavishnu Orchestra, formado em 1970 e conhecido por ser um dos mais virtuosos grupos de jazz fusion de todos os tempos.

O INICIO NA INGLATERRA...

O guitarrista inglês John McLaughlin nasceu na cidade inglesa de Doncaster em 4 de janeiro de 1942. Inicialmente, McLaughlin estudou piano clássico influenciado por sua mãe, que era violinista. Aos 11 anos, resolveu tocar guitarra, influenciado pelos músicos de blues norte-americanos e, também, pela música flamenca, além do guitarrista de jazz cigano Django Reinhardt. Mais tarde, McLaughlin também foi fortemente influenciado pelo saxofonista John Coltrane, em especial por seu LP A Love Supreme (Implulse 1965), onde Coltrane vislumbra um caminho espiritual através da música.

Isso levou John McLaughlin a estudar profundamente, mais adiante, a música e a cultura indiana. Tudo isso influenciou diretamente o fato dele tornar-se discípulo do guru indiano Sri Chinmoy nos anos 60, recebendo deste o nome de Mahavishnu (O Grande Vishnu).

De volta ao seus primeiros anos como guitarrista na Inglaterra, John McLaughlin participou de inúmeros projetos como Alexis Corner and The Marzipan e George Flame and the Blues Flames. Em 1963, com o baixista Jack Bruce formou o Graham Bond Quartet, com Ginger Backer na bateria e John McLaughlin na guitarra.

Um fato curioso dessa época é que John McLaughlin além de atuar como músico de estúdio e professor de guitarra, teve Jimi Page, futuro guitarrista e líder do Led Zeppelin, como seu aluno.


Em janeiro de 1969, McLaughlin gravou seu álbum de estreia Extrapolation em Londres. O estilo pós-bebop do álbum é bastante diferente dos trabalhos de fusão posteriores deste músico, embora tenha gradualmente desenvolvido uma forte reputação entre os críticos em meados da década de 70.

Cruzando o Atlântico rumo a América...

McLaughlin mudou-se para os EUA em 1969 para se juntar ao grupo Lifetime, do baterista Tony Williams;  posteriormente juntou-se ao grupo do trumpetista Miles Davis. Com Miles, McLaughlin participa da fase em que o trumpetista dá o grande impulso ao que mais tarde ficou conhecido como Jazz-Rock ou Jazz-Fusion. 

Entre vários álbuns com Miles Davis, John McLaughlin, grava o lendário Bitches Brew. Lançado em 1970, esse álbum conta ainda com a participação de Chick Corea (teclados), Joe Zawinul (Teclados), Wayne Shorter (sax), e o percussionista brasileiro Airto Moreira entre outros grandes nomes do jazz.

Ainda numa fase pré Mahavishnu Orquestra, John McLaughlin grava mais dois discos solos. Devotion, no início de 1970 pela Douglas Records, era um álbum de fusão psicodélica de alta energia que incluiu Larry Young nos teclados (que fazia parte da Lifetime), Billy Rich no baixo e o baterista Buddy Miles. Em 1971 lançou My Goal's Beyond, que tem no lado A duas grandes obras acústicas, já anunciando o que em um futuro próximo seria um de seus grandes feitos, a fusão do jazz com a música clássica indiana. 

A partir de 1970, com sua Mahavishnu Orchestra, e na sequência o grupo Shakti de música indiana, John McLaughlin realizou  uma grande obra e parcerias com músicos como o violinista francês Jean Luc Ponty, o tablista indiano Zakir Hussein, o guitarrista espanhol Paco de Lucia e o guitarrista americano Al Di Meola, entre tantos outros. Seus discos entraram para a história da música tanto pelo aspecto inusitado, quanto composicional e criativo. 

No próximo número falaremos sobre os principais discos da fase Mahavishnu Orchestra e Shakti. Até a próxima!





SAIBA MAIS SOBRE JOHN MCLAUGHLIN:
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* Sergio Ferraz é violinista, tecladista e compositor. Bacharel em música pela UFPE, possui seis discos lançados até o momento. Também se dedica a composição de músicas Eletroacústica, Concreta e peças para orquestra, além de ser colunista da Revista Keyboard Brasil.





PIANISTA LUÍS RABELLO EM TURNÊ POR PORTUGAL

PIANISTA BRASILEIRO SE APRESENTA EM MAFRA, GONDOMAR E COIMBRA.

 * Redação

O pianista brasileiro Luís Rabello está em turnê portuguesa para uma série de três apresentações. Iniciada no dia 17 passado como convidado do Festival Internacional de Mafra, na cidade de Mafra, apresentou-se no dia seguinte em Gondomar, na Fundação Júlio Resende “Lugar do Desenho”. Hoje, dia 20, Rabello segue para Coimbra, onde realiza um recital na Biblioteca Joanina da Universidade de Coimbra. As apresentações são gratuitas.

O programa da turnê portuguesa iniciou-se com a Sonata Ao Luar Op 27 No 2, uma das composições mais famosas de Beethoven. Em seguida, foram apresentadas peças de Radamés Gnatalli (10 Valsas e 3 Graciosas). Considerado um dos mais prolíficos compositores brasileiros do século XX, Gnatalli transitou com facilidade entre o jazz e a música de concerto e foi uma das principais influências de Tom Jobim e outros compositores do movimento da Bossa Nova. A segunda parte do recital se iniciou com o Gaspard de la Nuit de M. Ravel, uma das peças mais difíceis de todo o repertório pianístico. O programa será finalizado com as Variações Sobre um Tema de Paganini em estilo brasileiro, escritas pelo próprio Rabello.

Natural do Rio de Janeiro e radicado na Holanda, Luís Rabello possui uma sólida formação e é considerado um dos mais destacados pianistas sul-americanos. Vencedor de vários prêmios no Brasil, é formado pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pelos Conservatórios de Moscou (Rússia) e de Rotterdan (Holanda), onde atualmente é professor do curso de mestrado. Ao longo de sua formação, teve como professores Sônia Goulart, Myrian Dauelsberg, Andrei Pisarev e Aquiles Delle Vigne e, em todas essas instituições, obteve o máximo  reconhecimento acadêmico. Rabello realiza temporadas por diversas partes do mundo. Ganhou recentemente da imprensa espanhola o apelido de “Embaixador da Música Brasileira”. Em 2014, lançou o CD Radamés Gnattali - Piano Recital. O álbum foi lançado pela gravadora Acari Records. Rabello faz parte do time de talentos da ¹Virtuosi Produções.

SERVIÇO:
Biblioteca Joanina - Coimbra
Dia: 20/06
Horário: 19:30h
Endereço: Pátio das Escolas da
Universidade de Coimbra
Informações: http://visit.uc.pt/biblioteca/


SAIBA MAIS SOBRE LUIS RABELLO:
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¹VIRTUOSI PRODUÇÕES –  Situada em Belo Horizonte, é uma das principais agências de produção cultural do Brasil com ampla atuação no país e no exterior.




Esse é um espaço reservado para você músico! Entre em contato pelo email: contato@keyboard.art.br e conheça nossos valores promocionais para artigos e anúncios. 
O paulistano Everton Trindade é cantor, compositor, produtor vocal, professor de canto, piano, teoria musical e musicalização infantil com flauta doce e percussão. Começou a cantar em público aos 5 anos de idade incentivado pela família, em especial, por seu avô Terezinho Trindade que, aos 9 anos, o colocou nas aulas de piano. Estudou técnicas vocais, tornou-se professor, produtor e passou a compor. Para o final deste ano, Everton lançará seu primeiro CD e DVD  em carreira solo. Aguardem!

SAIBA MAIS SOBRE EVERTON TRINDADE:

Joshuel - A música como idioma universal 


Joshuel é pianista, compositor e produtor musical. Estudou Film Scoring/ Orchestration na instituição de ensino UCLA, nos Estados Unidos. Batizado assim por seu maestro e diretor de produção, arranjador de seu primeiro disco, Bebu Silveti. Joshuel produziu seus próprios álbuns: Piano,  Toma Uno e Nostalgia. Seu  recente trabalho “Tour Nostalgia” constitui uma proposta musical a nível internacional, com concertos em vários países sem restrição, seja de idioma, linguagem ou costumes, prevalecendo somente pelo simples “idioma universal”: a música!

SAIBA MAIS SOBRE JOSHUEL:




Alpha III e &  Black  Sabbath - Um estranha Similaridade

O NÚMERO SETE É, COM CERTEZA, O MAIS PRESENTE EM TODA FILOSOFIA E LITERATURA SAGRADA DESDE OS TEMPOS IMEMORIAIS ATÉ OS NOSSOS DIAS. O NÚMERO SETE É SAGRADO, PERFEITO E PODEROSO, AFIRMOU PITÁGORAS, MATEMÁTICO E PAI DA NUMEROLOGIA E REPRESENTA A TOTALIDADE, A PERFEIÇÃO, A CONSCIÊNCIA, A INTUIÇÃO, A ESPIRITUALIDADE E A VONTADE. É TAMBÉM CONSIDERADO UM NÚMERO MÁGICO E MÍSTICO, POR EXCELÊNCIA. INDICA O PROCESSO DE PASSAGEM DO CONHECIDO PARA O DESCONHECIDO. E 7 SÃO AS COISAS EM COMUM ENTRE O ALPHA III E O BLACK SABBATH.


Creio que tive muita coisa em comum com o Black Sabbath, desde o início do ALPHA III (que em 1971 ainda era chamado SPECTRO).

Lendo a autobiografia do Sabbath, me deparei como num espelho, com minha própria jornada no meio da música, em especial, no rock. O que tínhamos e temos em comum?

1- A dificuldade de gravar um disco nos anos 70. Eu consegui somente registrar num gravador de rolo nossas primeiras composições. Já o Sabbath conseguiu depois de muito trabalho, gravar o LP em 1970.

2- As gravações do Sabbath duraram 2 dias no primeiro LP, 3 dias no segundo e 7 dias no terceiro álbum. No Spectro, gravamos as primeiras 5 músicas e mixamos tudo também em 2 dias. O LP Mar de Cristal (1983) - primeiro do ALPHA III, foi gravado em 3 dias!

3-Temos em comum, até hoje,  entrar no estúdio e gravar tudo ao VIVO, com alguns “overdubs”.

4- A temática ocultista, triste, pesada era a mesma do SPECTRO e ALPHA III. Letras poético/góticas, som denso, baseado em quintas diminutas e terças menores. Exceto que o ALPHA III é calcado nos teclados  e synths (não tem guitarras, sendo  esporádicas, a partir do segundo LP) e o Sabbath nas guitarras (utilizaram teclados depois do terceiro LP). Eu, assim como  fez  Tony Iommi em suas guitarras, criei o som inicial do Spectro com teclados “alterados” para um som mais volumoso e pesado. E o ALPHA III ao vivo era um Power Trio. Quem assistiu sentia a porrada da massa sonora. Pessoal na época ficava temeroso em conversar com a gente nos locais, nos acusavam de bruxos, magia negra, etc... Em partes porque vivíamos mergulhados em livros e temas de ocultismo e filosofia oriental. E o som do Spectro (além do nome do grupo e da capinha da fita cassete que é a mesma do CD, desenho criado por mim, chapado, em 1974) era temido, mas apreciado por uma legião de fãs que nos seguiam (de 1972 a 1979) em todos locais onde tocávamos. Grande época.

5- O produtor do Sabbath bateu em 14 gravadoras e mais outra dezena, sendo recusado com um “não” antes de conseguir um contrato com a Vertigo. Eles disseram que “os idiotas ouviam no máximo, sem muita atenção 3 ou 4 minutos de uma música e diziam adeus”. Idem  o que aconteceu com o ALPHA III. Batemos na RCA, Continental e Eldorado, sendo ouvidos raros 3 ou 4 minutos, sem interesse algum pelas gravadoras. Quando quase fechamos em 1976 com a WEA (no Rio de Janeiro pessoalmente) o produtor que iria bancar nosso álbum morreu num acidente de carro. Só me lembro o primeiro nome dele: Gustavo.

6- Só consegui gravar em 1983 como ALPHA III o primeiro LP, tendo 1 música que não gravamos no SPECTRO de 1976 Andrômeda. A letra foi feita (Liberdade para os robôs) pelo falecido guitarrista Clayton em 1972, onde a tocamos num Festival na região de São Paulo e ganhamos uma grana com o primeiro lugar. Depois refiz a música e gravei no Mar De Cristal. Interessante que o LP foi prensado no Rio mesmo, pela WEA/Polygram.

7- Enfim, depois de anos, recebi o rótulo de “sinistro”, bizarro, estranho e fui parar com o ALPHA III no “circuito” das bandas amaldiçoadas, entre elas King Crimson,Universo Zero, Black Sabbath e Van Der Graaf Generator. E isto saiu em revistas especializadas na Europa e Japão!

O Brasil nunca foi um país “rockeiro” e ficamos até hoje no “underground” como uma “lenda”. Mas me sinto muito feliz em ser incluído no circuito dos “malditos” entre estas bandas, pois são as que mais admiro. E feliz por ter conseguido gravar quase 50 álbuns até o momento, sem ajuda, subsídio e com muito preconceito, vindo de pessoas obtusas e acéfalas à nossa música!
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*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.







terça-feira, 27 de junho de 2017


PIANO, O REI DOS INSTRUMENTOS - PRIMEIRA PARTE

CURIOSIDADES SOBRE O INSTRUMENTO QUE ME ENCANTA PRINCIPALMENTE POR SUAS IMPERFEIÇÕES!
 * Por Luiz Carlos Rigo Uhlik

Adoro piano. Sou apaixonado pelo piano! Desde que descobri a sonoridade ímpar e espetacular do piano, este instrumento me encanta. O mais interessante é que o encantamento vem em função, principalmente, das imperfeições que ainda permeiam o Rei dos Instrumentos Musicais.

Repare: se um piano estiver perfeitamente afinado, o som fica ruim, fica muito certinho, perde a graça... O piano precisa de “tempero”. Por isso é interessante reconhecer a qualidade de um bom afinador que saiba "temperar" o som do piano de forma que as imperfeições criem a magia do som que ele tem! Melodia e Harmonia se complementam, maravilhosamente, nestas imperfeições.

Vamos elencar, então, algumas curiosidades com relação a ele? A primeira grande curiosidade sobre o piano é que exatamente hoje o piano está no seu máximo. Esqueça esta conversa fiada de pianos que foram tocados por Beethoven, Listz, Shumman e que tinham uma sonoridade incrível.

Os primeiros pianos eram sofríveis em termos de sonoridade! Os pianos do século XIX eram fracos. Os pianos do começo do século XX não tinham, ainda, a boa qualidade que temos hoje nos pianos acústicos. Pianos da era Mozart, Beethoven, Bach, Handel não seguravam afinação, tinham que ser afinados constantemente.

Nessa época, a marca mais vibrante de “pianoforte” era o Silberman. Hoje, o piano está com a sua melhor sonoridade, com o seu melhor desempenho, com a melhor tecnologia.

A segunda curiosidade e a mais impressionante é que, de cada 100 pianistas concertistas, 200 entendem “patavinas” sobre o piano, sobre a sua sonoridade, sobre a sua construção.

Muito pouca gente sabe diferenciar um bom piano, mas um bom piano mesmo, de um piano com sonoridade normal. As pessoas ainda se influenciam pelas letrinhas escritas em frente às teclas. Lamentável!

Terceira curiosidade bastante interessante é que o “inventor” do Piano, Bartolomeo Cristofori di Francesco, não vendeu nenhum piano. Desenvolveu o produto mas não houve interesse nele não. Aliás, chamou o novo instrumento de “Arpicembalo”!

Somente uns trinta anos mais tarde é que o sistema de “martelar” as cordas, “col piano e forte”, ou seja, com expressão, é que passou a fazer algum sentido para os “tecladistas” da época.

Quarta curiosidade, o Piano Acústico tem prazo de validade! Isso mesmo, prazo de validade. Portanto, não me venha com aquela conversa de que o piano da sua avó é fantástico porque é da década de trinta. Veja: piano de concerto dura uns 15 anos; piano residencial, entre 30 e 40 anos. Depois disso, precisa ser trocado por um novo, porque a sonoridade do piano perdeu a sua energia e vibração.

Quinta curiosidade, a peça funda mental para a afinação do piano, o diapasão, foi desenvolvido e projetado por John Shaw em 1711.

Sexta curiosidade, Johannes Zumpe 'inventa' o primeiro Square Piano em 1766. Este modelo tinha como objetivo ampliar o comércio do instrumento, já que poderia ser adquirido pela burguesia normal das cidades Europeias e Americanas.

Sétima e fantástica curiosidade! Só em 1768 é que o piano foi apresentado numa sala de concerto. Antes desta data, somente os Reis e a turma da corte é que tinham o privilégio de ter um “piano-forte” nas suas salas de recitais!

Oitava curiosidade, o pedal “Una Corda” é introduzido nos pianos, por John Joseph Merlin, em 1774.

Nona curiosidade, o grande fabricante de pianos do final do século XVIII e início do século XIX era o Erard. Os Pianos Playel só ficaram famosos em função do Marketing de Chopin e Listz. Mas, não chegavam aos pés do Erard.

Décima curiosidade, só em 1783 é que aparece o tal do pedal de sustain. O fabricante Broadwood é quem introduziu esta tecnologia ao piano. Antes, o sustain era feito pelo joelho. Você colocava uma “caixinha” nos pés para que os joelhos encostassem no piano. Quando você precisava do sustain, empurrava os joelhos para cima... Emocionante!

E, olha que incrível: só em 1795 é que o “piano” ganha seis, eu disse seis, oitavas!

Conclusão sobre a evolução do Piano no Século XVIII: o piano não nasceu bem, não! Cristofori desenvolveu um produto que não gerou interesse naqueles tempos. E olha que ele era um dos mais renomados fabricantes de “cravo e canela” da época! (Pelo amor de Deus, amigos: “cravo e canela” é uma brincadeira, tá?)

Apesar de toda tecnologia, conhecimento de madeira e marcenaria, os pianos eram lindos, mas tinham um som muito, mas muito ruim. Os modelos “Square” tinha 4/5 oitavas e desafinavam sempre, além de parecer que você estava tocando numa harpa martelada.

Como o “escapement” ainda estava engatinhando em termos de know how e tecnologia, muitos pianos não tinham velocidade na repetição das notas e, a mais das vezes, o som ficava “zuado” com a aproximação constante do martelo nas cordas.

O “harpsichord” e o “clavichord” estavam no seu auge em termos de sonoridade e musicalidade; as cordas beliscadas ainda “beliscavam” o interesse dos “tecladistas”. Nenhum artista da época queria perder um beliscão!

Prepare-se, porque quando chegarmos ao século XIX e XX, as curiosidades vão ficar cada vez mais interessantes. Teve até uma fogueira de pianos nos Estados Unidos para encerrar as atividades de um modelo de piano.


Aguarde! Avante!
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*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961, Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado (  http://musicaemercado.org/ ).
 foto de Maurício Jelê 



JORGINHO ARAÚJO

PRODUTOR, TECLADISTA E MÚSICO DE MÃO CHEIA!

* Rafael Sanit


Jorginho Araújo, paulista de nascimento mas de sangue nordestino, iniciou sua carreira com apenas dois anos de idade na Turma do Barulho, onde dividia uma banda infantil com suas irmãs, Elen, Suelen e Daniela Araújo. Criado em meio às produções de seus pais, Jorge Araújo e Eula Paula, no Estúdio Nova Geração em Osasco.

É casado, pai, obreiro voluntário na Igreja Presbiteriana de Santana de Parnaíba – cidade onde reside atualmente – preza por um estilo de vida sossegado – pelo menos quando a correria da vida permite.

Em sua jornada, o tecladista, já tocou com o Pregador Luo, Adoração e Adoradores. Como produtor, Jorginho trabalha sob influência dos anos 80 nos timbres, composições, arranjos, sonoridade e produções. Além de Guilherme Arantes, Roberto Carlos e Roupa Nova no cenário nacional,Yani, Toto, Michael Jackson, Petter Gabriel fazem parte de suas influencias musicais.

Atualmente, atua como produtor na NG MULTIMIDIA, onde é um dos sócios proprietários, empresa de assessoria em mídias digitais para cantores. Além de sua irmã, Daniela Araújo, o músico já produziu cantores conhecidos como Shirley Carvalhaes, Cristina Mel, Eliane Silva, Leonardo Gonçalves, Gabriela Rocha, Priscilla Alcântara, André e Felipe, Bekah Costa, e Jotta A. 

Jorginho é conhecido por acreditar e lançar novos talentos que não tem tanto apelo comercial, com estilos diferentes, como o Coral Kemuel, o próprio Jotta A., sendo considerado um 'olheiro' da música gospel, buscando sempre novidades no mercado. 

Em produção, além do novo projeto da cantora DANIELA ARAUJO, novos artistas estão sendo produzidos, como Marcelle Veiga, Sendy Sena, Dennise Kelly , Gabi Smith, Rodrigo e Mael e Amanda Rodrigues.

Jorginho tem o apoio da Ear Sound, STAY MUSIC, Casio, Tiaflex Cabos, além da equipe da IDEAL MIX, outra empresa de eventos e equipamentos que fornecem estrutura para os projetos de áudio, vídeo e shows. Para o futuro próximo, novas parcerias estão por vir.

SAIBA MAIS SOBRE JORGINHO ARAÚJO:

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* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical. Demonstrador de produtos Roland e Stay Music, realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma
coluna na Revista Keyboard Brasil. É endorsee das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, First Audio, Mogami Cables e Jones Jeans.