sexta-feira, 31 de março de 2017

COLEÇÃO TECLADO VOLUMES 1, 2, 3 e 4

* Redação

A coleção completa em 4 volumes do Método Prático para Teclado, escrita pelo professor e maestro Marcelo Dantas Fagundes, possui cerca de 120 páginas cada livro e acompanha um CD de áudio para os mesmos. Nos métodos para teclado são colocados todos os conceitos da escrita musical formal utilizada internacionalmente e a forma correta de interpretar partituras, ou seja, a forma pela qual os músicos de todo o mundo escrevem e lêem música.

Em cada livro é apresentado uma fase de desenvolvimento, com um repertório de apoio atualizado e completo, contendo músicas de sucesso nacionais e internacionais, incluindo algumas peças do próprio autor, criadas com objetivos didáticos.

O  repertório eclético, composto por dezenas de partituras, que vão desde temas de filmes, MPB, clássicos, sertanejo, internacionais entre outras, tem o intuito de colocar o estudante em contato com os mais variados gêneros musicais. 

A coleção fartamente ilustrada, com esquemas explicativos e escrita numa linguagem extremamente dinâmica e de fácil compreensão, torna possível o atalho para o  desenvolvimento musical mais rápido e dinâmico.


Tudo o que é necessário saber para interpretar partituras cifradas está explanado da forma mais simples possível, além de muitos outros aspectos importantes, como por exemplo: escalas, intervalos, harmonia, formação de acordes e suas inversões, interpretação de cifras, improvisações, arranjos,  etc. Com o apoio do CD de áudio, você poderá verificar a execução das lições práticas e, progressivamente, desenvolver sua habilidade musical.

Disponíveis no site: http://www.keyboard.art.br/
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* Marcelo Dantas Fagundes é músico, maestro, arranjador, compositor, pesquisador musical, escritor, professor, editor e membro da ABEMÚSICA (Associação Brasileira de Música).





130 ANOS DE VILLA_LOBOS - O INVENTOR DO 'SOM MUSICAL' BRASILEIRO

VILLA-LOBOS RETRATOU COM GRANDE ARTE NÃO SÓ A NATUREZA BRASILEIRA, MAS AS DORES E ALEGRIAS DE SEU POVO. EM SEU MÊS DE ANIVERSÁRIO, MAESTRO OSVALDO COLARUSSO PRESTA UMA BELA HOMENAGEM.

* * Por Maestro Osvaldo Colarusso

Heitor Villa-Lobos, que nasceu há 130 anos (Rio de Janeiro, 5 de março de 1887), inventou um típico universo sonoro e musical que identifica com facilidade o Brasil. Já aos 30 anos de idade Villa-Lobos possuía de forma completa a sua típica linguagem, com a qual se expressaria com formas bem diversas, ora clássicas (Sinfonias, Quartetos) ora livres (Choros, peças para piano). A partir de Uirapurú (balé de 1917) o som orquestral de Villa-Lobos faz uma espécie de retrato definitivo musical da natureza brasileira.

Se as influências iniciais de Villa-Lobos foram Debussy e Stravinsky, a partir dos anos 1920 percebe-se um vocabulário altamente individual e original. Nesta década temos suas obras mais revolucionárias e experimentais como o seu Noneto de 1923 (apesar do título para sua execução são necessários dezenas de cantores e instrumentistas) e seu Rudepoema (1921/1926), uma obra para piano fora de qualquer padrão pré-estabelecido.

Neste mesmo ímpeto vanguardista estão seus Choros (1920-1929) e sua Prole Do Bebê Nº 2 (1921) e marca sua participação na Semana de arte moderna de 1922 em São Paulo. Com permanências longas na Europa entre 1923 e 1930 o compositor teve contato com a estética neoclássica reinante por lá, e na sua volta esta orientação “back to Bach” o leva, na sua volta definitiva ao Brasil, a escrever as suas 9 Bachianas brasileiras (entre 1930 até 1945). Nestas composições a natureza é aliada a um aspecto mais humano dos brasileiros que convivem com a miséria e a angústia, um traço que passa a permear de forma constante sua linguagem. Sua Bachianas brasileiras Nº 2, por exemplo, é o mais contundente retrato do sofrido homem rude do sertão, algo equivalente a certas pinturas de Portinari e certos livros de Rachel de Queiroz (O quinze), Graciliano Ramos (Vidas secas) e Guimarães Rosas (Grande sertão: Veredas).


A perspicácia humana do compositor faz com que, depois de sua morte, sua música sirva perfeitamente de trilha sonora para duas obras-primas do cinema brasileiro, dirigidas por Glauber Rocha: Deus e o diabo na terra do sol (1964) e Terra em transe (1967). A conclusão é que a música de Villa-Lobos retratou com grande arte não só a natureza brasileira, mas as dores e alegrias de seu povo. 

Villa-Lobos, o didata...

Durante o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) Villa-Lobos empreendeu o mais importante programa de educação musical que o Brasil já teve até hoje. Com forte apoio do governo estrutura um ambicioso programa de educação musical (Canto orfeônico), educação esta que passou a ser obrigatória. 

É desta época o importantíssimo “Guia Prático”, uma coletânea de mais de 130 melodias folclóricas arranjadas para coro e para piano solo, muitas de cunho  infantil, que teriam sido perdidas sem este trabalho. Uma época de um patriotismo exacerbado de obras como Invocação à defesa da Pátria (1943 - texto de Manuel Bandeira) e a trilha sonora do filme O descobrimento de Brasil, filme de Humberto Mauro de 1936, que levaram o compositor a ser criticado com seu comprometimento com o Estado Novo. Para Villa-Lobos este comprometimento não passava por qualquer viés ideológico e sim por uma oportunidade de ouro para divulgar e praticar a atividade musical. 

Uma produção importante, imensa e ainda mal conhecida...

Com mais de 1000 obras Villa-Lobos é um dos mais prolíficos compositores de todos os tempos. Infelizmente só uma pequena parte desta excepcional produção é conhecida. Não há dúvida de que a obra clássica brasileira mais conhecida internacionalmente é de sua autoria, a Ária da Bachianas brasileiras Nº 5. Mas também não há dúvida de que já existe um consenso de que suas obras para piano e violão estão entre os itens mais importantes do repertório internacional destes instrumentos. 

Villa-Lobos foi o mais importante compositor que dominava perfeitamente a técnica do violão, e isto faz com que sua produção para este instrumento seja obrigatória para qualquer violonista do planeta. Aliás quando falamos da obra de violão do mestre percebemos que ela será a parte mais importante de sua produção a influenciar a MPB. Exemplo claro disso são seus Cinco Prelúdios para violão de 1940 que abrem o caminho para as harmonias da Bossa Nova, de Tom Jobim a João Gilberto. Ele foi também violoncelista, o que lhe permitiu escrever obras primas para Orquestras de Violoncelos (Bachianas brasileiras Nº 1 e Nº 5) que são executadas com enorme frequência de Berlim a Tóquio. Aliás esta é mais uma influência de Villa-Lobos na música popular. O violoncelo é o instrumento de orquestra mais presente nos shows de MPB. A influência de Villa-Lobos parece mesmo ser eterna.


Repertório obrigatório - discoteca básica...

Villa-Lobos por ele mesmo (Villa-Lobos par lui même) – Uma coletânea da EMI com gravações regidas ou supervisionadas pelo próprio compositor realizadas em Paris na década de 1950. Mesmo que novas gravações surgiram com técnicas mais modernas nenhuma gravação das Bachianas é tão tocante. Destaque para a presença da espanhola Victória de Los Angeles, a eterna intérprete da Bachianas 5. Choros em comoventes versões (o 5 com Aline van Barentzen é uma referência) e o conjunto todo faz deste álbum a referência máxima da discografia de Villa-Lobos.

A obra para violão de Villa-Lobos – é um dos momentos máximos de sua produção. A gravação integral da obra para violão solo de Villa-Lobos realizada por Fabio Zanon em 1996 continua sendo citada como referência máxima por toda a imprensa internacional especializada.

A obra para piano solo de Villa Lobos – compreende algumas das mais importantes e famosas obras do compositor, como as duas séries de A prole do bebê, Rudepoema, Cirandas, Guia Prático e muitas outras. Destacados intérpretes realizaram coletâneas brilhantes. Cito alguns: Roberto Szidon (o “must” na minha visão), Anna Stella Schic (amiga de Villa-Lobos, a primeira a realizar uma gravação integral), Nelson Freire, Marc-André Hamelin, Débora Halasz, entre muitos outros. Mas apenas Sonia Rubinsky gravou a produção completa de Villa-Lobos para piano, e o fez de forma excelente. O álbum de 8 CDs do selo Naxos de Sonia tocando Villa-Lobos torna-se, portanto, obrigatório.

Os 17 Quartetos de cordas de Villa-Lobos – é um monumento muito mal conhecido na sua totalidade. Existe uma integral em CD com o Cuarteto Latinoamericano que é de uma qualidade impecável. O Quarteto Radamés Gnattali gravou uma integral em DVD em pontos históricos do Rio de Janeiro aliando uma execução refinada a um visual comovente. Dupla recomendação.

A obra para sopros de Villa-Lobos – abrange alguns Choros, o famoso Quinteto em forma de Choros (uma das obras máximas do autor), além de complicadíssimas obras como o Trio para oboé clarinete e fagote (1921) e o Duo para oboé e fagote (1957). Execução impecável dos membros do Quinteto Villa-Lobos e convidados.

Obras para violoncelo ­– Villa-Lobos foi violoncelista. Sua obra para este instrumento revela um trato muito pessoal do compositor. O violoncelista gaúcho Hugo Pilger e a pianista carioca Lúcia Barrenechea realizaram em 2013 um resgate maravilhoso da obra de Villa-Lobos para o instrumento em um CD duplo. Lembrando que Pilger junto a este CD realizou um importantíssimo livro, “Heitor Villa-Lobos – o violoncelo e seu idiomatismo”.

Falando de violoncelo, outro grande violoncelista brasileiro, Antonio Guerra Vicente, realizou em 2009 um CD duplo com o título Villa-Lobos e o violoncelo –  Além de inúmeros tesouros como uma linda versão da Segunda Sonata para violoncelo e piano (com a pianista Francisca Aquino), dos Choros bis (junto à violinista Ludmila Vinecka) há a melhor gravação já realizada do Trio de cordas de 1945, uma das composições mais ousadas de Villa-Lobos, uma obra em para se conhecer a amplitude do gênio que se aventurou pelo universo do atonalismo. Execução magistral de Ludmila Vinecka ao violino, Glêsse Collet à viola e Antonio Guerra Vicente ao violoncelo.

Uirapurú é uma das mais originais e contundentes obras de Villa-Lobos – Já foi gravada por Leopold Stokowsky e Eduardo Mata, grande maestro mexicano. Na importante serie que a OSESP grava da integral das Sinfonias de Villa-Lobos, para completar um dos CDs, aparece uma versão de referência deste ballet de 1917. Isaak Karabtchevsky, como sempre, comanda com elegância e brilho.

Todos os CDs citados podem ser encontrados on-line ou mesmo em lojas físicas (até quando existirem) com uma certa facilidade. Apenas o belo CD do Guerra Vicente pode ser encomendado apenas através do email antonioguerravicente@gmail.com. Vale o esforço.



CD Desaparecido...
Lamento muito que este CD tenha sumido completamente. Villa-Lobos em Paris. Regido por Gil Jardim (e com belos solos do soprano Claudia Riccitelli) temos as melhores versões já realizadas das mais experimentais obras de Villa-Lobos, o Noneto, Epigramas irônicos e sentimentais e o Quatour, obras para soprano, coro e instrumentos compostas na década de 1920, partituras de uma originalidade que fazem com que o compositor surpreenda os incautos que o achem conservador. Torço para que um dia este CD de 2005 seja “ressuscitado”.
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Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.







ANDRÉ LOPES

PRODUTOR, TECLADISTA, ARRANJADOR E EDUCADOR, CONHEÇA O CARIOCA ANDRÉ LOPES.

 * Rafael Sanit


André Lopes é um músico brasileiro, nascido no Rio de Janeiro. Desde muito pequeno passou a ter contato com a música por influência dos pais. Aos 12 anos já tocava em pequenas reuniões na igreja que frequentava e a partir daí não parou mais. Suas principais influências foram Vencedores por Cristo, Grupo Elo, Logos, Adhemar de Campos, Asaph Borba, Kirk Franklin, Marvin Sapp, Fred Hammond, The Winans, Hosanna Music, George Duke, George Benson, Djavan, Tom Jobim, Cesar Camargo Mariano, Ivan Lins, Paulo Calasans, YellowJackets e Lars Jansson.

Graduado em Tecnologia da Informação pela Unicarioca, em Licenciatura em Música pela UNIRIO e Bacharel em Teologia pelo seminário Vida e Luz, ao longo de mais de 25 anos de música, o músico tem atuado com alguns nomes importantes do cenário musical como Adhemar de Campos, Angelo Torres, Akademik Orkester (Örebro/Suécia), Alda Célia, Aline Barros, Amanda Ekberg Jazz Quartet (Suécia), Amanda Rodrigues, André Neiva, Asaph Borba, Baby do Brasil, Cassiane, Coral Novo Caminho, Elaine Araújo, Eyshila, Kirk Whalum (EUA), Kleber Lucas, Ilessi, Louise Högberg Jazz Quartet (Örebro/Suécia), Marcos Natto, Maurício Paes, Marquinhos Gomes, Marquinhos Menezes & Lilian, Ministério Nova Jerusalém, Nadia Santolli, Nelson Faria e Thiago Abravanel dentre outros. 

De Agosto de 2014 a Junho de 2015, André participou do programa de Mobilidade Acadêmica entre a Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO) e a Örebro Universitet, na Suécia. Dentre vários projetos, André teve aulas de Improvisação com Nelson Faria, participou do concerto Tributo a Jobim com a Akademik Orkester sob a regência da maestrina Katarina Andreasson (arranjos de Nelson Faria), integrou o "Louise Högberg Jazz Quartet" e o grupo "O Rebu", formado por músicos brasileiros.

Atualmente, tem se dedicado a produções, arranjos, gravações, aulas e workshops, onde aborda temas como harmonia, percepção, improvisação e prática de conjunto. Além disso, André também atua como músico acompanhante e é tecladista da cantora Cassiane e do Pr. Adhemar de Campos. André Lopes é endorser da AUDIOMIX, LAND AUDIO e STAYMUSIC.

SAIBA MAIS SOBRE ANDRÉ LOPES:

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* Rafael Sanit é tecladista, Dj e produtor musical, endorser das marcas Roland, Stay Music, Mac Cabos, Land Audio e Jones Jeans. Também trabalha como demonstrador de produtos Roland onde realiza treinamentos para consultores de lojas através de workshops e mantém uma coluna na Revista Keyboard Brasil.







quinta-feira, 30 de março de 2017

OUVIR MÚSICA FAZ O CÉREBRO INTEIRO SE iluminar

HÁ ALGUMAS EDIÇÕES FALAMOS SOBRE MÚSICA E ILUMINAÇÃO. PESQUISANDO O TEMA COM MAIS PROFUNDIDADE, LITERALMENTE FALANDO, ENTRAMOS NO CAMPO DA NEUROCIÊNCIA E DESCOBRIMOS QUE O CÉREBRO SE ILUMINA PRATICAMENTE POR INTEIRO QUANDO A PESSOA ESTÁ OUVINDO MÚSICA, UM FENÔMENO CADA VEZ MAIS ESTUDADO EM TERMOS DE ATIVIDADE HUMANA.
 * Por Heloísa Godoy Fagundes

Pássaros. Para muitos, o festival musical diário da natureza é um presente relaxante e alegre. Para os seres humanos primitivos, também pode ter servido como um sinal claro. Os pássaros não cantam se há predadores próximos, se o tempo severo se aproxima ou se há outras formas de perigo.

Talvez, postula o neuropsiquiatra Dr. Frederick Schaerf, é por isso que a música, primariamente associada à segurança, é o único estímulo que ilumina todo o cérebro em uma tomografia (PET), incluindo o cerebelo, parte do cérebro posterior que fica por baixo do córtex cerebral maior.


“A música faz despertar o cérebro”, diz Schaerf, fundador e principal pesquisador do Neuropsychiatric Research Center do Sudoeste da Flórida, em Fort Myers, U.S.A.

O poder ativador da música...

Quando o sujeito ouve música, explica Schaerf, o cérebro escaneado através da tomografia (PET) se acende e libera dopamina, um neurotransmissor que ajuda a regular os centros de prazer e recompensa do cérebro, bem como as respostas emocionais e motivação.

Esse aumento da dopamina, diz Schaerf, pode ser uma das principais razões pelas quais a música é um meio tão poderoso para permitir que as pessoas com doença de Alzheimer e outras formas de demência se conectem a memórias positivas e se sintam mais pacíficas e envolvidas com o mundo.

A evidência convenceu Schaerf e seu educador de pesquisa, Angel Duncan, a colocar fones de ouvido diariamente e ouvir música favorita por uma hora. “É saudável para o cérebro”, diz ele.

Dos Estados Unidos da América para a Finlândia, cientistas descobriram uma inovadora técnica que permite estudar como o cérebro processa diferentes aspectos da música.

Em uma situação realística de “curtir a música predileta”, a técnica analisa a percepção do ritmo, tonalidade e do timbre, que os pesquisadores chamam de “cor dos sons”.

O estudo é inovador porque ele revelou pela primeira vez como grandes áreas do cérebro, incluindo as redes neurais responsáveis pelas ações motoras, emoções e criatividade, são ativadas quando se ouve música.

O cérebro iluminado...

Os efeitos da música sobre as pessoas sempre foram mais assunto de poetas e filósofos do que de fisiologistas e neurologistas.

Mas os exames de ressonância magnética permitem gerar filmes que mostram como os neurônios “disparam”, literalmente iluminando cada área do cérebro nas imagens produzidas na tela do computador.

Para estudar os efeitos de cada elemento musical sobre o cérebro, o Dr. Vinoo Alluri e seus colegas da Universidade de Jyvaskyla escolheram um tango argentino.

A seguir, usando sofisticados algoritmos de computador, eles analisaram a relação das variações rítmicas, tonais e timbrais do tango com as “luzes” produzidas no cérebro.


Emoção na música...

A comparação revelou algumas coisas muito interessantes, mostrando que a música ativa muito mais áreas do que aquelas relacionadas à audição.

Por exemplo, o processamento dos pulsos musicais aciona também áreas do cérebro responsáveis pelo movimento, o que dá suporte à ideia de que música e movimento estão intimamente relacionados.

As áreas límbicas do cérebro, associadas às emoções, estão também envolvidas no processamento do ritmo e da tonalidade.

Já o processamento do timbre depende de ativações da chamada rede de modo padrão, associada com a criatividade e com a imaginação.

Além do interesse científico, estas informações são valiosas para compositores, que poderão “mexer” em suas melodias dependendo da emoção que querem transmitir com suas músicas.

Nosso cérebro toca sua própria música...

Rádio nacional
Cientistas já haviam demonstrado que o cérebro possui “estações de rádio”, transmitindo em várias frequências.

Isso alterou completamente a visão que se tinha até então da chamada atividade neural, que era vista como uma sequência homogênea de pulsos elétricos.

Agora, pesquisadores da Universidade da Califórnia (U.S.A.) mostraram como essas estações de rádio cerebrais criam ritmos adequados para o aprendizado.

A descoberta, que, juntamente com a anterior, desafia o conhecimento que se tinha dos mecanismos de funcionamento do cérebro e do aprendizado, poderá levar a novas terapias para ajudar a tratar problemas de aprendizado e memória.

Sinapses
Hoje considera-se que o cérebro aprende através do reforço de suas sinapses, a conexão entre os neurônios – quanto mais fortes são as sinapses, maior é o aprendizado.

A alteração na força de uma sinapse – chamada plasticidade sináptica – ocorre através das chamadas sequências de disparo, séries de sinais neurais que ocorrem em várias frequências e em temporizações diferentes.

Contudo, em seus experimentos, os cientistas vinham usando apenas a frequência desses disparos, mostrando que muitos disparos reforçam a sinapse.

E eles usam muitos disparos mesmo, centenas deles, quando o cérebro em condições reais não usa mais do que 10, e a uma velocidade de 50 disparos por segundo, quando os experimentos usavam uma frequência irreal de 100  disparos por segundo.

Os cientistas não faziam isso porque eram “sem noção”, mas porque não havia tecnologia disponível para fazer melhor.

A pesquisa mostrou que os neurônios e as sinapses não são meros fios elétricos carregando uma corrente – eles precisam de ritmo.

Antena no cérebro
Agora, Mayank Mehta e seu colega Arvind Kumar criaram essa tecnologia, partindo de novos modelos matemáticos que otimizaram a captura das medições e das gerações dos impulsos. A propósito, Kumar é um dos autores de uma nova teoria sobre a linguagem do cérebro.

Contrariamente ao que se havia concluído antes, Mehta e Kumar demonstraram que aumentar a frequência dos estímulos não é a melhor forma para aumentar a força das sinapses e otimizar a plasticidade sináptica.

Quando se supera o ritmo natural do cérebro, o aumento da frequência na verdade diminui a intensidade das sinapses.

Esta descoberta de que a sinapse tem uma frequência ótima para o aprendizado levou os cientistas a compararem as frequências das sinapses com base em sua localização no neurônio – o neurônio lembra as raízes de uma árvore, com sinapses nas pontas de cada um dos chamados dendritos.

E os resultados mostraram que, quanto mais distante a sinapse está do centro do neurônio, mais alta é sua frequência ótima.

“Incrivelmente, quando se trata do aprendizado, o neurônio se comporta como uma gigantesca antena, com as diferentes pontas dos dendritos ajustadas para diferentes frequências”, conta Mehta.

Música do cérebro...
Veio, então, a descoberta mais surpreendente e “melódica” dessa rádio cerebral. Para um aprendizado ótimo, as diversas frequências das diversas sinapses precisam atingir um ritmo preciso, com temporizações perfeitamente ajusta-das, como em uma música.

Mesmo com a frequência ótima, se o neurônio perde o ritmo, o aprendizado é prejudicado.
E o cérebro não gosta de tocar sempre a mesma música. Tão logo uma sinapse “aprende” – registra sua intensidade mais forte – sua frequência ótima muda.

Em outras palavras, seu cérebro toca em uma frequência diferente, mais baixa, depois que aprende – o nível ótimo de disparos dos neurônios tem uma redução na frequência de cerca de 20%.

Embora essa pesquisa não tenha tido esse objetivo, os resultados levantam a possibilidade do desenvolvimento de medicamentos para “ressintonizar” os ritmos do cérebro.

Esse processo de redução na frequência, segundos os pesquisadores, pode ter importantes implicações para o tratamento de desordens relacionadas à memória, como as desordens pós-traumáticas.

Ou, quem sabe, encontrando o ritmo correto, os seres com cérebros normais possam se transformar em algo mai próximo a cérebros mais “ritmados” - Mozart ou Einstein seriam objetivos razoáveis.
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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas.




O TECLADISTA, O MUNDO DIGITAL E A PRODUÇÃO MUSICAL

A MESCLA PERFEITA EM UM EMARANHADO DE INFORMAÇÕES, NA BUSCA PELO CONHECIMENTO TECNOLÓGICO E MUSICAL. ESSE É O TEMA DA PRIMEIRA MATÉRIA DO NOSSO MAIS NOVO COLABORADOR BRUNO DE FREITAS!!

* Bruno de Freitas


É histórico e cultural no mundo da música ocidental que as 88 teclas do piano sejam a referência no campo da composição, da harmonia e do esboço inicial das ideias musicais.

Com o passar dos anos, especialmente na primeira metade do século XX, o mundo das teclas se entrelaçou com o mundo dos algorítmos e o que historicamente era o carro-chefe das composições e arranjos profissionais, se solidificou em tal função, seja em uma banda pop, num estúdio de gravação ou na sala da casa de um compositor de cinema ou televisão.

Quem passou a infância e adolescência entre as décadas de 1980 e 1990 notou que o desenvolvimento tecnológico digital foi rápido e continua crescente. Dos Atari's ao Playstation; dos telefones 'tijolões' aos smartphones que filmam em qualidade de cinema - e até são capazes de rodarem VST's - instrumentos musicais virtuais!

Com isso, se tornou um clichê entre os músicos, e uma curiosidade: a identificação do tecladista com o mundo dos computadores - o mundo digital. Qual (tecladista) nunca desmontou um teclado? Ou foi autodidata na computação? É comum encontrar profissionais das teclas fazendo a manutenção dos seus próprios PC's e notebooks.


Existe uma explicação lógica para isso tudo? É possível. Você tecladista leitor, lembra-se quando se encantou pelo painel dos teclados e sintetizadores, lá na sua infância/adolescência, ao ver os inúmeros leds e LCDs com cores vibrantes e chamativas? Creio que esse encantamento perdura até hoje. Conta muito o design de um novo teclado, tanto funcionalmente quanto esteticamente.

Paralelamente, o mercado de softwares notou a tendência e necessidade de novos e melhores timbres, e a dinastia VST's iniciara uma concorrida jornada virtual, que aliás, é gigante nos dias de hoje e cresce exponencialmente. Com esse vasto cardápio entre instrumentos físicos e virtuais, a maravilhosa e natural junção da tecnologia à música formaram os ingredientes perfeitos para o tecladista entrar no mundo da produção musical.

E não para por aí. O colossal mercado de conteúdo web demanda também de produção musical de qualidade. É aí que também naturalmente, o tecladista/produtor entra em cena. Com a vivência musical, mais o domínio das técnicas de produção, composição e mixagem, o músico, que não poderia deixar de citar, também professor de música, músico de bandas ou duplas também embarca no concorrido mundo das trilhas sonoras, no mercado web.

Entretanto com o mundo globalizado, a tecnologia e qualidade digital avança mais e mais. As imagens HD, Full HD, 4k e no futuro próximo 8k exigem uma qualidade sonora maior nas produções de trilhas: sejam elas corporativas, para aberturas de TV, web-design e muito mais.

Com isso é comum o músico das teclas se tornar um incansável pesquisador do melhor timbre, do melhor plugin, do melhor VST, do melhor teclado ou sintetizador, ah, e é claro, da melhor harmonia e tema melódico.

Assim o tecladista, o mundo digital e a produção musical se tornam uma mescla perfeita em um emaranhado de informações, sempre buscando conhecimento tecnológico e musical.
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* Bruno de Freitas é Tecladista, professor, produtor, demonstrador de produtos da Yamaha, endorser da Stay Music e colaborador da Revista Keyboard Brasil







quarta-feira, 29 de março de 2017

A MÚSICA ATMOSFÉRICA, ÉPICA E MELÓDICA DE ELOY  FRITSCH

DEDICAÇÃO E EXPERIMENTAÇÃO. ASSIM NASCE UMA OBRA DE EXTREMO VALOR, MAJESTOSA E QUE FAZ BEM PARA A ALMA. RECOMENDO!

 * Por Amyr Cantusio Jr.
Conheci o Eloy Fritsch pessoalmente já no século XXI, em Votorantim (interior de São Paulo), num Festival em que nossas respectivas bandas/projetos se apresentaram juntos (Alpha III & Apocalypse). Mas eu já conhecia os trabalhos do Eloy (que é do Rio Grande do Sul) dos anos 90 com sua banda Apocalypse. E, posteriormente seus projetos solos.

Recebi recentemente dois discos  dele muito bonitos em tudo, começando pelas capas e arte gráfica, até o acabamento da música. São eles: The Garden of Emotions (lançado pela gravadora francesa Musea - 2009) e Spiritual Energy (Musea - 2014).

A música do Eloy (que como eu, é um dos raros e poucos músicos brasileiros a atuar na área de vanguarda eletrônica com sintetizadores) se fosse feita nos anos 80 seria denominada “New Age”.

Música atmosférica, às vezes épica, melódica, segue bem a linha para quem conhece e aprecia, músicos excepcionais como Vangelis, Kitaro e Jean Michel Jarre. Não que seja cópia. Mas uma referência.

A capa do CD The Garden of Emotions foi desenhada por outro artista de vanguarda brasileiro, que faz parte de nosso seleto e comedido núcleo de músicos experimentais de vanguarda, Edgar Franco (o qual já desenhou e trabalhou comigo também em projetos paralelos). Uma obra prima.

Para fazer esta pequena resenha, tive de escrever na “primeira pessoa” pois Eloy, além de músico atuando na mesma área que eu, é meu amigo. De forma que me sinto mais a vontade para poder indicar aos leitores estes dois magníficos trabalhos. Como artistas independentes que somos, temos que vender, divulgar, fabricar e distribuir nossos próprios CDS. Por isso a valorização de revistas como esta, que prestigia os artistas mais nobres e que realmente fazem “arte”no país. Em tiragens limitadas, mas feitos com esmero e dedicação! Recomendo!!

CD: The Garden of Emotions
AUTOR: Eloy Fritsch
ANO: 2009
SELO: Independente 

O CD The Garden of Emotions (O Jardim das Emoções). O álbum é formado por 14 temas espaciais, místicos e de ficção científica como Lumine Solis, Space Station, Solar Energy, Heaven, Beyond the Mountains, entre outros. O premiado compositor Eloy Fritsch utiliza os sintetizadores, teclados eletrônicos e computadores a serviço das emoções para criar música instrumental melódica repleta de expressão e sentimentos.

CD: SpiritualEnergy
AUTOR: Eloy Fritsch
ANO: 2014
SELO: Independente (Distribuidora Tratore)


O CD Spiritual Energy é uma coletânea de trilhas sonoras para cinema, video, e teatro compostas por Eloy Fritsch. Além das trilhas o compositor apresenta outros temas instrumentais ao sintetizador. Passeando pelo New Age e a música instrumental realizada em estudio o compositor apresenta 17 temas com lindas melodias alternando momentos épicos e passagens delicadas. Música majestosa que faz bem para a alma.

SOBRE O MÚSICO...

Eloy Fritsch nasceu em Caxias do Sul. Desde a infância costumava criar sons com tudo que tinha ao seu alcance: bolas, talheres, pratos, brinquedos, móveis e até com suas próprias mãos. Aluno exemplar no colégio, aos 13 anos começou a trabalhar na maior rádio local ao lado de seu pai, que era engenheiro eletrônico.

Nas folgas, passava horas ouvindo LPs na discoteca da rádio. Ao ouvir alguns álbuns de Vangelis, Wakeman, Kingsley-Perrey, Carlos, Kraftwerk, Tomita e Jarre sua vida mudou e iniciou o fascínio pela música eletrônica e o rock progressivo. Mais tarde, e já com sua banda, chamada APOCALYPSE, Eloy conquistou importantes prêmios em festivais.

Seu mestrado foi voltado à área da Computação Musical, passando a  desenvolver programas musicais e estudar Inteligência Artificial na UFRGS com o objetivo de aplicá-la na música.

A paixão de Fritsch pelo espaço é perfeitamente identificada em sua música e, o  fato de não compreendermos nossa existência, o nosso pouco conhecimento sobre o magnífico Cosmos e as surpresas que nos aguardam no futuro, é transformado em música. Todo esse sentimento aliado aos recursos tecnológicos de  sequenciadores e teclados motivaram ainda mais à realização de suas primeiras composições eletrônicas. E, assim, criou seu próprio estúdio.

Após iniciar seu Doutorado, Fritsch tornou-se professor de Música Eletrônica na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre. E, além de escrever vários artigos na área técnica, dedicou-se a novos projetos como a publicação de seu livro Música Eletrônica – Uma Introdução Ilustrada e criando, entre outros, o MIDILAB no Instituto de Artes da UFRGS, o maior laboratório de música eletrônica do sul do Brasil.

SAIBA MAIS SOBRE ELOY FRITSCH:

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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.