segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Não haverá EXPOMUSIC em 2018

A OFICIALIZAÇÃO DO CANCELAMENTO DURANTE A REALIZAÇÃO DA EXPOMUSIC  FOI TIDA COMO DESRESPEITOSA PELOS EXPOSITORES

* Música & Mercado


Os rumores plantados desde o início da Expomusic 2017  foram oficializados através de um comunicado oficial expedido pela Abemúsica, associação responsável pela feira: não haverá Expomusic em 2018. A informação não causou comoção setorial como era esperado pela entidade, pelo contrário. A maior parte dos expositores que a Música & Mercado conversou mostraram-se insatisfeitos pela comunicação do cancelamento da feira em 2018 durante o período da Expomusic. “Não era o momento para jogar o mercado para baixo”, explicou um expositor.

Empresas como Yamaha, Harman e Equipo optaram por outros eventos e ações fora da Expomusic. Outra grande parte das empresas que não expuseram na Expomusic dividiram seus investimento em ações diretas nos Estados, parte voltada a criação de demanda, parte em ações comerciais. Em 2017, mais de quatro eventos paralelos foram realizados junto com a Expomusic, em anos anteriores este número chegou a nove eventos.

Recentemente um estudo encomendado pela Abemúsica e Francal para analisar a feira mostrou que, para os lojistas, a Expomusic está sendo derrotada para eventos mais intimistas; para o consumidor a Expomusic precisa de uma grande repaginada na comunicação.

Nestes dias de feira, um ator com fantasia de Batman foi visto interagindo com o público, ainda assim não foi o suficiente para recuperar ou comunicar melhor a jovialidade da exposição. Para um famoso empresário do setor que solicitou anonimato: “A organização está envelhecida e não tem credibilidade, o maior interesse virou a bilheteria. Este é o problema e é uma pena”.

Posto as colocações citadas no ofício da Abemúsica, some a reforma do Anhembi. Os custos da locação de outros centros de convenções se tornariam inviáveis para o momento de crise que passa a organização. Relevante mencionar que a mudança do Expo Center Norte para o Centro de Convenções do Anhembi possibilitou à organização da Expomusic a diminuição do preço do metro quadrado para facilitar a compra de espaço de exposição. Esta ação deu a sobrevida nestes dois últimos anos de Expomusic.

1. Vendas na feira 
Há tempos, a venda para consumi-dores finais é ponto de discussão entre fornecedores e lojistas na Expomusic. No cenário internacional, é comum observar as empresas menores, em geral fornecedores de acessórios, vendendo. No Brasil, a edição 2017 da Expomusic teve autorizada pela Abemúsica a venda para consumidores finais no final de semana. A demanda vem sendo solicitada pelos consumidores finais há anos e é uma forma de aumentar e garantir o interesse do consumidor final para arrecadação de bilheteria. Para o expositor é uma forma ativa para estudar o comportamento de compra.

Por outro lado, de acordo com comunicado da Abemúsica: “O mercado (…) tem apresentado seguidos movimentos de queda nos últimos 5 anos, impactando negativamente na vida de quase todas as empresas do setor. (…) A Expomusic já vem sendo realizada nos últimos 5 anos em condições muito adversas (…) mas o mercado demandador dos produtos (…) não reage positivamente através de compras em volumes necessários”, dizem trechos do comunicado. A venda de produtos na Expomusic é um ponto sensível e questionado pelos comerciantes que frequentam a Expomusic.

2. Feiras regionais Abemúsica
Na luta para sair do atoleiro, o conselho de administração da Abemúsica estipulou outras seguintes mudanças para o próximo ano: “realizaremos (…) duas feiras regionais e encontros de negócios, em formatos bem distintos da feira principal, em cidades que informaremos em breve”. A informação causou alvoroço entre os produtores de eventos regionais, muitos conectados às indústrias e importadoras. Lojistas também temem que a Abemúsica traga mais venda direta aos consumidores finais, como está ocorrendo na Expomusic, através das feiras regionais que a entidade pretende fazer.

3. Acertos
Como mencionado aqui, a programação da Expomusic se aprimorou nos últimos dois anos. Eventos como o Expomusic Talks, Rock Lounge, Musicalização Infantil, The Rock Club, as programações para o público jovem chamaram atenção. Para os lojistas, a  Rodada de Negócios e o controle do volume da feira foram pontos positivos.

4. E se a Expomusic acabar?
Não deve acabar, mas se reinventar. Música & Mercado acredita que novos formatos de eventos, mais conectados com consumidores e propícios para negócios serão criados com ou sem a marca Expomusic. Deve-se considerar ainda o remanejamento da própria Abemúsica, entidade sócia da Francal, empresa produtora da Expomusic. Apenas como um exemplo, a feira  Musikmesse, na Alemanha, renovou todo o seu quadro diretivo após sucessivas der-rotas. Assim como o País, a crise institucional deve ser contida para o equilíbrio setorial. É a hora de pensar grande. A racionalidade, pragmatismo e análise profissional do mercado deve estar à frente das bandeiras de entidades ou pessoas. Está em jogo o mercado da música, isto é maior que qualquer discussão.

Por fim, disseram que a Expomusic retornará em 2019, ainda no 1º semestre, se não mudarem as cabeças, provavelmente dirão que este cancelamento da feira é apenas um adiamento como forma de repensar e criar um evento melhor, pelas mesmas pessoas.

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*Música & Mercado é uma publicação digital para quem faz negócios com equipamentos de áudio, luz e instrumentos musicais.  
Clique no site: http://musicaemercado.org/










VALENTINA LISITSA

 Através da música, beleza que emociona

VALENTINA LISITSA É NÃO SÓ A PRIMEIRA ESTRELA “YOUTUBER” DA MÚSICA CLÁSSICA, MAS SIM, A PRIMEIRA ARTISTA CLÁSSICA A CONVERTER O SEU SUCESSO NA INTERNET NUMA CARREIRA INTERNACIONAL DE CONCERTISTA NAS PRINCIPAIS SALAS DA EUROPA, EUA, AMÉRICA DO SUL E ÁSIA. A LOIRA DE GRANDES OLHOS AZUIS RETORNA AO CONTINENTE PARA MAIS UMA TURNÊ DE RECITAIS SOLO E NOS CONCEDE UMA ENTREVISTA EXCLUSIVA!

* Por Heloísa Godoy 


Pianista clássica nascida na Ucrânia, Valentina Lisitsa vem de uma família de não-músicos. Iniciou seus estudos musicais em Kiev, na Escola de Música Lysenko para crianças com especial talento aos 3 anos de idade e, aos 4 anos, fez o seu primeiro recital  solo. Ao contrário de muitos prodígios musicais, Valentina não pensava em seguir carreira musical: ela sonhava ser enxadrista profissional.

Com pouco esforço, Valentina passou pelo Conservatório de Kiev, onde conheceu o seu futuro marido, o também pianista, Alexei Kuznetsoff - seu parceiro em vários duetos, que a fez pensar mais seriamente na sua carreira musical. 

Imigrou para os Estados Unidos em 1992, onde começou carreira em duo com seu marido. Em 2007, postou seu primeiro video no YouTube, uma gravação do Étude op. 39/6 de Sergei Rachmaninoff, que se tornou um dos primeiros vídeos virais de música erudita. Após isso, muitos outros vídeos foram postados e assim surgiu uma carreira sem paralelo no mundo da música de concerto. Seu canal de YouTube tem hoje mais de 350.000 inscritos e seus vídeos contam com mais de 150 milhões de visualizações com uma média de 75.000 por dia. O Brasil não é uma exceção e os pedidos para que ela se apresente por aqui são incontáveis e vem de todas as regiões.

A relação de Valentina com a América Latina se iniciou em 2009, quando ela passou a ser representada pela Antares Produções, empresa dirigida por Maria Rita Stumpf. Naquele mesmo ano, realizou sua primeira turnê pelo Brasil, apresentando-se em duo com a violinista Hilary Hahn. Tem presença regular em países como Peru, Colômbia e México e, em 2012, lotou o Teatro Colon em recital, recebendo as mais elogiosas críticas da imprensa da Argentina.

Um espetacular recital no Royal Albert Hall em Londres frente a um público de oito mil pessoas em Junho de 2012 selou definitivamente sua carreira internacional. Os ouvintes tiveram a chance de votar online para escolher o programa do concerto e essa interatividade com o público se tornou uma das marcas de Valentina Lisitsa. A gravadora DECCA contratou a pianista com exclusividade após o seu concerto no Royal Albert Hall, lançando em CD e DVD o seu concerto.

Descrita pelos críticos como “um anjo tocando” ou “pianista eletrizante”, Valentina Lisitsa tem lotado salas de concerto pelo mundo, apresentando-se com orquestras como Chicago Symphony, WDR Symphony Orchestra Cologne, Seoul Philharmonic, San Francisco Symphony and Pittsburgh Symphony. 

A sua última turnê pela América do Sul foi em 2014, quando se apresentou como solista da Orquestra Sinfônica Brasileira, sob a regência de Lorin Maazel, em São Paulo e Rio de Janeiro. No próximo mês, Valentina virá ao continente para mais uma turnê de recitais solo. Desta vez no Brasil e na Argentina. O programa inclui grande êxitos de Valentina, como a Sonata ao Luar de Beethoven, Gaspard de la Nuit de Ravel, Quadros de uma Exposição de Mussorgsky, além de Noturnos de Chopin. 

Valentina vive atualmente em Roma, Itália e, sobre a música clássica diz: “Música clássica não é difícil. Não é elitista. É somente sobre nós mesmos”. E tem mais: a cada novo concerto lá está ela no YouTube explicando o que vai fazer, dando uma pequena amostra e divulgando mais sobre os compositores que interpreta... Já virou rotina - para ela e para seus seguidores. 

Entrevista

Revista Keyboard Brasil – Você foi uma criança prodígio e começou seus estudos aos 3 anos. Você pode nos falar como foi o seu início? Quem foi sua primeira professora de piano? 
Valentina Lisitsa – Os meus pais tentaram me dar uma educação ampla, então eu fui levada a fazer várias atividades, como aulas de esporte, dança etc. Eu fui um fracasso em todas essas atividades e a única em que eu me destacava era a música. Eu tinha um livrinho musical infantil e com ele aprendi o nome das notas e acordes. A partir disso, fui levada a fazer aulas de piano. Na União Soviética, dizia-se que nem todos poderiam ser pianistas de sucesso, mas era possível ser um bom professor de música e, por isso, os estudantes eram estimulados a ensinar. Então, a minha primeira professora foi uma estudante de piano adolescente, que deveria ter uns 16 ou 17 anos, e que foi colocada para dar aulas para crianças, como eu por exemplo, que tinha 3 anos. 

Revista Keyboard Brasil – A sua técnica é impressionante, mas como você a desenvolveu? Pode-se dizer que é uma mistura de talento com trabalho duro?  
Valentina Lisitsa – Muita gente me pergunta se a minha técnica é russa, mas eu não vejo nenhuma relação com a escola russa. Aliás, eu me considero uma pianista americana e a minha técnica é individual e resultado do tanto que eu estudo. Eu sempre tive muita facilidade técnica, mas também estudo 12 a 13 horas por dia, então é uma soma de talento e trabalho duro.   

Revista Keyboard Brasil – Além do piano, você também toca cravo, órgão ou sintetizadores? 
Valentina – Não, já tenho trabalho suficiente com o piano, então não tenho tanto tempo para me dedicar a outros instrumentos, mesmo que sejam de teclas. 

Revista Keyboard Brasil – Você também é compositora? Você já compôs alguma peça? 
Valentina Lisitsa – Não, pois como eu disse na pergunta anterior, não me sobra muito tempo além das minhas atividades como pianista. 

Revista Keyboard Brasil – O meio erudito é até bastante conservador. O que você tem a dizer sobre isso? 
Valentina Lisitsa – Quando eu era estudante, tive problemas com vários professores, porque eu nunca fazia exatamente o que eles pediam, mas sim o que eu queria. Assim, o mais importante para mim é o que eu quero fazer em termos musicais e não a opinião dos outros.    

Revista Keyboard Brasil – Você teve um grande sucesso no YouTube, mas você imaginou obter sucesso assim? Como a ideia dos vídeos surgiu? O que você tem a dizer a respeito da importância da tecnologia para a música?  
Valentina Lisitsa – Quando eu comecei, o grande sucesso da internet era o MySpace e não o YouTube, e essa ideia dos vídeos veio por acaso. Um grupo de amigos estava fazendo um curso de edição de vídeo e eles me pediram para gravar algo ao piano. Gravei então o estudo Op 39 No 6 de Rachmaninnoff, mas se você reparar, o vídeo é até bem amador, pois há erros de sincronia entre som e imagem. Eles não eram profissionais, apenas estudantes na época,  então o vídeo não foi perfeito, mas mesmo assim teve muito sucesso. Com relação à tecnologia, o YouTube foi uma verdadeira revolução, porque antes a música era controlada por gravadoras e, a partir dele, qualquer pessoa pôde gravar um vídeo e construir sua carreira.   

Revista Keyboard Brasil – Um dos grandes desafios do pianista profissional é preparar vários programas ao mesmo tempo e você é um grande exemplo disso. Recentemente, você tocou os 4 concertos e a Rapsódia de Paganini em uma só noite em Madrid, em outubro você tocou a integral dos Noturnos de Chopin em Paris e depois fará uma turnê pela África e América Latina com um programa totalmente diferente. Como é a sua preparação mental para isso tudo?   
Valentina Lisitsa – Eu tenho memória fotográfica, então isso facilita bastante para aprender e decorar repertório. Além disso, eu estudo pelo menos 12 horas por dia, então eu tenho resistência física para apresentações longas. 

Revista Keyboard Brasil – Outro grande desafio são as viagens constantes. Os voos são longos, existe a questão do jetlag e muitos solistas enfrentam distúrbios de sono por causa disso. Como você lida com as viagens? Por exemplo, no dia 18 de Novembro você termina uma turnê na África e entre os dias 21 e 29 de novembro você estará em turnê pela América do Sul. Isso não é muito cansativo para você?  
Valentina Lisitsa – Uma das minhas grandes alegrias na vida é tocar em público. Aliás, eu não tenho nenhum medo de palco e o meu problema é o contrário: eu tenho muita ansiedade antes do concerto, mas é de tanto que eu desejo estar em público. As viagens são sim desgastantes, mesmo não viajando de classe econômica, mas quanto mais eu toco em público, melhor eu fico.     

Revista Keyboard Brasil – Que conselhos você poderia dar a estudantes, pianistas, fãs e leitores da Revista Keyboard Brasil? 
Valentina Lisitsa – O piano é um instrumento percussivo, então o grande desafio do intérprete é fazer o público pensar que o piano pode cantar como a voz humana. Como fazer isso? Nós temos que aprender a controlar o tempo entre as notas e também o equilíbrio de som entre as duas mãos (melodia e acompanhamento), porque se você tocar tudo igual, a música morre.   

Revista Keyboard Brasil – Agradecemos sua atenção e lhes desejamos uma ótima turnê. 
Valentina Lisitsa – Obrigada e espero vê-los nos concertos. 

AGENDA:
São Paulo – Teatro Alfa
Dia: 21/11 às 20:30

Buenos Aires (Argentina) – Usina del Arte
Dia: 25/11 às 20:00

Porto Alegre – Theatro São Pedro
Dia: 27/11 às 20:00

Belo Horizonte – Grande Teatro Sesc Palladium
Série “Concertos Virtuosi”
Dia: 28/11 às 20:30

Rio de Janeiro – Sala Cecília Meirelles
Dia: 29/11 às 19:00

SAIBA MAIS SOBRE VALENTINA LISITSA:




VIRTUOSI PRODUÇÕES –  Comandada por Ederson Urias, a  Virtuosi  situa-se em  Belo  Horizonte  e é uma das principais agências de produção cultural  do Brasil com ampla atuação no  país e  no  exterior.   Clique  no ícone ao lado para o site http://www.virtuosi.mus.br 

ANTARES PROMOÇÕES – No mercado desde 1987, sob a direção de Maria Rita Stumpf, atua na área cultural na América do Sul apresentando artistas das mais diversas áreas, executando projetos para terceiros ou representando solistas, cantores líricos, companhias de dança, orquestras. Clique no ícone para o site http://www.antarespromocoes.com.br/
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* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas.


*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.




51ª EDIÇÃO DA REVISTA KEYBOARD BRASIL


OUTUBRO DE 2017


Clique no site e leia a Revista na íntegra em língua portuguesa

ou direto no link:


EDITORIAL





“Se podemos ter o melhor, não se contente com menos”!

Salve músico e/ou apreciador da boa música! Convido você a aproveitar cada página de nossa edição, porque a música, para nossa equipe, é a inspiração para a vida! Ao trabalhar com máxima dedicação e empenho o universo se encarrega de dar um 'empurrãozinho', por isso conseguimos algo histórico! Somente nossa publicação conseguiu o feito em toda a AMÉRICA DO SUL: matéria e entrevista de capa com Valentina Lisitsa, a pianista eletrizante, como é descrita pelos críticos. Suas interpretações fazem um bem enorme para a alma! 

A edição segue com a colaboração de grandes profissionais da música, Zeca Quintanilha traz uma matéria sobre timbres. Bruno Freitas explana sobre a monitoração de qualidade. Hamilton de Oliveira emiti todo seu conhecimento sobre a arte da expressão e liberdade musical. Luiz Carlos Rigo Uhlik discorre sobre aquele minuto de fama, tanto para o lado bom quanto para o lado lixo. Não poderíamos deixar de falar sobre a Expomusic, tão aguardada anualmente. Nosso estande esse ano foi diariamente visitado por músicos e profissionais da música, além do grande atrativo que foi a belíssima exposição de miniaturas de teclados. A dica técnica de Amyr Cantusio Jr desse mês é com Vangelis, que dispensa apresentações, além da segunda para do Blues Workshop de Jeff Gardner. Tão em alta atualmente é a cura gay, um assunto polêmico escrito pelo maestro Colarusso. Essas e outras matérias sempre muito interessantes, você leitor, somente encontrará em nossa publicação. 

Excepcionalmente este mês, não teremos a matéria do nosso virtuoso violinista e colaborador da Revista, Sergio Ferraz.

E músico, aproveite! Peça a tabela com valores promocionais para divulgação em nossas publicações através do email contato@keyboard.art.br.

Clique, curta, compartilhe e faça seu comentário, porque: se podemos ter o melhor, não se contente com menos!

Excelente leitura e fique com Deus!!

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* Heloísa Godoy é pesquisadora, ghost writer e esportista. Há 20 anos no mercado musical através da Keyboard Editora e, há 10 no mercado de revistas, tendo trabalhado na extinta Revista Weril. Atualmente é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas.





ANAFIMA reúne lojistas e fornecedores para discutir varejo

EMPRESÁRIOS DISCUTIRAM MÉTODOS E BOAS PRÁTICAS PARA A SUSTENTAÇÃO DOS VAREJOS FÍSICO E ON-LINE

  * Redação

A Anafima – Associação Nacional da Indústria da Música convidou lojistas, fabricantes e importadores para uma reunião acontecida dia 11 de setembro onde se discutiu: 1) capacitação setorial por meio do Sebrae e Ciesp, compreendendo todos os atores do mercado da música; 2) padronização do conteúdo e formato das tabelas XML ou planilhas Excel, incluindo código EAN, a fim de facilitar a importação para os sistemas utilizados pelo varejo e boas práticas entre fornecedores e lojas físicas e on-line que preservem o futuro do negócio.

Empresas como Roland, Casio, Harman do Brasil, Michael, Vogga, a distribuidora Musical Express, loja X5, Mega Disconildo, Made in Brazil, Rozini, Habro Music, Sennheiser, Equipo, Oxedio Rode e IK Multimedia debruçaram sobre as tendências globais da coexistência entre os mercados on-line e físico e como as boas práticas podem ser benéficas ao setor.

O gerador de conflitos

Se o comércio on-line amplia a facilidade para a venda de contrabando, produtos falsificados etc., os market-places 'legalizam' o produto ao olhar do consumidor. Da mesma forma, a falta de uma estrutura política e comercial dos fornecedores leva o varejo ao canibalismo e à desestruturação do mercado. Nesse caso, é justo a responsabilidade ser generalizada para todas as lojas virtuais? Claro que não.

Paolo Guilherme, do Ovelha Negra, reforça: “Existem os contrabandistas, os fraudadores que trabalham com carga roubada, o grey market (contrabando), entre outros ilícitos e que 'se plugaram' em marketplaces grandes, vendendo produtos abaixo do meu preço de custo”.

Para o comprador Evandro Guilherme, da loja Mega Disconildo, do Rio de Janeiro, o fornecedor que não possui política específica para os comércios on-line e físico acaba sendo preterido. “Fornecedores que não dão margem (de lucro) acabam sendo banidos na hora das compras”, explicou o comprador. Essa mesma solução foi comumente citada em uma enquete realizada pela Música & Mercado com lojistas de todo o Brasil.

Pela natureza do negócio, lojas virtuais têm seus preços comparados instantaneamente por meios eletrônicos. Logo, competitividade em preço é parte essencial da estratégia. Mas engana-se quem pensa que o custo do varejo on-line é baixo. “Existe ainda o  investimento do lado do e-commerce em trazer tráfego, manutenção do site, produção de conteúdo, entre outros custos e esforços para a experiência do cliente on-line”, comenta Paolo Guilherme, gerente de marketing da loja ovelhanegramusical.com.br. Isso sem contar o custo de logística, taxa de cartão de crédito, custo de devoluções etc.

O varejo físico sobreviverá ao digital?
Para as empresas participantes da reunião da Anafima, foram apontadas ideias para preservar a competitividade do varejo físico, sem detrimento do virtual. Como exemplo, políticas de venda diversificadas para cada eixo do varejo podem trazer equilíbrio aos preços para ambos os pontos de venda.

Outras ideias citadas foram as ações que atendam e promovam a experimentação nas lojas físicas ou linhas de produtos específicas para magazines on-line e físicos.

Soluções corretivas por parte dos fornecedores também entraram na pauta da discussão, entre elas, o corte do fornecimento para as lojas que descumprirem a política preestabelecida e o trabalho em conjunto para identificar revendedores (on-line ou não) de produtos contrabandeados e falsificados.

Próximos passos
Após o compartilhamento de experiências, foi unânime o entendimento sobre as consequências danosas que o amadorismo e a falta de políticas de venda e compra têm causado ao negócio do áudio e instrumentos musicais no País.

O comprometimento da Anafima, suas empresas representadas, Sebrae e Ciesp para trabalhar neste processo é claro. Um grupo foi formado para trabalhar nesses temas e pré-acordada uma reunião após o período de feiras, em outubro.

Saiba mais da ANAFIMA: http://www.anafima.com.br/site/






 MÚSICA CLÁSSICA E TOLERÂNCIA: “NAZISTAS ENTRE NÓS”

MUITOS NÃO FAZEM A IDEIA DA ENORME QUANTIDADE DE MÚSICOS ERUDITOS QUE FORAM EXTREMAMENTE BENEFICIADOS POR SUAS RELAÇÕES FORTES COM O REGIME DE HITLER E QUE PERSEGUIRAM JUDEUS E OUTRAS MINORIAS E DISSIDENTES.

* * Por Maestro Osvaldo Colarusso

Ao ouvirmos a soberba execução das “Quatro últimas canções” de Richard Strauss com Elizabeth Schwartzkopf (1915-2006) é interessante saber que por traz de toda a espiritualidade da execução da artista se esconde o fato de que a cantora foi uma ativa participante do Regime Nazista. Tinha a carteirinha do partido e para dar uma turbinada em sua carreira fez parte da “Organização nacional de socialismo do bem-estar social” (Nationalsozialistische Volkswohlfahrt - NSV), um monstruoso braço que pregava a exclusão dos dissidentes em prol dos “arianos”. Ouvirmos sua interpretação é um ato de tolerância?

No excelente livro “Nazistas entre nós” do jornalista Marcos Guterman (Editora Contexto) tomamos conhecimento de vários criminosos de guerra que viveram placidamente no Brasil e na  América Latina por muitas décadas. Mas esta tolerância não se passou apenas há cinco ou seis décadas: os recentes acontecimentos em Charlottesville, no Estado americano da Virginia, mostram que esta tolerância é mesmo endossada pelo atual presidente americano e por uma substancial quantidade de pessoas de excelente formação intelectual. Muito propícia a colocação de Marcos Guterman: “como houve um julgamento em Nuremberg depois da queda do regime nazista, muitas pessoas sentiram uma espécie de sensação de que a punição havia sido realizada e a justiça tinha sido feita. Isso talvez tenha provocado este tipo especial de tolerância que fez com que assassinos como Adolf Eichmann e Joseph Mengele continuassem vivendo tranquilamente na América do Sul muitos anos depois deste julgamento de Nuremberg. Eichmann foi descoberto e raptado pelo serviço secreto de Israel, onde foi julgado e condenado, mas Mengele, o monstruoso médico que usava judeus em suas experiências inócuas, viveu perto de São Paulo uma existência tranquila.” Tolerância tropical…

Músicos clássicos e o nazismo: o estranho caso de Anton Webern
Mesmo sem serem assassinos como Eichmann é interessante vermos a enorme quantidade de músicos eruditos que foram extremamente beneficiados por suas relações fortes com o regime de Hitler: Karajan, Karl Böhm, Alfred Cortot e muitos outros, apesar de sua genialidade musical, perseguiram judeus e outras minorias e dissidentes. Não creio que deveríamos agir de forma a censurar este ou aquele artista, deixar de ouvir este ou aquele cantor, este ou aquele maestro, mas creio ser importante sabermos que toleramos artistas que foram coniventes e entusiastas frente a um regime monstruoso.

Muito conhecido é o fato dos compositores Richard Strauss e Carl Orff terem se imiscuído até o pescoço com os nazistas, mas pouca gente sabe que o importante compositor austríaco Anton Webern (1883-1945), um dos mais influentes compositores do século XX, e que escrevia num estilo de original e ousada modernidade, foi um simpatizante do partido e um entusiasmado favorável à anexação da Áustria pela Alemanha nazista. Não só votou favorável ao “Anschluss” em 1938 (anexação que teve aprovação de 95% da população do “país de Mozart”) mas fez propaganda pela aprovação do mesmo. Mesmo sabendo que sua obra seria proibida de ser executada por estar afastada dos ideais estéticos do regime, acreditava que sua amada Áustria teria um futuro melhor sendo dirigida por Hitler. Curiosamente Webern morreu por um disparo acidental, perto de sua casa, por um soldado americano bêbado depois do fim da segunda guerra mundial. Regimes despóticos fascinam, seduzem, mesmo que nos destruam. Neste sentido o caso de Webern é emblemático.

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Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.






A MÚSICA COMO PROFISSÃO

PARA SER MÚSICO NÃO BASTA SOMENTE TER TALENTO.  TAMBÉM NÃO É  NECESSÁRIO  TER  DIPLOMA,  PORÉM ENVOLVE   INÚMEROS  FATORES  COMO  DEDICAÇÃO, ESTUDO E PESQUISA.   

   * Por Hamilton de Oliveira

A música é uma das artes mais antigas e respeitadas na antiguidade. Na Grécia antiga ela fazia parte do “quadrivium”, que era o nome dado ao conjunto de quatro matérias (aritmética, geometria, astronomia e música) ensinadas nas universidades helênicas na fase inicial do percurso educativo. Passou por diversas transformações ao longo do tempo e chegou ao nosso cotidiano recheada de influências de todos os cantos do mundo.

Com o avanço da tecnologia, a iniciação musical está mais acessível à todas as camadas da população brasileira. Hoje em dia, para ser músico não basta somente ter talento e dedicação. É preciso também ter um bom marketing pessoal para entrar no mercado de trabalho. Alem desses fatores, o músico ainda precisa ter bom ouvido, habilidade manual, ser perfeccionista, gostar de pesquisar e trabalhar em equipe, e ter disposição para estudar e praticar bastante.

Para seguir carreira, não é necessário ter diploma. Pode-se cursar um conservatório, frequentar escolas de música ou ter um instrutor particular. Mas para quem quer se aprofundar nos estudos, a universidade é de grande importância para que o músico aprimore suas habilidades no instrumento.


A área de atuação musical no Brasil é bem extensa. Vai desde arranjador, regente, solista e músico de orquestras sinfônicas, de jazz ou bandas militares, até professor, historiador musical, coralista, preparador vocal, produtor musical, produtor de jingles publicitários, músico de estúdio, entre outros.  

Com tudo isso, será que é possível viver de música no Brasil? Com uma boa dose de dedicação e muito estudo, eu diria que sim, é possível viver de música, mesmo com uma crise mundial que assola em cheio nosso país. Para aqueles que se propõem a dar aulas, a graduação leva de três a quatro anos e oferece duas habilitações: o universitário, que pode optar pela licenciatura em música, permitindo que ele ensine, ou o bacharelado em instrumentos (sopro, corda, teclado e percussão), que vai possibilitar ao graduado atuar no canto, compor partituras e reger orquestras. Tem também a pós-graduação em docência no ensino superior, onde ministrará aulas em universidades e faculdades em todo Brasil na sua disciplina específica.

Pesquisas recentes mostram que o músico tem carreira muito longa, que começa, em média, aos 18 anos e pode ir além dos 70 anos.  

Portanto, se você pensa em ser um músico profissional e ganhar dinheiro com isso, não espere a oportunidade chegar sem que você esteja preparado.

Até breve.

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* Hamilton de Oliveira iniciou seus estudos no Curso de MPB/Jazz no Conservatório de Tatuí, formou-se em Licenciatura pela UNISO no curso de Música e Pós-graduou-se pelo SENAC em Docência no Ensino Superior. É maestro, tecladista, pianista, acordeonista, arranjador, produtor musical, professor e colaborador da Revista Keyboard Brasil.



PORCUPINE TREE

PROJETO QUE CONSIDERO UM DOS MELHORES  DA ATUALIDADE, OUSADO, CHEIO DE PESO E ATMOSFERAS DE SINTETIZADORES E VOCAIS PSICODÉLICOS. CONHEÇA A BANDA BRITÂNICA  PORCUPINE TREE.

  * Por Amyr Cantusio Jr. 



Liderados pela genialidade do músico Steve Wilson, sua música pode ser considerada como rock progressivo, rock psicadélico, experimentalismo avantgarde e heavy metal, com uma tendência mais “dark” e gótica.

Aliada também aos elementos da música eletrônica e space rock, o som do Porcupine Tree lembra, de leve, o Pink Floyd e o Hawkwind em alguns momentos. Mas  Steve tem sua própria marca registrada. A entrada do baterista fenomenal (um dos melhores do mundo) Gavin Harrison no álbum “In Absentia” trás uma carga de artilharia mais técnica e pesada ao som.

O Porcupine Tree conta já com mais de uma dezena de álbuns maravilhosos, e ainda com projetos “solo” de Steve Wilson.

Steve participou de álbuns do vocalista do Marillion, Mr.Fish em várias ocasiões e foi um reeditor/remaster dos álbuns do King Crimson contratado diretamente pelo mestre Robert Fripp. Ou seja, Steve Wilson hoje já é uma marca registrada dentro da música/rock de vanguarda mundial.

Atualmente, a banda se encontra parada já que seu líder Steven Wilson está focado em sua carreira solo. Porém, atente em ouvir os álbuns, que considero a obra prima do rock atual. Outras similaridades vão para o grupo inglês Ozric Tentacles. Mas são só algumas por se tratar de space rock recheado com sintetizadores, sitars, guitarras pesadas e flutuantes.

As temáticas rebatem a física nuclear, a ficção científica, a metafísica e o ocultismo, por isso é mais que indicadíssimo!

Integrantes:
Steven Wilson – voz, guitarra, piano, teclado e baixo
Richard Barbieri – sintetizador e teclado
Colin Edwin – baixo
Gavin Harrison – bateria e percussão
John Wesley (concertos somente) – voz e guitarra

Discografia básica:
On the Sunday of Life... - 1991
Up the Downstair - 1993
The Sky Moves Sideways - 1995
Signify - 1996
Stupid Dream - 1999
Lightbulb Sun - 2000
In Absentia - set 2002
Deadwing - 2005
Fear of a Blank Planet - 2007
The Incident - 2009

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*Amyr Cantusio Jr. é músico (piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.