sábado, 28 de maio de 2016

ECLIPSE 

PINK FLOYD NÃO É MÚSICA PARA MASSAS OU PARA QUALQUER OUVIDO!!

* Por Amyr Cantusio Jr.


Eu sei que muitos que dizem que ouvem Pink Floyd só conhecem as músicas The Wall ou Money (e não o disco todo!!!). Ou, ainda, Wish you were here. De resto, a monstruosa e underground obra musical do grupo nunca nem se aproximaram!

Discos como  Ummagumma, Atom Heart Mother, Meedle e Obscured by Clouds são peças de música de vanguarda. Não são para qualquer um ouvir. Requerem uma  iniciação.

Difícil é você ver o início do Floyd num clip como Arnold Lane (infantil e idiota) que, na realidade, não reflete o experimentalismo psíquico que eles faziam ao vivo em 1966 (veja filme o A Technicolor Dream) e, posteriormente, Live at Pompeil, que é o top da fase lisérgica experimental. Por isso, eu digo: “Pink Floyd não é música para massas ou para qualquer ouvido!!” 

Entre 1967 e 1968 surgiria – patrocinado pelos estúdios Abbey Road [Beatles] – mais um fenômeno do rock que seria – talvez – a maior odisseia que este estilo já presenciou nas praias do experimentalismo, numa era psicodélica e metafísica: o Pink Floyd, banda do falecido guitarrista, mentor e letrista Syd Barret, que agora [espero] está vagando pelas galáxias com seu espírito no grande Sonho Cósmico das existências.


Foto acima: Da esquerda para a direita: A formação do Pink Floyd com Roger Waters, Nick Mason, Syd Barrett e Richard Wright. Março de 1967. Foto abaixo: Promovendo ‘Dark Side of the Moon’ estão: Rick Wright, David  Gilmour, Nick Mason e Roger Waters.

O título desta matéria tem como autor Roger Waters [mentor, vocalista e baixista do Pink Floyd]. Após a loucura e saída de Sid Barret [R.I.P.], Waters assumiu a maior parte das composições e letras da banda. E, numa entrevista da época, disse a um repórter: “Só os loucos podem ver o lado oculto da Lua”. Esta frase foi como um koan zen [pequena frase que é colocada para um monge refletir e alcançar a iluminação] !

Com o primeiro álbum, The Piper At The Gates Of Dawn [inspirado no livro favorito de Barret, The Wind In The Willows, de Kenneth Graeme] o grupo se lançou dentro do conturbado e criativo cenário musical da época pré-Woodstock e no fim da era Beatles que, inclusive, estava gravando o Sgt. Peppers no mesmo estúdio. De vez em quando, Lennon e McCartney se deslocavam até a sala onde o Floyd estava registrando a obra para curtir um som e fumar um baseado juntos.

The Piper At The Gates Of Dawn foi um marco da psicodelia mundial e seguiu-se após ele o não menos belo A Saucerful Of Secrets, uma apoteose com climas sombrios e egípcios como bem representado na maravilhosa música de Roger Waters, Set The Controls For The Heart Of The Sun.


"Pink Floyd não é música para massas ou para qualquer ouvido!!" - Amyr Cantusio Jr.

O Floyd já se destacava pelo som mais viajante e espacial, o que chamou a atenção da área cinemato-gráfica para trilhas sonoras como nos dois lindos discos da banda: More e Obscured By Clouds. Mas a vida tem seus custos. Barret começou a pirar por causa das drogas e foi retirado do palco chapado, para nunca mais voltar à banda. Para o seu lugar, foi recrutado o grande guitarrista e vocalista David Gilmour e, a partir de então, se teve início a maior viagem do progressivo, com Roger Waters assumindo praticamente a direção do grupo e criando as maiores e mais destacadas composições. Nesta época, o Floyd foi nomeado pela crítica como uma banda de acid rock pela lisergia e chapadice de seus membros [que realmente viviam “ligadões” no LSD e cogumelos].

Foram para Pompeia [Itália] em meio aos vulcões para fazer o que jamais seria visto novamente na história do rock: gravar o LP Live At Pompeil, de onde surgiram dois dos melhores e mais famosos álbuns do grupo: Dark Side Of The Moon e Meddle [este gravado em 1971], com sua honorável marca registrada via-jante, consagrada e sacramentada na derradeira faixa “Echoes”, de 24 minutos. Aliás, “Echoes” é o centro do vídeo relançado recentemente como Live at Pompeil II [edição do diretor] e assistindo-o atentamente, vê-se Waters rabiscando no mini-moog trechos essenciais do Dark Side Of The Moon.












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*Amyr Cantusio Jr. é músico piano, teclados e sintetizadores) compositor, produtor, arranjador, programador de sintetizadores, teósofo, psicanalista ambiental, historiador de música formado pela extensão universitária da Unicamp e colaborador da Revista Keyboard Brasil.



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