domingo, 28 de agosto de 2016


HOME  STUDIO - MICROFONES

 * Por Murilo Muraah 

INICIO A COLUNA DESTE MÊS DESCULPANDO-ME POR MINHA AUSÊNCIA, POR MOTIVOS DE SAÚDE, NA ÚLTIMA EDIÇÃO DA REVISTA. AGRADEÇO A COMPREENSÃO E O APOIO DA HELOÍSA, DE TODA A EQUIPE DA REVISTA KEYBOARD BRASIL E, CLARO, DE TODOS OS QUE ACOMPANHAM A COLUNA. DE VOLTA À ATIVA, É HORA DE FALAR SOBRE MICROFONES! NÃO É SEGREDO PARA NINGUÉM QUE EXISTEM DIFERENTES TIPOS DE MICROFONES, COM PREÇOS QUE VARIAM ENORMEMENTE. MAS, AFINAL QUAL É A  DIFERENÇA ENTRE ELES? O QUE PRECISAMOS SABER PARA ESCOLHER OS MICROFONES QUE MELHOR RESULTADO TRARÃO PARA NOSSAS PRODUÇÕES?



Um microfone é um transdutor, ou seja, é um dispositivo capaz de transformar um tipo de energia em outro. A energia sonora emitida por um instrumento musical, pela voz ou por qualquer outra fonte sonora que queremos captar moverá a membrana do microfone e será transformada em energia elétrica, gerando um sinal análogo à energia sonora que foi captada (daí o nome “analógico” que damos a esse tipo de sinal). Como vimos nas colunas anteriores, quando falei sobre interfaces de áudio, esse sinal analógico geralmente ainda será convertido em sinal digital para ser armazenado e trabalhado em nossos computadores.


Os tipos mais comuns de microfones são:

– Microfones dinâmicos: funcionam a partir da movimentação de uma bobina (acoplada a uma membrana) em torno de um ímã. Estes microfones costumam ser bastante resistentes e ter baixa sensibilidade. Ou seja, captam menos vazamentos de fontes sonoras que não desejamos captar, o que explica porque são tão utilizados em eventos de música ao vivo. Apesar disso, também são amplamente utilizados em estúdios. 

– Microfones condensadores: funcionam a partir de duas placas eletricamente carregadas (uma fixa e uma membrana) com um isolante entre elas. Estes microfones são capazes de captar sons de forma natural, limpa e com riqueza de detalhes. Podem ser valvulados ou transistorizados e, para ativar seu circuito eletrônico, geralmente precisam de Phantom Power - uma tensão elétrica de 48V emitida pelo pré-amplificador, pela mesa de som ou pela interface de áudio. Costumam ser muito sensíveis, tanto no que diz respeito à sua construção física, sendo mais frágil que os dinâmicos, quanto na alta sensibilidade que oferecem nas captações sonoras. São muito utilizados em estúdios, mas é bastante comum a utilização de microfones  condensadores também em eventos de música ao vivo. 

– Microfones de fita: funcionam a partir de uma fita de metal muito fina suspensa entre dois ímãs. Estes microfones geralmente são bidirecionais, fornecem um som natural, “macio”, e costumam ser extremamente frágeis e sensíveis, sendo utilizados principalmente em estúdios. 

Além de prestarmos atenção ao tipo de microfone que desejamos utilizar, também é fundamental se atentar ao padrão polar do microfone, que determina como o microfone responde a sons vindos de diferentes direções:

– Omnidirecional: capta sons vindos de todas as direções. São ótimas opções quando queremos captar não apenas o som do instrumento que estamos captando, mas também o som da sala. 

– Bidirecional: captação frontal e traseira. Permitem captar um instrumento na frente e outro atrás do microfone, minimizando os vazamentos que vêem das laterais. 


– Cardioide: captação frontal. São microfones direcionais e que, portanto, nos permitem focar no instrumento que está em frente ao microfone, minimizando os vazamentos que vêem de outras direções. 

Alguns microfones possuem um único padrão polar, outros nos permitem escolher entre diferentes padrões polares. Mas para escolher quais microfones você terá em seu home studio, além do tipo e do padrão polar, ainda é necessário levar outros aspectos em consideração:

– Quais são as características sonoras dos instrumentos que pretende captar? Um microfone pode ser excelente para captar sua voz, mas talvez soe terrível ao captar a voz de outra pessoa. 

– Quais são as características sonoras das salas que irá utilizar? Muitas vezes nos indicarão microfones condensadores devido à qualidade sonora que são capazes de oferecer, porém precisamos lembrar que são extremamente sensíveis e, em ambientes muito ruidosos ou com problemas acústicos, estes microfones talvez não sejam a melhor opção, pois irão captar mais ruídos e evidenciar outros problemas.

– Quanto você terá para investir em microfones? O preço alto nem sempre é um sinal de melhor qualidade para aquilo que precisamos captar. Existem excelentes microfones a preços acessíveis e que cairão como uma luva em nossas produções. O Shure SM57 é um exemplo clássico de microfone versátil, acessível e de boa qualidade. Além disso, às vezes vale mais a pena ter um par de microfones versáteis, que inclusive te permitirão realizar microfonações estéreo, do que um único microfone cuja sonoridade você gosta mais, mas que é muito mais caro. Às vezes a melhor opção para você pode ser exatamente o contrário disso. 

Como sempre sugiro, é preciso considerar cada situação com cuidado e lembrar que nunca vamos conseguir tudo o que queremos de uma só vez, mas podemos nos planejar e construir nosso home studio por etapas, buscando uma qualidade e uma variedade de equipamentos cada vez maiores. 

Podemos buscar conhecer diferentes modelos e características de microfones através de informações disponibilizadas por fabricantes e por profissionais de áudio e produção musical, incluindo as curvas de resposta de frequência, os padrões polares, sugestões de utilização, etc. 

Além disso, podemos ainda buscar lojas, estúdios ou amigos que tenham os microfones que desejamos comprar, para ouvi-los em ação. Boas pesquisas, boas escolhas, boas produções... E até a próxima coluna!
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*Murilo Muraah é Bacharel em Comunicação Social pela FAAP e proprietário da Muraah Produções, onde atua como professor de áudio analógico e digital, produtor musical, compositor de trilhas sonoras e músico. É também supervisor dos cinco estúdios de gravação e mixagem das Fábricas de Cultura das zonas norte e sul de São Paulo além de colaborador da Revista Keyboard Brasil.












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