segunda-feira, 29 de agosto de 2016

POR QUE AS PESSOAS NÃO  SE  INTERESSAM MAIS  POR  MÚSICA?

O NÚMERO DE PESSOAS INTERESSADAS EM APRENDER MÚSICA VEM REDUZINDO DRASTICAMENTE. SERÁ QUE NÃO É HORA DE REVISAR A METODOLOGIA? 

* Por Luiz Carlos Rigo Uhlik 

Você reparou? O número de pessoas interessadas em aprender música vem reduzindo drasticamente nos últimos anos. Interessante, não?

Todas as áreas do conhecimento tem um número cada vez maior de pessoas interessadas nela; entretanto, na área musical está acontecendo ao contrário. Vou ser bem sincero com você. Eu tenho uma pista do que está acontecendo. E a resposta é extremamente simples: O formato do aprendizado musical. As pessoas perdem o interesse pelo aprendizado musical pelo simples fato que ele não atrai, não envolve, não permite o gostinho de “quero mais”!

Nós, que somos ligados à música, sempre valorizamos a necessidade de se envolver e aprender a tocar um Instrumento Musical. Claro! Nós sabemos que Música é tudo! Mas, e as pessoas “comuns”? Por que elas não percebem a necessidade de aprender Música?

Durante muito tempo pesquisei um formato para o aprendizado musical. Eu fui a minha própria experiência. Foram muitas as tentativas de aprender música, de conhecer os detalhes que desvendam o mistério desta arte reveladora. Em vão! Tive que desenvolver a musicalidade sozinho. Ou melhor, aproveitando o que as pessoas tinham de melhor e ouvir, ouvir muito.

Hoje posso, com tranquilidade, dizer: qualquer pessoa pode tocar um instrumento sem nenhuma complicação, sem desespero. Você precisa tocar um instrumento como um músico profissional? Se o seu objetivo é ser um profissional da música, com certeza. Entretanto, se você quer somente se deleitar e compreender melhor a magia da música, não.
O que você precisa é de habilidade musical. O que significa, então, habilidade musical? Habilidade musical significa, além da possibilidade de “tocar de ouvido”, ter destreza na execução das músicas, ter acuidade auditiva suficiente para entendê-la, ter bom senso...

Você precisa tocar o instrumento com tranquilidade, sem a necessidade de partituras, de métodos, de anotações. A destreza, a genialidade, a virtuosidade fica dirigida àquelas pessoas que tem o “dom da música”.

Veja que interessante: dom da música. Não pense que isto é uma coisa específica dos músicos e artistas. Tem gente que tem dom para fazer negócios. Tem pessoas que são hábeis oradores. Outras tem uma destreza incrível para o esporte. Cada um deve descobrir a sua vocação e segui-la.

Entretanto, apesar de não ter o porte físico necessário, posso, tranquilamente, jogar basquete nos finais de semana. Apesar de não ter o preparo e o treino suficientemente apurado, posso jogar xadrez de vez em quando.  Mesmo que não tenha talento natural para a pintura, posso registrar alguns quadros com as peculiaridades daquilo que gosto de pintar.

É assim com a música. Você precisa adentrar no universo musical. Pronto! Só isso! O resto vai depender do virtuosismo, da vocação que poderá, ou não, aflorar em você. Caso não aconteça, caso você perceba que a música não é a sua vocação, nada vai lhe impedir de tocar bem.

Com a tecnologia disponível, com a internet, tocar um instrumento é extremamente fácil. Aliás, para tocar um instrumento você precisa somente do ouvido. Isso mesmo: Ouvido! Se você ouve música, se você ouve as pessoas falarem, ouve os ruídos da poluição sonora, você tem ouvido. 

Ajustar o seu ouvido ao universo musical é o que a grande maioria das pessoas precisa. Mas isso é simples. Entretanto, não se engane. Você não vai aprender música, mesmo que seja para simples deleite, com a sistemática e a estrutura que estão disponíveis hoje no mercado. Esqueça! A grande maioria dos métodos que tive oportunidade de vislumbrar são extrema-mente entediantes. Impedem que você se revele, se encante com a Música.

Muita gente investe, ou investiu, uma grande soma de dinheiro no aprendizado musical. Parece como aqueles cursos de inglês que, na grande maioria dos casos, somente servem para o enriquecimento dos proprietários. Não funciona, você não aprende inglês e, o que é pior, você gasta uma grana incrível. Basta!

Com a música é exatamente a mesma coisa. Só que a música não tem a mesma repercussão que as escolas de inglês têm! O número de pessoas que se interessam por música diminui a cada ano. Eu, que trabalho com fabricantes de instrumentos musicais, desenvolvendo produtos para o mercado, fico me perguntando: “Se ninguém fizer nada, agora, daqui a alguns dias vamos vender instrumentos musicais para quem?” Pense!

Se você já estudou música e não toca nada, me diga: quem errou? Você ou a estrutura de ensino que você escolheu? 

Tenho 100% de certeza de que a estrutura de ensino que você escolheu era “furada”! Pare de dizer que você não tem talento, que você “é uma porta” e não tem musicalidade! As pessoas desistem porque o sistema é falho. Não envolve! Não encanta! Não permite a revelação de que tanto falamos no texto passado.

Portanto, esta é a hora da Reflexão! Precisamos, urgentemente, revisar a metodologia e a dinâmica do aprendizado musical.

Precisamos desenvolver metodologias distintas para aquelas pessoas que querem, simplesmente, se deleitar com a música, para aquelas que, realmente, querem se tornar profissionais. A mesma estrutura aplicada para a mesma intenção não tem dado certo.

Experiência pessoal...

Se tivesse optado por aprender música em conservatório ou em determinados estabelecimentos musicais de Curitiba, cidade onde me lancei como músico, não estaria trabalhando com isso. Teria sido Engenheiro, Médico, Administrador, Funcionário do Banco Central. Todas estas profissões, hoje, tenho como Hobby!

A Música é a minha Profissão, minha Revelação! Melodia, Harmonia e Ritmo! Olha que impressionante! Muita gente boa, que tem influência no meio musical, sempre confunde esses três elementos. Quando alguém não consegue cantar corretamente sempre tem um “expert” que diz:“Ele não pegou o ritmo da música!”  

Meu Deus! Nem diferenciar ritmo de melodia as pessoas conseguem? Seria o mesmo que não saber diferenciar uma bola de um taco... Bola é bola... Taco é taco...

E olha que muita gente boa, que está envolvida no meio musical, muitas vezes confunde estas duas palavras: melodia e ritmo. “Ele não pegou o ritmo da música!” Ou será que foi o Tom? Talvez o Jerry? Pelo amor de Deus! Chega!

Vamos aprender música com simplicidade, como ela é: simples e verdadeira. Depois, mais tarde, quando você se sentir um “expert”, você poderá, tranquilamente, ampliar a habilidade e se tornar um “virtuose”.  Antes disso, vamos para o básico. Música! 

Avante!

______________________
*Amante da música desde o dia da sua concepção, no ano de 1961,Luiz Carlos Rigo Uhlik é especialista de produtos e Consultor em Trade marketing da Yamaha do Brasil., além de colunista nas Revistas Keyboard Brasil e Música & Mercado.






2 comentários:

  1. Amigo Hulik, concordo com você,sou professor de música e comecei a tocar acordeon de ouvido,mais tarde passei para o teclado arranjador e bem mais tarder resolvi estudar música, hoje, toco de ouvido,leio e escrevo partituras.Meu sistema de ensino começa pelo ouvido e se o aluno deseja tocar por partitura deixo a critério dele, hoje tenho somente uma aluna que é pianista consertista formada e conservatório,ela adora meus arranjos que faço de ouvido e após ministrar as aulas de ouvido,escrevo as paratituras.
    Realmente amigo, o pessoal não esta interessado em tocar um instrumento musical,veja que a 2 anos atráz, eu tinha 50 alunos hoje tenho somente um,também estou preocupado,acho que os tempos mudaram,não se ouve mais boas músicas melodicas, não temos mais Tom Jobim,Emilio Santiago, os que estão por aí ainda não lançam mais nada de verdadeira música, é muito triste mesmo, estamos vivendo anos de chumbo

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  2. Amigo Hulik, concordo com você,sou professor de música e comecei a tocar acordeon de ouvido,mais tarde passei para o teclado arranjador e bem mais tarder resolvi estudar música, hoje, toco de ouvido,leio e escrevo partituras.Meu sistema de ensino começa pelo ouvido e se o aluno deseja tocar por partitura deixo a critério dele, hoje tenho somente uma aluna que é pianista consertista formada e conservatório,ela adora meus arranjos que faço de ouvido e após ministrar as aulas de ouvido,escrevo as paratituras.
    Realmente amigo, o pessoal não esta interessado em tocar um instrumento musical,veja que a 2 anos atráz, eu tinha 50 alunos hoje tenho somente um,também estou preocupado,acho que os tempos mudaram,não se ouve mais boas músicas melodicas, não temos mais Tom Jobim,Emilio Santiago, os que estão por aí ainda não lançam mais nada de verdadeira música, é muito triste mesmo, estamos vivendo anos de chumbo

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