segunda-feira, 25 de julho de 2016



MARTHA ARGERICH:  
Retrato de uma pianista quando jovem

DECIDIDAMENTE MARTHA ARGERICH É UMA DAS MAIORES PIANISTAS DE SUA GERAÇÃO, E PODEMOS CONSTATAR QUE ELA JÁ ERA UMA MUSICISTA EXCEPCIONAL AOS 19 ANOS DE IDADE. NAS OBRAS DE MOZART E BEETHOVEN O “HUMOR CLÁSSICO”, CITADO PELO PIANISTA E MUSICÓLOGO CHARLES ROSEN, SURGE DE FORMA CLARA E ESPONTÂNEA. OS MISTÉRIOS DA ESCRITA DE RAVEL SE APROXIMAM DA LOUCURA E DO FRENESI NA VISÃO DA ENTÃO JOVEM PIANISTA, E RARAMENTE IDEIAS MAGICAMENTE ARTICULADAS DE PROKOFIEV FORAM TÃO VALORIZADAS E EVIDENCIADAS. A PIANISTA FEZ ANIVERSÁRIO, MAS QUEM GANHOU O PRESENTE FOMOS NÓS: QUASE CITANDO JAMES JOYCE, UM BELÍSSIMO “RETRATO DE UMA PIANISTA QUANDO JOVEM”.

 * * Por Maestro Osvaldo Colarusso

A grande pianista argentina Martha Argerich completou 75 anos de idade mês passado. Para festejar a data o selo Deutscge Grammophon lançou um CD duplo com gravações teste da pianista efetuadas no ano de 1960, isto é, quando a artista tinha apenas 19 anos de idade, 5 anos antes dela ganhar o Concurso Chopin de Varsóvia. Algumas obras aparecem aqui pela primeira vez numa gravação comercial e com um som excelente!

Entre as obras que Martha Argerich gravaria posteriormente temos duas de Maurice Ravel: Sonatine e Gaspard de la nuit. Em 1974, a pianista gravou estas obras de forma tão arrebatadora que os registros permanecem como referência absoluta até hoje entre as inúmeras gravações que existem destas obras. Mas é muito interessante ouvi-la executando-as 14 anos antes, em 1960. 

Sem dúvida, há uma selvageria e uma impetuosidade que devem ter assustado os executivos da gravadora (talvez a razão destas gravações não terem sido lançadas na época), mas não podemos ignorar a genialidade da então jovem pianista. Sim, há mais controle na gravação de 1974, mas talvez haja mais genialidade nesta gravação que permaneceu inédita por 56 anos.

As obras que nunca apareceram em gravações comerciais da pianista convertem-se em itens absolutamente valiosos. Inicialmente duas obras do classicismo musical, também gravadas em 1960: de Beethoven, a Sonata Nº 7 em Ré maior opus 10 Nº 3 e de Mozart, a Sonata Nº 18 em ré maior IK 576. Versões rápidas, leves e ao mesmo tempo expressivas, sobretudo no andamento lento da Sonata de Beethoven. Do compositor russo Sergei Prokofiev aparecem três obras primas, mais uma vez em gravações inéditas: a Tocatta opus 11 (numa gravação anterior daquela lançada comercialmente), e duas obras nunca antes lançadas comercialmente: a Sonata Nº 3 e a Sonata Nº 7 (a única gravação de 1967 no álbum).

Serviço:
Martha Argerich – Early recordings. 
Obras de Mozart, Beethoven, Ravel e Prokofiev. 
Selo Deutsche Grammophon. 2 Cds. 
Lançamento internacional no último 
dia 16 de maio. Para baixar em mp3 
(com o libreto incluso) no iTunes: U$ 7,99. 
No site Presto Classical 
(http://www.prestoclassical.co.uk/) 
em MP 3 U$ 5,25 e em flac U$ 6,50 
(com libreto incluso nos dois formatos). 
Para quem quer o disco físico é 
encontrável no site brasileiro CD Point 
(www.cdpoint.com.br), e você deverá 
desembolsar R$ 148,39.

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Osvaldo Colarusso é maestro premiado pela Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA). Esteve à frente de grandes orquestras, além de ter atuado com solistas do nível de Mikhail Rudi, Nelson Freire, Vadim Rudenko, Arnaldo Cohen, Arthur Moreira Lima, Gilberto Tinetti, David Garret, Cristian Budu, entre outros. Atualmente, desdobra-se regendo como maestro convidado nas principais orquestras do país e nos principais Festivais de Música, além de desenvolver atividades como professor, produtor, apresentador, blogueiro e colaborador da Revista Keyboard Brasil.

** Texto retirado do Blog Falando de Música, do jornal paranaense Gazeta do Povo.




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