segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016





AMYR CANTUSIO JR.



AUTORIDADE MÁXIMA NO CAMPO DO ROCK PROGRESSIVO E DA MÚSICA ELETRÔNICA,  ELEITO "MELHOR TECLADISTA DO ANO" DUAS VEZES POR REVISTAS ESPECIALIZADAS DO GÊNERO E CO-FUNDADOR DO PRIMEIRO SELO DO ROCK PROGRESSIVO E MÚSICA ELETRÔNICA EXPERIMENTAL DO BRASIL, AMYR CANTUSIO JR., COLABORADOR DA REVISTA KEYBOARD BRASIL, LIDEROU O ALPHA III COM QUEM LANÇOU DIVERSOS ÁLBUNS NO BRASIL E EXTERIOR DURANTE OS ANOS 80 E 90, CONSTRUINDO UMA CARREIRA DE SUCESSO. ESTE MÊS, O MÚSICO SEM PAPAS NA LÍNGUA SOLTA O VERBO NUMA ENTREVISTA EXCLUSIVA.

* Por Heloísa Godoy Fagundes


Nascido em Campinas, interior de São Paulo e filho de imigrante italiano, Amyr Cantusio Jr. iniciou seus estudos de piano e violão aos 5 anos de idade. Formou-se em Música Erudita pela Unicamp e é autodidata em música eletrônica com teclados e estruturas de orquestração, música experimental progressiva kraut rock, canterbury fusion, etc... Tem cursos nas áreas de Psicanálise Integral pela Escola Analítica Existencial do Dr. Victor Frankl em Viena, extensivo em Psicanálise Trilógica ministrado pelo Dr. Norberto Keppe e nas áreas de Musicoterapia, Ocultismo, Meditação e Filosofia Oriental de Teosofia e Yoga. 


Além de músico, Amyr Cantusio Jr. é 
artista plástico de telas de surrealismo 
gótico. Também desenhou a maioria dos 
logos e capas de seus próprios LPs e Cds.


Cantusio Jr. foi crítico musical e colunista do Jornal Diário do Povo de Campinas e em revistas nacionais como a Zen, a Pendulum e a Bons Negócios e internacionais como a Background Maga-zine (Holanda) e Paperlatte (Itália) e na revista germano-brasileira Hard Valhalla. Também foi coordenador de vários projetos musicais, entre eles “Rock Todas as Vertentes” (1986) como assessor da Secretaria de Cultura do Secretário Marco Rocha, na cidade de Campinas. De 2013-2014 trabalhou também na função de assessor do Secretário Ney Carrasco na Secretaria de Cultura da mesma cidade.

Autoridade máxima no campo do rock progressivo e da música eletrônica,  o músico foi co-fundador do primeiro selo do Rock Progressivo e Música Eletrônica Experimental do Brasil em 1984 FAUNUS) e fundador do 2° selo na cidade de Campinas (ALPHA III ARTISTICAL PRODUCTIONS LABEL) em 1985. 

Como artista plástico, desenhou a maioria dos logos e capas de seus próprios LPs e CDs e é pintor de surrealismo gótico, com vários desenhos para capas e telas. Também produziu inúmeras bandas no Brasil e no Exterior, trabalhou na trilha sonora do alemão Holger Kernstein “Jesus Viveu na Índia” (1996) e também criou jingles, spots e trilhas sonoras na Junta de Rádio e Televisão e na Rádio e Televisão Bandeirantes. Em seu currículo consta, ainda, a produção independente de 50 CDs e 7 LPs, desde 1974. 

Amplamente premiado no Brasil e no exterior, Cantusio Jr. recebeu a Medalha Carlos Gomes (Campinas) por representar a cidade em mais de 15 países do mundo com seus discos e foi o primeiro lugar de arranjo e composição do Projeto Guarani. Além disso, foi considerado o melhor tecladista do mundo por três vezes consecutivas: Espanha (com o álbum Ruínas Circulares) 1986; Japão 1986; Canadá (Festival de Música Eletrônica Internacional) com o álbum Seven Spheres, 1991. Melhor tecladista do mundo (Itália selo Mellow Records), 1993. Melhor tecladista do mundo (1996) Green Dolphin 3°. Anual International Critics and Musicians Poll (Latvia/ Escandinávia/ Holanda).

Atualmente, desenvolve com sua esposa, Cathia Cantusio, projetos no Espaço Cultural Lince Negro e no Espaço Flor de Lótus sobre World Music e ritmos árabes e hindus (música oriental) onde toca e ministra aulas de Filosofia Oriental, Teosofia, História da Música e Instrumentação (instrumentos exóticos orientais: daff, derback, flautas, shenai, etc). 


Trabalhos

LPs:
1983 - Mar de Cristal
1986 - Sombras
1987 – Agartha
1988 - Ruínas Circulares
1989 - Temple of Delphos
1989 - The Aleph
1990 - The Seven Spheres

CDs:
1993 - Voyage to Ixtlan
1995 - The Edge
1995 - Acron
1996 - Grimorium Verum
1996 - Oásis
1999 - The Edge of Vortex
2000 - BOOK of Sacred Magik
2001 - Live Destroyer – (Studio)
2001 - Spectro
2002 - Lord of the Abyss
1998 - The Aleph
1999 - New Voyage to Ixtlan
2000 - Seven Spheres
2004 - Ruinas Circulares
2004 - Temple of Delphos
2008 - Mar de Cristal
2008 - Sombras
2008 - Live-Shades of Windows
2010 – Vitória ou a Filha de Adão e Eva (Libreto de Barata Cichetto)
* Ver discografia completa no link do BLOG do músico.

Livros:
- Rock, Filosofia & Ocultismo
- Musicoterapia
- Anjos, As Sentinelas do Universo
- A Era da Escuridão
- A Era da Escuridão II
- A Música Erudita de Todos os Séculos
- Led Zeppelin (Compilação)
- Magia e Ocultismo na Música 
-  Jornada para o Sol.

A seguir, leia a entrevista especial com Amyr Cantusio Jr.

ENTREVISTA

Revista Keyboard Brasil: Amyr, qual a sua formação musical? Sua mãe, sendo professora de piano e canto pela PUCCamp o influenciou? 
Amyr Canusio Jr.: Bem, eu cresci ouvindo os discos 78 RPM de minha mãe, além dela estar sempre tocando piano... nos anos 60 e 70... Depois ela parou. Peças de Schubert, Bach, Liszt, entre outros, me emocionavam aos 6 anos de idade. Comecei a tocar piano lá pelos 11 anos. Eu amo música erudita e piano.

Revista Keyboard Brasil: Você iniciou seus estudos musicais aos 5 anos de idade. Sendo multi-instrumentista, quais instrumentos você sabe tocar? O que você ouvia no ambiente familiar? 
Amyr Canusio Jr.: Comecei com 6 anos violão clássico. Eu era influenciado pela Jovem Guarda, Beatles e rock dos anos 60. Depois, mais ainda nos anos 70, onde já tinha 20 anos e dominava o piano e órgão synths também). Sempre toquei paralelamente flauta, percussão, baixo, guitarra e bateria. Só não sei tocar instrumentos de arco (cello, violino, etc...) As bandas como Led Zeppelin, Van Der Graaf Generator, EL&P, Pink Floyd, Black Sabbath, Genesis, Gentle Giant e Yes eram “devoradas” o dia todo!!! Depois tive acesso ao rock alemão (kraut) mais ousado, eletrônico e experimental (Ammon Duul II, Kraftwerk, Tangerine Dream, Cluster, Klaus Schulze, etc....) Foram muitas e muitas informações e audições!

Revista Keyboard Brasil: Você aprimorou sua técnica sob influência de Frans Liszt. O nome de seu filho é em homenagem a ele (Michael Liszt Cantusio). Sabemos que suas influências musicais são muitas. Pode nos dizer sobre elas? 
Amyr Canusio Jr.: Venho de uma hierarquia mística no piano: Liszt, Anton Rubinstein Rachmaninoff, Magdalena Tagliaferro, Stelinha Epstein, Lucimar  U. Cantusio (minha mãe) e eu. Nesta ordem de Mestre e Discípulo, sou o  sétimo.

Revista Keyboard Brasil: Você foi eleito um dos melhores tecladistas do mundo. Quais os estilos que mais te agradam?
Amyr Canusio Jr.: Erudito (barroco, medieval, renascença, clássico) e a música de vanguarda contemporânea (Glass, Reich, Riley, Stockhausen, Varèse, Schoemberg, etc...). Além, é claro, do Rock (em especial o progressivo e kraut) e o jazz de vanguarda (free-jazz) como os da gravadora alemã ECM. Eu fui citado como músico (tecladista) e com meu projeto (Alpha III) em várias revistas do mundo todo muitas vezes, com prêmios de “melhor tecladista” ou “melhor LP ou projeto”... Isto foi muito gratificante e sacramentou meus discos em revistas como a Marquee (Japão), Mellow Records Itália), e livros de Hans pokora (Reino Unido) e Roger Dean (Yes) entre centenas de sites no planeta.Estou grato  por ter conseguido fazer isto sem a mídia ou produtores, ou mesmo grana!!

Revista Keyboard Brasil: Seu trabalho é reconhecido em várias partes do mundo mas infelizmente, no Brasil, como acontece com tantos outros músicos excelentes, pouca gente o conhece. Fale sobre isso. 
Amyr Canusio Jr.: O Brasil é um país subdesenvolvido na arte, educação e cultura, retrógrado, preconceituoso e averso à cultura de nível elevado intelectual ou espiritualmente. O brasileiro adora modinhas idiotas, mediocridades, letra fácil, música superficial, pornografia, coisinhas engraçadinhas e de fácil entretenimento. Infelizmente é a maioria. Por isto, artistas como eu enfrentam um inferno diário para sobreviver e conseguir um mínimo de espaço ou locais para se apresentar. Lastimável.

Revista Keyboard Brasil: O projeto Alpha III, que abrange rock progressivo, erudito experimental e eletrônico, foi o trabalho que te projetou internacionalmente? Qual ou quais te deram essa projeção internacional?
Amyr Canusio Jr.: Logo após o lança-mento de meu primeiro LP (ALPHA III - Mar de Cristal) misto de New Wave e progressivo, os LPS seguiram para o exterior vias colecionadores! Os primeiros países que gostaram foram Alemanha, Itália, Japão e Estados Unidos. Isto em 1984.Depois foi uma sequência de lançamentos dos LPS nos anos 80 que me deram um prestígio internacional. Mas nos anos 70 o SPECTRO (do qual hoje temos um memorável CD já na segunda prensagem) era um grupo muito Cult e apreciado no Estado de São Paulo.

RKB: Você pinta quadros e desenhou a capa de vários discos seus. De onde busca a inspiração para a pintura?
ACJ: É algo muito pessoal, místico e espiritual como minha música.

RKB: Amyr, você é extremamente culto e possui um grande senso crítico do caos cultural que o Brasil vive atualmente. Poderia nos dizer sobre esse momento vivido no país?  Como anda o incentivo para a realização de seus projetos e apresentações musicais?
ACJ: Muito grato pelo “culto” (risos). Eu realmente sou um fissurado pela informação e cultura. Creio quase no alto dos meus 58 anos, nunca vi uma decadência estúpida, cretina, senil, pornográfica (e não sou moralista) à que o Brasil chegou. E vejo isto como início grave no governo do PT, onde a entrada de um insano analfabeto e idiota (Lula) para comandar um país de 200 milhões de habitantes causou uma ruptura total no ensino, valores culturais e educação. Infelizmente, isto se alastrou e se tornou um tumor maligno, do qual eu acredito, não haverá volta. Não sou otimista. Não acredito em Papai Noel ou milagres obtusos e ignorantes. Acredito que o “que se planta, se colhe”. Ação e reação. Então, teremos uma reação péssima de acordo com os 15 últimos anos de decadência hostil da sociedade como um todo.

RKB:  Da safra atual, quem você gosta de ouvir? 
ACJ: Muita coisa. Gosto muito de Black Metal Sinfônico, Ghotic Rock e bandas de R.I.O (rock in opposition). Coisas como Moonspell, Graveworm, Him, Therion, Corvus Corax, Knorkator, Nightwish, Epica, Within Temptation, After Forever, Dimmu Borgir, Pain, Rammstein, Art Zoyd e afins.

RKB: Lutando contra as limitações do mercado, você em parceria com Luiz Carlos Barata Cichetto (poeta, escritor, produtor de eventos e apresentador de Webradio), estão preparando o lançamento da terceira Opera Rock, intitulada  Madame X. Fale sobre esse trabalho e suas participações.
ACJ: Isto surgiu de uma depressão, do caos e de nossas respectivas reclusões em nossas moradas artísticas, ilhados pela intolerância religiosa, preconceito, imbecilidade e, ao mesmo tempo, de nossas respectivas pesquisas artísticas. Foi baseada num fato psicanalítico real da doença de Cotard onde o paciente se vê como um Zumbi. Daí que o tema é atual, macabro, forte e interessante. Me deu atmosfera para compor tudo. O Barata desenterrou o tema e escreveu o libreto, sobre o qual fui montando as músicas. As participações são da cantora Liz Franco e do ilustre amigo desenhista/músico Edgar Franco, além de algumas inserções como Adilson (guitarras) etc... A capa e arte feita pela Nua Estrela reflete exatamente o tema. As narrações e vocais estão a cargo variado (meu, Barata, Liz e Edgar) Eu gravei todos instrumentos e orquestrações.

RKB: Fale da sua paixão e seu envolvimento com a dança, seus projetos holísticos e a filosofia oriental. 
ACJ: Eu sou um agnóstico. Estudei Zen Budismo, a Bhakti Yoga, karma yoga, Samkya Yoga. Pratiquei, também, artes marciais e meditação Zen. Estudei a música dos Mosteiros da China, Egito, Afeganistão, Índia, Arábia Saudita, entre outros, além das músicas de Pitágoras, Hermes e Templárias (Arqueômetro). Ministrei aulas de Musicoterapia por 30 anos. Como tenho uma formação dupla (música e psicanálise) uni tudo. Trabalhei em Espaços Orientais como Solarium, Shamballah, Shantidan, Anahata, Lince Negro e agora Flor de Lótus. Fiz milhares de palestras e vivências, workshops.

RKB:  Fale sobre seu lado místico. 
ACJ: A base de meu estudo está no VEDAS (Índia 5.000 a.C.), Budismo e Zen Budismo, Ocultismo e Magia (Crowley, Grimoriums, Kabballah, etc...) e participei de Ordens como Sociedade Teosófica (Blavatsky), Draconiana, Templária, Quarto Caminho (Sufi) e fui um adepto muito profundo da escola Ashram de Swami Prabhupada (hare Krishna, Vedas, Índia) entre outros estudos na área. Minha literatura é inspirada em Goethe, Dante, Milton, Crowley, Castañeda, Poe, Lovecraft, Papinni, Guy de Maupassant e muitos outros.

RKBl:  Para finalizarmos nossa entrevista, o que você gostaria de dizer aos nossos leitores?  
ACJ: Abrirem a mente... Estamos no século XXI e não saímos da mente arcaica medieval e preconceituosa, da religião castradora e insana, das guerras por preconceitos e idiotices, do culto às “bugigangas”. Acreditar no que não existe e nunca existiu como fuga da realidade é um dos piores pesadelos da humanidade, que a mantém escrava de deuses inexistentes e tormentos sem fim. Voar, ouvir e selecionar peças de arte de nível.

RKB: Muito obrigada pela entrevista e por sua grandiosa colaboração em nossa Revista Keyboard Brasil.
ACJ: Eu que agradeço e desejo à todos leitores que desfrutem de toda esta revista que preza pela educação e formas de levar conhecimento de nível a outros setores da sociedade. Obrigado e uma ótima passagem de ciclo solar a todos!




Saiba mais sobre Amyr Cantusio Jr.: 


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* Heloísa Godoy Fagundes é movida à música, pesquisadora e ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas, já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 












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