terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

ANDRE YOUSSEF

O blues man da cena paulistana


PIANISTA, ORGANISTA, ARRANJADOR, COMPOSITOR E CANTOR PAULISTANO. EM 23 ANOS DE CARREIRA, YOUSSEF ATUOU COMO TECLADISTA DE INÚMEROS ARTISTAS E EM VÁRIAS BANDAS, PASSANDO PELO POP, ROCK, BLUES, SOUL E MÚSICA BRASILEIRA. É COM ELE NOSSA MATÉRIA DE CAPA E ENTREVISTA EXCLUSIVA!



* Por Heloísa Godoy Fagundes


Corre música nas veias de André Youssef... Mais precisamente Blues. Na estrada desde os 17 anos de idade, o músico se destaca pelo estilo tradicional de tocar teclado com grande acentuação e linguagem Blues. Possui uma versatilidade imensa unindo a energia do Rock'n'Roll, balanço brasileiro, improviso do Jazz e o vocabulário da música Pop. Tem como principais sonoridades o piano acústico, o órgão hammond e pianos elétricos antigos. Além de tocar um pouco de acordeon, violão, guitarra, gaita e percussão. 


Dentre as influências musicais estão Ray Charles, The Beatles, Louis Armstrong, BB King, James Brown, Rolling Stones, Johnny Cash, Elton John, Eric Clapton, James Taylor, Willie Nelson, Mark Knoplfer, Tim Maia, Wilson Simonal, Jorge Benjor e Luiz Gonzaga. Quanto às influências no instrumento, destacam-se Billy Preston, Dr. John, Jimmy Smith, César Camargo Mariano, entre outros. Além de fazer parte do Tritono Blues e da banda de Nasi, vocalista do Ira!, André Youssef é requisitado constantemente para participações especiais em shows e gravações de várias bandas e artistas. 

A música em sua vida...

Da esquerda para a direita: André tocando órgão aos 11 anos de idade, em 1987 (arquivo pessoal). Com a cantora americana Jai Malano & Igor Prado Band em 2015 (crédito: Carla Sagula). Acompanhando a cantora de Chicago Big Time Sarah em 2006 (arquivo pessoal). Com o cantor JJ Jackson em 2014 (arquivo pessoal). Foto de divulgação do projeto Sympathy for The Blues em 2013 (crédito: Fernando Velozo).


Aos 7 anos André Youssef começou sua iniciação musical no CLAM (Centro Livre de Aprendizagem Musical), Escola de Música do Zimbo Trio, pioneira no Brasil. Estudou órgão dos 8 aos 15 anos e piano até os 18. Desde os 17 anos toca profissionalmente, destacando-se no cenário do Blues ao fazer parte de várias bandas: Osstreiros in blues, Derivados do Blues, a atual Tritono Blues além de acompanhar nomes importantes do gênero como Blue Jeans, Igor Prado Band, Nuno Mindelis, J.J. Jackson, André Christovam, Sérgio Duarte, Vasco Faé, Flavio Guimarães, Nasi e os irmãos do Blues, entre outros.

Ao lado da Igor Prado Band acompanhou diversos artistas internacionais como as cantoras Jamie Wood, Tia Carroll, Jai Malano e Whitney Shay, o guitarrista de Chicago James Wheeler e Curtis Salgado, eleito em 2010 o melhor cantor de Soul-Blues americano. Em 2007 participou da gravação do álbum de estreia intitulado Upsidown, do guitarrista Igor Prado, considerado o oitavo melhor disco de Blues do ano pela revista canadense Real Blues. Nesse disco, dividiu faixas com os americanos Steve Guyger, RJ Mischo, JJ Jackson e Greg Wilson.

Ao lado do Blue Jeans fez shows com a cantora de chicago Big Time Sarah, com os guitarristas Andreas Kisser (Sepultura), Luiz Carlini (Tutti-Frutti), Celso Blues Boy e com o trombonista Bocato. Em 2011 acompanhou o guitarrista de Chicago Carlos Johnson em uma pequena turnê em São Paulo. Nesse mesmo ano fez uma turnê com o “Blueseiros do Brasil”, um projeto idealizado por Vasco Faé, que reúne um seleto time de artistas do Blues nacional. Em 2014 se apresentou com a cantora Carlise Guy (filha de Buddy Guy). 

Participou de shows dentro da programação da Virada Cultural na cidade de São Paulo (2008 a 2011), sendo que neste último fez uma apresentação solo no palco “Piano na Praça” interpretando Ray Charles. Tocou na maior feira de música da América Latina, a ExpoMusic, nos anos de 2005, 2006 e 2012. Em 2013, ao lado das bandas Tritono Blues e Montana Blues, integrou e fez a direção musical do projeto ‘‘Sympathy For The Blues’’ com músicas dos Rolling Stones em versões exclusivas com a linguagem Blues.


TRITONO no SESC Vila Mariana - São Paulo
Lançamento do CD "Mojito do Bom"


A banda de Nasi...

Foto de divulgação do 
DVD Nasi Vivo Na Cena em  2009 
(crédito: Rui Mendes).

Desde 2008 faz parte da banda do cantor Nasi (integrante fundador do Ira!, umas das mais importantes bandas do rock paulistano dos anos 80). Dentre os eventos mais significativos ao lado de Nasi estão aberturas de shows internacionais como AC/DC no Estádio do Morumbi em 2009 e Echo And The Bunnymen no Via Funchal em 2008. Shows como o de homenagem ao Raul Seixas na Virada Cultural em São Paulo e o show de Aniversário de 10 anos da Rádio Kiss FM em 2011 com Frejat, Roger (Ultraje a Rigor), Marcelo Nova, Cachorro Grande e Ronaldo e os Impedidos. Além de inúmeros programas de TV. Em 2009 se envolveu na concepção e na gravação do DVD em estúdio “NASI Vivo Na Cena”, que teve a produção de Roy Cicala, engenheiro de som americano que gravou todos os discos de John Lennon, além de Jimmy Hendrix, Frank Sinatra, Aerosmith, Tom Jobim, entre outros. Como consequência, este disco foi indicado ao Grammy Latino 2010 como melhor álbum de rock brasileiro. Em 2012 entrou novamente em estúdio para gravar o disco “Perigoso”, lançado pela gravadora TRAMA. Os shows de lançamento contaram com a participação de Erasmo Carlos. Em 2015 gravou o terceiro trabalho de Nasi, o DVD/CD “Egbé”, gravado ao vivo no Audio Arena, no Estádio do Morumbi, e exibido pelo Canal Brasil. Contou com a participação especial de Renato Teixeira. 

André Youssef nos teclados 
e Nasi no volcal.

Geração 80...

Show Geração 80 com 
Kiko Zambianchi, Ritchie e 
Mingau (Ultrage a Rigor) 
(arquivo pessoal).

Youssef participa constantemente do projeto Geração 80, que reúne artistas do Rock Nacional da década de 80. Faz diversos shows com Marcelo Nova (Camisa de Venus), Kid Vinil, Nasi (IRA!), Kiko Zambian-chi, Roger (Ultrage a Rigor), Frejat (Barão Vermelho), George Israel (Kid Abelha), Leo Maia (Filho de Tim Maia), Ritchie, Toni Garrido (Cidade Negra), Paulo Miklos (Titãs), Marcelo Bonfá (Legião Urbana), Charles Gavin (Titãs), Afonso Nigro (Dominó), Thedy Correa (Nenhum de Nós), Milton Guedes, Mauricio Gasperini, Willie e Gel (Rádio Taxi), entre outros.

Show de 10 anos da Kiss FM 
- 14/07/2011

Tritono Blues...

Foto de divulgação do 
projeto: TRITONO
BLUES PLAYS RAY CHARLES – 
formação em Octeto (crédito: 
Rogério Borges).

Membro fundador desde 2007 do Tritono Blues ao lado do cantor Bruno Sant'Anna, do gaitista André Carlini e mais recentemente do baixista Edu Malta, a banda realiza apresentações nas melhores casas de shows de São Paulo, em hotéis, além do circuito SESC e eventos corporativos de várias empresas. Participa de diversos programas de Rádio e TV. Lançou o CD Groovin' (2008) e o álbum autoral Mojito do bom (2013), que contou com o requisitado e ganhador de vários Grammys Luis Paulo Serafim, engenheiro de som de nomes como Roberto Carlos, Daniela Mercury, Djavan, Cesar Camargo Mariano, entre outros. Para este ano, a banda lança seu terceiro álbum, Tritono Blues Plays Ray Charles. Todos pela gravadora Movieplay. Com o Tritono Blues, André Youssef aprimorou a técnica de executar os baixos do piano na mão esquerda, simultaneamente a harmonia e solos na mão direita. Leia a entrevista a seguir.


Tritono Blues se apresentando ao vivo 
no Estúdio Trama. Música: Groovin.
ENTREVISTA
Revista Keyboard Brasil – Quais são suas influências musicais? Como decidiu seguir o caminho do Blues?
André Youssef: Meu pai ouvia muita música clássica, italiana, francesa, mas também Beatles, Elvis, Cat Stevens, Neil Diamon, Ray Charles, Rod Stewart, etc... Essa foi a primeira influência na minha infância na década de 80. Comecei a me interessar pelo rock dos anos 60, mas ao contrário de alguns amigos, ao invés de partir para o rock setentista, mais pesado, etc, eu fui atrás das raízes, e me apaixonei por Little Richard, Chuck Berry e Jerry Lee Lewis.  Por volta dos 10 anos, tive uma professora, que me passava exercícios de progressões 1°, 4° e 5°, e eu sempre pedia para repetí-los até esgotar suas possibilidades com inúmeras variações, ritmos, tonalidades, etc... Inconscientemente eu estava aprendendo os fundamentos do Blues. Com 14 anos comecei a entender o que realmente era o Blues, e o meu primeiro disco desse estilo foi o Harp Attack, quatro grandes gaitistas acompanhados por um pianista: Lucky Peterson. Aí não parei mais, descobri Pinetop Perkins, Dr. John, Charles Brown, os guitarristas BB King, Stevie Ray Vaughan, Eric Clapton, Buddy Guy, etc..  No início da década de 90 eu era um tecladista que queria tocar numa banda. As “bandas de garagem” dessa época tocavam Rock dos anos 80. Então, foi assim que eu comecei. Somente em 95 fui convidado a tocar numa banda de Blues. Peguei uma fase legal com vários locais na cidade para se tocar Blues, casas como o Blue Night e o Bourbon Street acabavam de ser inaugura-das. Então foi um caminho natural para mim, mas não sou fechado, tenho um gosto bastante amplo, aprecio boa música.


Revista Keyboard Brasil – Atualmente, o Blues tornou-se novamente muito apreciado no Brasil. Citando apenas alguns expoentes, temos você, o Adriano Grineberg, o Luciano Leães, o Big Chico, enfim... Acredita que o estilo tende a crescer mais? Por que? 
André Youssef: Na minha opinião não vivemos uma época muito favorável para música de qualidade em geral, principalmente aqui no Brasil. Em se tratando de mainstream, há mais de 30 anos o espaço para boa música vem numa descida, infelizmente... Mas a evolução digital e a rápida difusão do conhecimento possibilitam as pessoas a terem acesso ao Blues, ao Jazz, à música clássica, e tantos outros estilos musicais... Olhando por esse prisma, eu acredito que o Blues crescerá cada vez mais. Toco constantemente com a minha banda Tritono Blues em eventos corporativos e sociais, onde introduzimos esse estilo e suas vertentes para as pessoas. Quando elas entendem que o Blues é a raiz de quase tudo o que ouvimos na música ocidental, se surpreendem e passam a se interessar mais. Bem resumidamente: O Blues teve um filho, o Rock que depois teve as suas inúmeras variações. O outro filho foi o Soul e, na sequência o Funk, representado por James Brown, sem ele não teríamos Michael Jackson, o rei do Pop. Não teríamos Beyoncé, etc... Portanto, está tudo ligado.
Revista Keyboard Brasil – Jimi Hendrix disse uma vez: “O Blues é fácil de tocar, mas é difícil de sentir”. Você concorda?  
André Youssef: Concordo em partes. O Blues tem a estrutura harmônica muito simples, e fácil de entender. Como eu disse anteriormente, são 3 acordes, distribuídos em 12 compassos (em sua grande maioria). Muitos músicos costumam dizer: “Blues é fácil, são só 3 acordes”. Porém, não basta conhecer somente essa estrutura, existe a linguagem, que foi desenvolvida ao longo do tempo. A melodia é muito importante, trazida dos cânticos spiritual, foi evoluindo na maneira dos negros cantarem, depois migrada para os instrumentos como o violão, o piano e depois a gaita e a guitarra. E é nessa química que entra o sentimento, a emoção. Sem esses ingredientes, fica impossível de tocar o Blues.  

Revista Keyboard Brasil – Além de tocar com muitos artistas e bandas de Blues, você acompanha muitos outros estilos diferentes. Como isso influencia na sua música? De que forma isso é dosado na hora em que você, como integrante do Tritono, desenvolve novas músicas?
André Youssef: Fora do Blues, toquei com bandas que tinham o repertório voltado para o Rock e o Pop. Algumas mais focadas nos anos 80, outras mais na linha do Classic Rock das décadas de 60 a 90. Algumas com trabalhos autorais em português, tive experiências com o Jazz tradicional, com a Bossa Nova e Chorinho. A música é uma só, como eu disse, está tudo ligado. Amo Jazz, ele traz o improviso, a eterna aprendizagem. Amo Rock'n'Roll dos anos 50 e 60. Gosto das produções e arranjos dos anos 80. Adoro samba, caras como Paulinho da Viola, Cartola e Vinícius são eternas inspirações. Tim Maia, Simonal e Luis Gonzaga são outros gênios da nossa música. Pode soar estranho o que vou falar, mas vejo “Blues” nesses caras. Trago comigo todas essas influências, principalmente para o Tritono, seja na escolha do repertório, seja para novas composições.

Revista Keyboard Brasil – Hoje, quem são os blueseiros que fazem a sua cabeça no cenário mundial?
André Youssef: Eu continuo ouvindo os mestres consagrados do Blues, e sempre descobrindo outros nomes. Não é exata-mente Blues, mas Amy Winehouse sem dúvida foi uma das grandes revelações que trouxe elementos Blues e Soul para o mainstream da música. Na cena Blues atual, gosto do Keb'Mo, ele consegue trazer uma atualidade para as músicas sem perder a essência do Blues tradicional. Hoje, tem alguns guitarristas novos que estão se destacando na cena americana, mas sinceramente, não tem nada de novo no que eles estão fazendo. O que fazer depois de B.B. King, Hendrix e Clapton?

Revista Keyboard Brasil – E o Blues nacional? Quais são os grandes ícones na sua opinião?
André Youssef: Começando com as teclas temos o Ari Borger, pioneiro no Boogie Woogie aqui no Brasil. O organista Flávio Naves. O showman Adriano Grineberg e Luciano Leães com o seu estilo New Orleans. Na guitarra, Nuno Mindelis conseguiu uma notoriedade bem legal. Mas o grande destaque na minha opinião, é o guitarrista Igor Prado, que está conquistando o mundo. O seu mais recente CD foi indicado ao Blues Music Awards, comparável ao oscar do Blues mundial. Fico honrado quando sou convidado a participar de seus shows.

RKB –  Quais seriam os 5 CDs de Blues que você levaria para uma “ilha deserta”? 
AY: Posso citar 6 ? (risos...)
1. James Cotton, Junior Wells, Carey Bell, Billy Branch – Harp Attack!
2.  B.B. King – Live at Apollo
3.  Lou Rawls – Tobacco Road
4.  Big Joe Turner – The Definitive Black & Blue Sesions – Texas Style
5.  Miles Davis –Kind of Blue
6. Ray Charles – Modern Sounds in Country and Western Music

RKB – De que forma você vê a fusão do Blues com alguns outros ritmos, como vários artistas clássicos e contemporâneos têm praticado de uma forma cada vez mais constante?
AY: Eu sou completamente a favor dessa fusão. Tudo é uma questão de abordagem, de bom gosto, de conceito e justificativa para tal mistura. O Blues nasceu no sul dos EUA no final do século XIX, e na sequência nasceu o Jazz. Desde essa época iniciou-se essa fusão, ritmos vindos da Europa, da música country, da música cubana, etc... Nos anos 50 o Blues influenciou o nascimento do Rock, em contrapartida o próprio Rock dos anos 60 com suas guitarras distorcidas influenciou o Blues. No final dos anos 70 o Blues foi influenciado pela Disco Music, caras como BB King, Freddy King e Junior Wells lançaram álbuns super dançantes maravilhosos, com direito a naipe de metais, fender rhodes, etc... No Brasil, vários artistas trouxeram o Blues para sua música. Jackson do Pandeiro foi um dos primeiros a misturar o Swing americano com o Samba (Chiclete com Banana). Wilson Simonal, Jorge Bem e Tim Maia também usaram essa mistura. O estilo Samba-Rock é a prova disso. Alceu Valença e Raul Seixas misturaram o Blues com o Forró. Raul cantou: “Let me sing my Blues and go”, Cazuza compôs alguns Blues em português, e por aí vai...  

RKB – Você possui projetos paralelos ao Tritono. Como ingressou na banda do Nasi?
AY: O Tritono é a minha banda do coração onde me realizo em todos os sentidos: musicalmente, profissionalmente, empresarialmente, artisticamente, etc... Mas sempre tive a necessidade de tocar com músicos e artistas diferentes, para absorver as novas experiências, evoluir musicalmente, profissionalmente, ouvir histórias dos mais velhos. Sempre gostei de trabalhar como músico sideman. Para variar, o Blues me levou até o Nasi (risos). Além do IRA!, o Nasi desenvolveu uma carreira paralela: Nasi e os irmãos do Blues. Um big band que ele formou no início dos anos 90 com a nata dos músicos de Blues da cena paulistana. Com o final do IRA! em 2007, Nasi resolveu transformar a sua carreira paralela em trabalho solo principal, onde tocaria alguns sucessos do IRA!, Blues e outras coisas. Para os teclados, Nasi chamou o seu braço-direito e multi-instrumentista Johnny Boy, que havia sido seu tecladista tanto em sua carreira paralela quanto no IRA!, mas ele declinou, por causa de um outro trabalho. O amigo Adriano Grineberg, que era o tecladista da fase final do IRA! também foi convidado para assumir o cargo, mas também declinou por causa de outros trabalhos. Então, indicou o meu nome. Para esta nova fase, Nasi chamou para assumir a bateria Junior Moreno, da extinta Blue Jeans, banda muito conhecida no cenário Blues brasileiro. Como eu já havia feito vários shows com o Blue Jeans, Junior Moreno também falou no meu nome para o Nasi. Ao chegar no ensaio, já rolou uma empatia logo de cara e permaneci na banda até hoje. Viajei pelos quatro cantos do Brasil, aprendi muita coisa dentro e fora dos palcos.

RKB – Sobre o projeto Geração 80, acredita que esteja faltando algo para a música brasileira atual comparando com o que tivemos na década de 80, por isso esse saudosismo?  Qual seu ponto de vista? 
AY: Vivemos numa realidade diferente dos anos 80. Naquela época, com abertura política, havia uma necessidade de dar voz aos jovens, então as gravadoras investiram nas “bandas de garagem” que traziam uma nova atitude, tanto na música, quanto nas letras, como no comportamento. Isso foi até o final dos anos 80. Com a mudança do governo, o foco mudou, o dinheiro começou a ser mais importante e não mais o lado artístico. Vieram o Sertanejo, o Pagode e o Axé. É só lembrar o que aconteceu nos anos 90. Então, respondendo a pergunta, temos muitos talentos aqui no Brasil, o que está faltando é dar oportunidade para as pessoas ouvirem de tudo, e não só esses estilos que citei acima. Esse projeto ‘‘Anos 80’’ é sempre bem vindo para o público dessa geração, que quer rever no palco esses artistas e ouvir os sucessos dessa época. É um prazer poder tocar e ouvir as histórias desses ícones, que eu curtia quando criança.

RKB – Sobre o seu set, para a gravação dos CDs, quais equipamentos você utilizou? E nos shows, quais utiliza?
AY: Para a gravação do CD do Ray Charles, utilizei um piano acústico de cauda Yamaha, um órgão Hammond B3, com uma caixa Leslie, um piano elétrico Fender Rhodes Mark 1 e um acordeon scandalli 80 baixos. Para os shows, nem sempre é possível utilizar os instrumentos acima. Às vezes, em alguma casa de shows tem um piano acústico, um órgão ou ep. Mas o meu set principal é um Yamaha CP-33 para os pianos e um Hammond SK-1. Atualmente tenho o apoio da Hammond Brasil. Tenho orgulho de fazer parte deste seleto quadro de artistas que representam este órgão lendário aqui no Brasil. Um abraço para o Wagner Carneiro da Hosmil.

RKB – Quero agradecer pela entrevista concedida e desejar muito sucesso!  
AY: Quero agradecer a todos da Revista pela oportunidade desta matéria e entrevista, em particular a Heloísa pelo convite e ao amigo Mateus Schanoski. 


Tocando Hammond na gravação do DVD 
EGBE de Nasi em 2015 (arquivo pessoal). 

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* Heloísa Godoy Fagundes é pesquisadora, ghost Writer, há 10 anos no mercado musical de revistas. Já trabalhou na extinta Revista Weril e agora é publisher e uma das idealizadoras da Revista Keyboard Brasil - publicação digital pioneira no Brasil e gratuita voltada à música e aos instrumentos de teclas. 




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